sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Putin que os pariu!

O Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, anunciou ontem que está em vigor, desde as 00:00 horas, um cessar-fogo entre as forças leais a Bashar al-Assad e a oposição armada ao regime, naquilo que pode ser o início do fim da guerra na Síria. Quase 6 anos após o seu início, mais de 250 mil mortos e milhões de refugiados depois, surge agora uma nova esperança para pôr termo ao conflito.
Sim, senhora, tudo muito bonito. Já não era sem tempo. No entanto, não consigo deixar de olhar para tudo isto como uma grande tramoia para nos lixar. Como assim, Lápis? Estás mais doido ainda que o costume? Não, não! Estou tão certinho dos miolos como o Zé Maria do "Big Brother". Ora acompanhem o meu raciocínio, mas só de patins. A velocidade é alta.
Quem é que começa a exercer funções como secretário-geral da ONU já a partir de Domingo? Certo, o nosso António Guterres. E o que é que o nosso Toni definiu como prioridade no seu mandato? Pois foi, pois foi. O fim da guerra na Síria. O que é que isto significa! Não, caraças! Não quer dizer que ele já pode apanhar uma valente piela para festejar e telefonar depois à Angelina Jolie a dizer-lhe que gostava de aPittar toda a noite. Significa, isso sim, que o homem não tem nada para fazer já no início do mandato! Ora bem, o Guterres vai andar bastante desocupado nos próximos tempos, vai poder pôr os pés em cima da secretária enquanto faz ceninhas com as fotos no Snapchat e coçar o cu por esquinas com bastante afinco. Daí até dizerem que ele é um calantrão de primeira, que não faz nada e não sei quê, vai um pequeno passo. Já a ligação que farão da sua vida desocupada à vida de todos os portugueses no geral será mais rápida que o atear de um fogo florestal por um pirómano.
O que é que sucede depois? Isto chega aos ouvidos da Merkel, começa outra vez aquela conversa que temos é de trabalhar e que temos demasiados licenciados, a schwein larga a correr para Bruxelas para contar tudo ao Jumcker e no ano que está prestes a começar lá vêm mais recomendações de medidas de austeridade e o camandro! Eu já estou a ver o filme todo, pá! Ainda nem começou e 2017 já está a moer-nos o juízo!
Por isso, a mim não me enganam! Seis anos para terminar uma guerra e vão fazê-lo mesmo nas vésperas de um tuga começar a mostrar serviço? Pfff! Vão lá conspirar para a Putin que os pariu!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Eu me confesso desconfiado

Inspirado no jogo para telemóvel mais descarregado do ano que está prestes a findar, um padre espanhol desenvolveu uma aplicação que permite aos seus utilizadores localizarem através de GPS o confessionário mais próximo e assim poderem confessar os seus pecados a um sacerdote católico, sempre predisposto a ouvir os pecadores arrependidos. A aplicação chama-se Confessor Go! e está disponível nas plataformas habituais.
Se os jogadores de Pokémon Go! são desafiados a abrir e a atirar pokébolas virtuais para apanhar pokémons, os utilizadores do Confessor Go! podem muito bem ser apanhados e abrir o que não querem no confessionário.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Deixa alguns para o ano, pá!

O ano de 2016 continua a ser nefasto para as grandes estrelas da música internacional. À já longa lista de malogrados cantores durante este ano junta-se agora George Michael, de 53 anos. Não deixa de ser tristemente irónico o facto do autor de "Last Christmas" ter falecido exactamente no dia de Natal.
Como ainda não se conhecem as causas da morte do artista inglês de origem grega, abre-se uma janela de oportunidade para malta armada em engraçadinha dizer que tudo isto pode dever-se à constatação do mal que a canção natalícia por si criada fez aos tímpanos de milhões de pessoas ao longo dos anos e que, por conseguinte, o desgosto tenha sido fatal para George Michael.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O Lápis de Natal

Bom, meus amigos, leitores e fãs do Tony Carreira, quero dizer-vos que este post só vê a luz do dia (ou do ecrã do computador) devido á pressão insuportável que se sente nesta altura do ano. É que as alusões à quadra são tantas, tantas, tantas que uma pessoa sente-se quase um extraterrestre (ainda mais?? Como assim, pá?!) se não escrever duas linhas sobre o Natal. É o que dá viver numa sociedade sob influência dos princípios cristãos. Bem, há coisas piores. Podia viver numa sociedade sob influência de princípios de outra religião e sujeitava-me a ver entrar uma bomba de hidrogénio pela marquise dentro, o que era chato. De certeza que nesta altura do ano não haveria ninguém disponível para concertar o estrago.
A véspera de Natal é amanhã, mas eu sinto que é Natal para aí há mês e meio. Ele é as campanhas das lojas, ele é os anúncios na televisão, rádio, Internet e código Morse, ele é os jantares, ele é os calendários do Advento, ele é os presépios... E isto desde o início de Novembro, caraças! Tenho a impressão que, mais ano, menos ano, a expressão "Natal é quando um  homem quiser" vai ser levada ao extremo e o nascimento de Jesus vai começar a ser comemorado por alturas do Santo António. E até nem será assim tão descabido, já que o santo com o penteado mais estranho da caderneta católica aparece representado com o menino ao colo. Ah, ó Lápis, mas aquele não é o menino Jesus! Ai, não? Ah, quer dizer, o Natal pode ser quando a malta muito bem entender, mas o menino Jesus não pode ser quem eu quiser! Ide-vos estampar contra um boneco de neve!
Só por causa das tosses, a Consoada para mim é já daqui a uma hora! E mais: a seguir, vou pôr-me a desembrulhar as prendas todas que encontrar pelo caminho, sejam para mim ou não! Depois espero pelo Pai Natal, que ele ficou de vir aqui beber um Grant's antes de começar a distribuição que diz que vai fazer, mas que fica sempre a meio.
Quanto a vocês, as minhas recomendações são as seguintes: não comam muitas porcarias. Senão, vão amargar de boca daqui até ao Carnaval com o vosso novo look "mamute". Não façam aquele sorriso amarelo quando receberem as peúgas da tia que tem aquele casaco a cheirar a naftalina. Deitem-nas logo para a lareira para ela perceber que vocês não gostaram e não repetir a gracinha para o ano. E não entupam o ecoponto com papel de embrulho. Se forem aproveitadinhos, têm aí papel higiénico até ao Natal do ano que vem, ou seja, até Junho. Feliz Natal ou lá o que é! Vou ver o "Sozinho em Casa"!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Vozes materializadas

Preciso da vossa ajuda. Não é a melhor forma de começar um post, mas a urgência justifica toda e qualquer acção que possa ser interpretada como má educação. Oiçam isto, se fazem favor. Não voltem aqui sem tirarem as vossas conclusões imediatas do que compõe a parte audível do anúncio. Demorem o tempo que for necessário para elaborar a vossa análise concisa e bem fundamentada porque ela poderá ser de grande importância num futuro próximo. Vá, vão lá. Eu espero.
Já está? Muito bem. Digam-me lá então: fui só eu que senti o cu fortemente apalpado pela voz deste jagunço? Fui só eu que vi uma grande mão a dirigir-se a mim quando o meu cérebro assimilou este tom de voz insinuante e extremamente porcalhão? Fui só eu que achei que este taradão estava capaz de pôr a marchar tudo o que lhe aparecesse à frente, incluindo idosas desdentadas, homens entravados e preguiças da Amazónia com displasia de anca?
Se estiverem de acordo, estou em condições de avançar para a fundação de uma associação que defenda os direitos das pessoas lesadas por este tipo de anúncios badalhocos. Chamar-lhe-emos AVESPA, a Associação dos Violentados, Estrafegados e Sodomizados pela Publicidade Abusadora! Temos de nos defender deste perigo para a sociedade que representam os voz-off que se esticam mais que o metro e AVESPA é a solução. Quem estiver de acordo que enrole o punho e saque um cavalo!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A mania de levar tudo à letra

Viver no meio rural pode ser absolutamente fantástico. É respirar o ar puro proveniente do arvoredo, é sentir o perfume das flores campestres, é escutar o pipilar dos passarinhos e o coaxar das rãs, é cagar um pé todo em merda de cavalo, ovelha ou porco, na eventualidade de andar distraído a apreciar as maravilhas do campo. Ah, vale mesmo a pena, acreditem.
Contudo, também existem pontos menos positivos. Por estarem mais longe dos locais onde se podem abastecer de bens de primeira necessidade, os habitantes destes meios acabam por ter maior dificuldade em adquiri-los. É neste contexto que surgem os vendedores ambulantes, vendo aqui a sua oportunidade de negócio. Padeiros, fruteiros, traficantes de droga e ar... ah, desculpem, too much information... Uh... Onde é que eu ia? Ah, sim... Todos acorrem às pequenas aldeias e lugarejos para suprir as necessidades que a população apresenta.
Um dos negociantes mais apreciados da aldeia onde vivo é o peixeiro. Rapaz educado, bem falante e despachado, o vendedor é acarinhado não só pela sua personalidade, mas também pelo que tem para oferecer aos seus clientes. Peixe fresquinho, que ele próprio escolhe na lota de Peniche, capaz de fazer os encantos até do mais guloso dos fãs de peixe-picanha e peixe-courato. Como se já não bastassem estes factos, tem ainda uma característica especial: é extremamente solícito. Tão solícito que não é capaz de se negar a parar a sua viatura fora dos locais habituais de venda quando se encontra em deslocação entre eles. Se um qualquer cliente lhe faz sinal para abrandar a marcha, pois claro está que o nosso amigo pára de imediato.
Eu próprio já tive oportunidade de testemunhar um desses exemplos de prestabilidade do senhor. Um destes dias, um dos fregueses do costume faltou à chamada do sonoro apito da carrinha numa das suas paragens habituais e já só conseguiu apanhá-lo numa outra rua mais afastada, sendo obrigado a correr a distância que os separava em modo Usain Bolt coxo. Ao ver a carrinha do vendedor, levantou o braço, dando a indicação que pretendia que este parasse. Como era expectável, o pedido foi prontamente aceite. A carrinha afrouxou até se imobilizar. Do seu interior, salta o sorridente peixeiro e exclama:
- Hoje atrasou-se, vizinho! Quase que não me apanhava!
O cliente prontificou-se a responder:
- Pois foi! Desculpe lá fazê-lo parar aqui.
- Não tem mal - respondeu o peixeiro - Estou com um bocadinho de pressa, mas tudo se arranja!
Deve ter sido essa mesma urgência que o impediu de desligar o motor da carrinha. Dirigindo-se à traseira desta, abriu as portas e mostrou ao cliente o que estava para lá delas.
Sabendo exactamente o que queria, nem hesitou no pedido.
- Olhe, arranje-me aí umas três postas de salmão. É fresquinho, não é?
- Fresquinho? Mais fresco só o Pólo Norte, homem! - disse o peixeiro, não querendo deixar margem para dúvidas - arranja-se já aqui.
Acto contínuo, agarra num exemplar da espécie com uma mão e a outra procura o cutelo para começar a retalhá-lo. Três golpes certeiros e igual número de postas ficaram ao dispor do freguês, que olhava o processo, maravilhado. Olhava e cheirava, porque o tubo de escape nunca deixou de emitir gases poluentes durante toda a manobra.
Nunca o salmão fumado o foi de forma tão evidente.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Jornalismo forjado em tripa canina

Lá está ele outra vez. Está quieto, Óscar! Já te disse que o papel não é para comer!
Ainda cagas para aí uma edição do Correio da Manhã e eu não quero porcaria dessa cá em casa!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Português traiçoeiro

As pessoas insistem em levar os termos populares à letra, com todas as consequências que daí podem advir. Por exemplo, a expressão "levar as coisas a peito" pode ser muito perigosa se interpretada no seu sentido literal. Que o diga a Ana Guiomar.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O bando dos cinco

O Football Leaks está a pôr o mundo do pontapé no cautchú num alvoroço. Então não se puseram a dizer que o Cristiano Ronaldo andou a fugir ao fisco espanhol? Pior! Disseram que não foi só o Ronaldo, esse rapaz cuja conduta está acima de qualquer suspeita! Caluniaram também o Ricardo Carvalho, o Fábio Coentrão, o Pepe e até, imaginem só, o José Mourinho. Todos eles a pirarem-se para bem longe das garras da Autoridade Tributária espanhola! Que infâmia!
Mais escabrosa ainda é a piadola que inventaram sobre este escândalo montado por uma cambada de invejosos. Então não anda para aí um rapaz, cujo pseudónimo se relaciona com um bocado de madeira que serve para escrever, a dizer que aquilo foi um vírus que atacou o balneário do Real Madrid há umas épocas atrás? Diz esse parvalhão que aquilo é uma variante do vírus HPV, que só ataca malta tuga e que assim levou a uma nova interpretação da sigla? Vejam bem até onde chegou o disparate: para ele, HPV é agora "Heita, o Português é Vigarista!
Eu, que até sou um rapaz pacífico, tenho as entranhas voltadas do avesso com isto! Por mim, era dar um tiro nessa corja de difamadores e oportunistas do humor! Adeus! Vou ali acalmar a cólera com uma injecção de 20 milhões de euros numa off-shore das Ilhas Virgens Britânicas.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Não me toca, mas aleija na mesma

Anselmo Ralph está numa fase fulgurante da sua carreira. O cantor angolano deu um concerto no Campo Pequeno na última noite para uma plateia de sete mil espectadores, assinalando desta forma o lançamento do seu novo disco. Intitulado "Amor é Cego", o álbum saltou para a primeira posição do top nacional de vendas.
Entusiasmado com os últimos feitos alcançados, Ralph está já a trabalhar no sucessor de "Amor é Cego", não havendo ainda uma data prevista para a sua edição. O nome, esse, já está escolhido: "Fã é Surdo".

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Mudam-se os termos, mudam-se as vontades

Cúmulo da contradição: um daltónico com uma amiga colorida.
Resolução de problemas: incluir código de cores numa das nádegas... ou numa das omoplatas... ou na testa, para o caso do daltónico não passar da fase dos beijinhos!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Novidades velhinhas da Soeiro Pereira Gomes

Teve lugar em Almada, neste fim-de-semana, o congresso do mais antigo partido político nacional, o Partido Comunista Português. Este serviu para reconduzir Jerónimo de Sousa no cargo de secretário-geral, ratificar a constituição do Comité Central e definir a linha de acção comunista nos próximos quatro anos.
O momento dos congressos do PCP que maior polémica cria é aquele em que jornalistas e convidados são... uh... convidados a sair para que o Comité Central seja votado e, por conseguinte, se proceda à eleição do secretário-geral. Longe de olhares e ouvidos indiscretos, não vá o Diabo tecê-las. Passos Coelho anuncio a chegada do "Cornudo" para Setembro e, como estamos quase no Natal e do Belzebu nem o cheiro a enxofre se nota, os dirigentes comunistas estão com a "pulga atrás da orelha", preferindo jogar pelo seguro, fechando-lhe todas as portas, janelas, alçapões e escotilhas.
É evidente que esta é uma justificação completamente absurda e descabida. Se faz algum sentido estarem a inventar coisas destas... Pfff! Querem ocultar o verdadeiro motivo, mas a mim não me enganam. Eu sei muito bem o que se passou depois de terem posto toda a gente na rua e vou partilhar essa informação top secret convosco.
Depois de ter sido reeleito, Jerónimo de Sousa certificou-se que estava tudo fechado a sete chaves e, após essa confirmação, fez sinal a Alexandra Solnado para que começasse a desenvolver o seu trabalho. A medium iniciou os procedimentos necessários para chamar à sala os espíritos que auxiliaram o secretário-geral a definir as directrizes futuras. Chegou o primeiro.
- Camarada, "petanto", Lenine! - saudou Jerónimo - Bem-vindo! Então? Que recomendações tens a fazer?
Uma voz gutural fez-se ouvir na sala:
- Devem matar os czares! Só assim teremos o triunfo final da revolução bolchevique!
- Ó, "petanto", camarada Lenine, nós não temos aqui czares... - lembrou-lhe Jerónimo.
- Não têm? - espantou-se Lenine - Então o que é que têm por cá, para além de pastéis de nata e cocó de cão nos passeios?
- Uh... Temos o D. Duarte Pio, que é o mais aproximado ao czar...
- Quem? Não conheço! Olha, não sei como ajudar. Adeus em russo!
- Mas... "petanto"... Camarada Lenine! - tentou ainda o líder dos comunistas portugueses - Mas...
Foi Alexandra Solnado a interromper:
- Não vale a pena. Perdemo-lo.
Suspirando, Jerónimo fez um gesto agastado na direcção da mulher:
- Chama, "petanto", o camarada Josef, por favor.
Alexandra acedeu prontamente ao pedido e não tardou a ouvir-se nova voz cavernosa:
- Camarada Jerónimo! - exclamou o espírito de Estaline - Em que te posso ser útil, meu amigo? Se for vodka, é só pedir. Lá no Inferno temos muito disso. É para regar as fogueiras que se estão a extinguir. - A voz deu lugar a uma gargalhada sinistra para reaparecer ao fim de alguns segundos -  Nem imaginas o espectáculo que é!
- Faço ideia, camarada Josef - replicou Jerónimo, um sorriso amarelo a nascer-lhe no rosto - Mas não, não é nada disso. Queria mesmo era pedir-te uns conselhos para o futuro aqui do PCP para que a coisa alavancasse. Temos eleições autárquicas para o ano e dava-nos jeito ter um resultado que se visse, estás a perceber?
Um silêncio pesado instalou-se durante uns segundos, insinuando que Estaline estava a meditar sobre o assunto. Como o período já se mostrava demasiado longo, Jerónimo decidiu certificar-se que estava tudo em ordem:
- Camarada Estaline?! Estás a pensar?
- Uh... não! Por acaso, adormeci... - reconheceu o espírito de Estaline - Uh... um conselho? Olha, dá caça ao Trotsky!
- Ao Trotsky? - perguntou Jerónimo, num misto de perplexidade com impaciência - Mas esse já foi caçado! E foi por ti!
- Epá, pois foi! - apressou-se o russo a confirmar - Já não me lembrava. Tenho quase 200 anos, que queres tu?! Que te diga o nome da capital da Rússia, não? - Nova pausa - Olha, mata os filhos do Trotsky!
Desta vez foi Jerónimo a deixar o silêncio tomar lugar, dando a entender o desconforto que o que tinha para dizer lhe causava:
- Uh... "petanto"... - gaguejou - Uh... isso... isso não vai poder ser, camarada. - Respirou fundo e retomou a oratória intermitente - É que... é que nós estamos ao lado deles a apoiar um governo que é... "petanto"... é socialista.
- Vocês o quê?! - vociferou Estaline - Cambada de... de... traidores! Rastapaukanovs do caravelhots!
- Mas... mas, camarada - tentou acalmá-lo Jerónimo - Nós... nós...
Foi novamente Alexandra a alertá-lo:
- Já foi. É tempo perdido tentar fazê-lo regressar. Aquele bigode retorcido não deixa margem para dúvidas.
Jerónimo tornou a suspirar, vendo a sua tarefa cada vez mais complicada. Coçou o queixo, meditativo. Depois de uns segundos, exclamou:
- Alexandra, o primo Fidel! Chama-o, "petanto", por favor!
A medium torceu o nariz, em sinal de reprovação:
- Jerónimo, esse morreu no Sábado passado e andou a semana toda em tournée lá por Cuba. Não sei se teve tempo de chegar ao mundo dos mortos.
- É uma questão de extrema importância para a nossa vida - ripostou Jerónimo - "Petanto", chama lá o defunto, se fazes favor! Se ele já estiver disponível, vem de certeza!
Contrariada, Alexandra Solnado lá começou a ensaiar o contacto paranormal. Uma voz arrastada ecoou:
- "Hasta la victoria, sempre!" - gritou Fidel, num castelhano enrolado - Que passa, camarada Jerónimo? Mal me deixaste aqui chegar, hã? Só tive tempo de acender um dos meus habanos ali num archote!
- Desculpa lá, Fidel, mas estou mesmo enrascado! - admitiu o secretário-geral - Preciso de um conselho teu para levar o capitalismo selvagem de vencida e continuar a mostrar que a ideologia comunista tem lugar no mundo contemporâneo.
- Um conselho, caray?! - interrogou o ex-líder cubano - Olha, experimenta calar o pio a esses reaccionários todos que por aí andam! É agarrar neles, encaminhá-los para o alto da Torre de Belém e incitá-los a praticar bungee-jumping, mas sem elástico! Hã? Que tal?
Jerónimo titubeou, pensando na sugestão e confrontando-a com a realidade nacional. Por fim, murmurou:
- Pois... "petanto"... é uma ideia. Mais alguma?
- Outra - empertigou-se Fidel - E não faço mais nada que não seja dar ideias? Deves pensar que não foi isso que fiz até ao último dia... Vai-se a ver e ainda pensas que era o meu irmão que mandava em Cuba, não? Ai, estes portugueses... Mira, quiero quedar-me ahora descansado. Adiós!
Desta feita, Jerónimo não tentou deter o seu interlocutor. Estava resignado à sua sorte. Encolheu os ombros e, acto contínuo, sacou de um velho bloco de notas que trazia no bolso interior do casaco, começando de imediato a ler o que ele continha.
- "Petanto", protestar. "Petanto", a ditadura do proletariado. "Petanto", não à exploração dos trabalhadores. "Petanto"... "petanto"... avante, camaradas!

sábado, 3 de dezembro de 2016

Cuidado com a sensação de vitória antes do final da partida

Os serões em família passados em frente à televisão têm o condão de trazer paz e calma ao final de um dia stressante, mas também podem potenciar um tão acalorado debate de ideias que faz parecer o "Prós e Contras" uma troca de mimos azeitada entre um casal que iniciou uma relação amorosa há um quarto de hora. Por norma, em minha casa envereda-se pela segunda opção. Demasiada carne vermelha, dirão muitos. Eu apenas digo: o limite é o contacto físico que o árbitro possa sancionar com cartão vermelho. Até aí, vale tudo.
Ora se a pólvora anda danadinha para saltar fora do barril e entrar em auto-combustão, mais fácil fica ainda quando a discussão gira em torno de uma figura que não é consensual. A propósito do lançamento do seu novo livro, Ricardo Araújo Pereira concedeu uma entrevista a Vítor Gonçalves na RTP3, que considerei muito rica, dada a variedade de temas abordados e ao superior intelecto dos dois interlocutores. Acontece que sou o único fã de RAP aqui em casa e a manifestação de desagrado por vê-lo a ocupar espaço num canal público ganhou forma na voz da minha mãe. Podia ser na voz de Pavarotti, mas ele já morreu e tínhamos aqui um caso paranormal assustador que só poderia ser resolvido com recurso aos dons do professor Alexandrino. Assim foi melhor:
- Não gosto deste gajo. Nunca gostei.
Levantado que ficou o meu sobrolho com a observação, resolvi aprofundar a questão:
- Ah, não? Então porquê, mãe?
- Não sei... - respondeu ela com ar de desprezo, corrigindo a vagueza da primeira resposta com um peremptório... - Acho-o parvo!
- Hum... Então e qual é o humorista que aprecia? - quis eu saber.
- Olha, gosto daquele grandalhão...
Eu sabia a quem se referia, é claro, mas quis retaliar pela falta de respeito que tinha tido por um dos meus ídolos uns segundos antes:
- Quem? O Badaró? Esse já morreu, mãe...
- Não é nada o Badaró! É o... é o...
Ai quiseste achincalhar o grande RAP? Então agora vais ver como elas te trincam no lombo! Não dando margem para assomos repentinos de memória fresca que a salvassem, voltei a carregar:
- O Fernando Mendes? Esse não é grande, mãe. O cu dele é que é maior que a lua cheia, mas ele é baixito...
Já esbaforida, a minha progenitora deixa os olhos subirem para o tecto (não de uma forma literal, claro. Números de faquir não são compatíveis com senhoras habilidosas na confecção de arroz de marisco) e eu começo a esboçar aquele sorriso triunfal de quem se vê a vencer a contenda. Faltava dar a machadada final:
- Também não é esse, pois não? Ah, já sei! É de mim que gosta, não é?
A senhora dona minha mãe respira fundo e solta a revelação:
Não, filho. Também não é de ti...
Da próxima vez que se depararem com um acto que vos pareça tresloucado, perpetrado por alguém que vos pareça um genuíno psicopata, tentem não tecer juízos de valor mal amanhados. É que por detrás dessa loucura aparente pode existir um forte catalisador para a despoletar. Pode haver uma... Está quieto, Óscar! Desculpem lá, este cão anda impossível! Então não estava mesmo agora a lamber o gatilho da minha Kalashnikov? Bem... Onde é que nós íamos mesmo? Ah, sim! Malta que vocês acham parecidos com o Hannibal Lecter, não era?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Atenção, atenção! Muito obrigado pela atenção!

Senhoras e senhores, meninos e meninas, cabeçudos e anãs, tenho um importante comunicado a fazer à nação contra-chatesa. Este espaço perdeu o seu lado mais cabreiro. Sim, é verdade. Aqui o menino achou que a chegada às 10 mil visitas (muito obrigado a todos... e uma camisa de forças para cada um) representava o momento ideal para dar mais um passo rumo ao progresso. Não pensem, contudo, que não fui submetido a asfixiante pressão para o fazer, como exporei de seguida.
Antes, tenho a declarar a abertura da página oficial do "Contra chatos" no Facebook. Para quem procura uma justificação plausível para esta tomada de decisão, aviso que não a tenho. No entanto, possuo outra que é bem mais inopinada (que raio de palavra... decomposta, parece "hino à pinada"). É esta: Mark Zuckerberg não descansou enquanto não me teve do lado dos doidinhos facebookianos. Ele foi chamadas, e-mails, cartas registadas, mensagens via correio-pombo e até cegonhas, que não traziam bebés, mas sim compêndios das melhores algazarras da maior rede social da História. Admito: fui fraco e não resisti a esta operação de charme.
Não quer isto dizer que a página venha a possuir conteúdo exclusivo. Aqueles vídeos em Lloret del Mar comigo abraçado a um poste a declarar juras de amor eternas "a ti, Ágata, minha perdição" estão bem guardados e nunca serão divulgados. Todavia, porém, contudo e qualquer outra adversativa da qual não me lembro agora, poderei ser tentado a deixar por lá cair uma piadola que não seja merecedora de se exibir nesta baiuca. Hum? Sentiram-se tentadinhos? Não? E se eu vos oferecer um serviço de loiça chinesa produzido ali nas Caldas da Rainha? Não me fazem um likezito? Ah, seus marotos! Eu sabia que vocês não perdem uma oferta das boas. Melhores, melhores só aquelas da EHS e do Calcitrin, eu sei. Um passinho de cada vez. Hoje loiça chinesa das Caldas, amanhã, uma Simone ou um Malato para pôrem em cima do armário da casa-de-banho.
Como terão oportunidade de reparar, a página não tem foto de perfil. Estou a contar com as vossas propostas para lhe conferir uma imagem condizente com a reputação que o "Contra chatos" já criou, que é de badalhoca para baixo. Assim, peço-vos que façam chegar as vossas ideias via-email nos próximos quinze dias. É que depois mete-se o Natal e eu tenho de trinchar o perú... com dez dias de antecedência. Sim, é isso. Eu podia dizer-vos que isto é uma forma de vos mostrar o quão importantes vocês e as vossas sugestões são para mim, mas não é de nada disso que se trata. Só não me apetece andar por aí feito maluco à procura de uma boa imagem e então deixo-vos essa tarefa.
Este concurso está autorizado pelo Governo Civil da Minha Barraca e atribuirá como prémio um penico com a imagem de Donald Trump no fundo. Será a melhor oportunidade que terão durante toda a vida de cagar no futuro Presidente dos... ai, que me vai saltar o baço pela boca ao escrever isto... dos... dos... oh, vocês sabem de onde é e assim evitam-se espectáculos bizarros. O júri que escolherá a imagem vencedora reunirá grandes vultos da análise semiótica, sendo constituído por mim, pelo Lápis Roído e pelo "King".
Sem outro assunto, despeço-me com amizade e um António Vitorino entre os dedos do pé esquerdo.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Ensaios sobre bolsa, carteira e porta-moedas

O Governo completou, no último Sábado, um ano. Para assinalar a efeméride, foi levada a cabo uma iniciativa original, na reitoria da Universidade de Lisboa. Basicamente, esta consistiu numa entrevista feita ao elenco governativo por parte de cidadãos comuns, escolhidos pelo Instituto de Ciências Sociais segundo critérios económicos, geográficos e etários. Foram sessenta representantes da sociedade civil que tiveram a oportunidade de questionar os governantes acerca dos mais variados temas durante cerca de hora e meia.
A dada altura, Lara Ribeiro, de Almada, lembrou-se de sacar esta pertinente questão: «Sou acionista do Banif. Será que posso reaver o dinheiro que investi?» António Costa, num misto de "what the fuck?!" com a simpatia que lhe é característica, replicou a pergunta: «Como acionista?!» A repetição deixava no ar a insinuação de que o primeiro-ministro tinha achado a questão bastante estúpida, mas Costa não quis que restassem dúvidas. Colocou no rosto uma expressão de quem quer perguntar "há quanto tempo tiveste um traumatismo craniano grave?" e exclamou, no tom mais complacente que se pode ter numa situação destas: «Não».
Eu penso que, depois deste episódio, uma das grandes medidas deste Governo nos próximos tempos seria a introdução de um programa na grelha da RTP, a passar em horário nobre, que tivesse o único e exclusivo objectivo de explicar aos portugueses como funciona uma sociedade anónima cotada em Bolsa, que desse a clara noção do que podem ser os benefícios e, sobretudo, os riscos de um investimento. Dava um certo jeito ao pessoal perceber por que carga d'água as acções valorizam e desvalorizam ou, numa linguagem simples de perceber para lobotomizados, porque é que a setinha ora é verde e está para cima, ora é vermelha e está virada para baixo. Evitavam-se estes momentos que fazem lembrar um diálogo entre um dromedário e uma chinchila.
Como foi tida como bem sucedida, a iniciativa tem já prometida uma reedição na comemoração do segundo ano desta legislatura. Epá... Como é que eu hei-de dizer isto? Uh... É assim... Isto foi giro, sim senhor, muito engraçado aproximar a sociedade dos governantes, mas... não se metam nisso, pelo amor de Deus! Não dá para juntar essa malta toda, cantar os parabéns, soprar as velas enquanto são disparados canhões de confetti? Não é isso que têm as festas dos meninos de dois anos? Bem mais apropriado. "... para o menino Governo, uma salva de palmas! Eeeeeeh!" Hã? Não pode ser? É que eu estou capaz de apostar uma falangeta em como, no próximo ano, vai aparecer um indivíduo com esta questão: «Sou traficante de droga. Como não descontei toda a vida para a Segurança Social por ter uma actividade profissional não reconhecida, tenho direito a reforma?» Melhor, melhor! Aposto o badalo de uma orelha em como vai aparecer um artista a colocar esta questão: «Sou autarca, um corrupto de primeira que empochou 2,5 milhões de euros por conta de uns favorecimentos a uns rapazes endinheirados. Posso construir uma mansão com treze quartos, duas salas para baptizados e uma piscina olímpica sem medo de ser apanhado pela PJ?» Espera, espera! Bem orientadinho, ainda lá vai aparecer um rapaz assim para o gordito a elaborar o seguinte dilema: «Sou o Taraabt. Devo ser considerado jogador de futebol?»
Senhor primeiro-ministro, reveja lá a sua posição. Evite mais momentos constrangedores para este país. Olhe que Bruxelas não tira os olhos de nós e ainda nos manda para a primária aprender o nome dos rios e das serras.

domingo, 27 de novembro de 2016

"Hasta la cueva, ahora!"

Fidel Castro, o histórico líder da revolução cubana, faleceu ontem. Apesar de estar oficialmente afastado do poder desde 2006, "El Comandante" continuava a ter grande influência nos destinos políticos da ilha caribenha e a sua morte constitui um rude golpe nas convicções daqueles que achavam que mais depressa vinha a Sierra Maestra Abaixo do que viam Fidel bater as botas.
Não consigo dissociar este acontecimento da visita oficial de Marcelo Rebelo de Sousa a Cuba há precisamente um mês atrás. Na minha opinião, tem que se estabelecer um paralelismo imediato entre este encontro e a morte de Fidel. Pese embora o facto de ter sido descrito pelos envolvidos como um «encontro amigável», tenho informações sólidas de que foi tudo menos isso. A coisa começou a azedar logo à chegada, quando o bom do Marcelo, à boa maneira portuguesa, estendeu a direita para cumprimentar o homem que sou viu a esquerda durante toda a vida. A contragosto, Fidel lá "apertou o bacalhau" ao nosso Presidente, mas não voltou a sentir-se confortável a partir daquele momento. O estômago pôs-se aos pulos, embateu nos pulmões a Norte e nos intestinos a Sul, provocando-lhe tosse cagalhoeira.
Se o estado de saúde de Fidel já não estava famoso, o golpe final foi dado anteontem... dia de "Black Friday". O bloqueio comercial dos Estados Unidos a Cuba dura há várias décadas e não permite a chegada ao país de produtos provenientes das "terras do tio Sam". Já muito debilitado, Fidel pôs-se, na última sexta-feira, a surfar à maluca pelas lojas online das grandes marcas americanas. Foi aí que aconteceu: um iPhone 7 vermelho-comuna com 40% de desconto e ele sem poder comprá-lo? Era demais. Foi o tilt final.
As autoridades cubanas decretaram nove dias de luto nacional. Faz sentido que assim seja. É apenas e só uma questão de coerência temporal, uma vez que Fidel esteve para aí uns 150 anos à frente do regime comunista da ilha e os seus discursos começavam às sete da manhã e terminavam por volta das oito... do dia seguinte.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Lojas, lojinhas, lojetas e lojonas: escolhei bem!

Existem lugares que se evidenciam pela beleza arquitectónica dos seus edifícios históricos, outros que deslumbram pela exuberância do ambiente natural em que estão inseridos e outros ainda que impressionam pela quantidade e diversidade de infraestruturas que possuem. No que se refere à minha área de residência, não se regista nenhum destes casos. Aqui o destaque vai para a concentração absurda de superfícies comerciais por quilómetro quadrado. Para terem uma pequena noção, existem mais supermercados do que habitantes no espaço em que foram edificados. E parece que a coisa não tem tendência para abrandar. Estou até desconfiado que se perder demasiado tempo com uma mijadela corro o risco de não ver nascer mais uma bela estrutura que chama pelo interior dos nossos bolsos e carteiras como um amola-tesouras chama pelos seus clientes, desejosos de pagar 30 euros pelo arranjo de um corta-unhas comprado nos chineses. É que parece que os supermercados se sentem atraídos uns pelos outros, sabem?
Estou a imaginar a cabeça de uma destas superfícies comerciais antes de se implantar: hum, para onde é que eu irei fazer a minha vidinha e encher a pancinha? Deixa cá ver... Ui, aqui há tantos da minha espécie! E todos tão atraentes... Olha, olha! Está ali um Lidl! Sim, senhor! Aquele neon amarelo e azul seduz-me tanto que estou capaz de praticar o coito com ele já! E que robusto é! Deve ter cá um armazém escondido que faz favor! Vou já pôr-me ao lado dele para ver se isto se dá.
Se acham que estou a exagerar, atentem nisto: numa extensão pouco superior a um quilómetro existe um Aldi, um Intermarché, um Pingo Doce (o maior do país), um Lidl e um Continente. Chupa! Com um bocadinho (ou um bom pedaço) de sorte, ainda assistirei ao aparecimento de um Carrefour, de um E.Leclerc e, com a ajuda dos deuses do comércio à bruta, de um Plus! Isto se sobreviver, claro.
Se gostam do vosso Lapisinho, meus amigos, rezem por mim. Mas com força, hã? Ajoelhem-se em cima de pioneses e agrafem as narinas enquanto fazem deslizar as contas do terço de um lado para o outro. É que, com esta invasão, temo ser atropelado por um carrinho de compras, receio que me entre um bolo-rei para a vista e tenho medo, num acidente bastante provável, de falecer esmagado por um destes bichos de betão armado. É que eles põem-se para aí a praticar saltos em queda livre e o para-quedas pode não abrir a tempo!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Admitindo pontos fracos

Sou partidário daquela teoria na qual se defende que o primeiro passo para ultrapassar uma fraqueza é admitir que ela existe.
Assim, eu, Lápis Roído, assumo perante vós, meus companheiros de tantas batalhas blogosféricas, ter medo daquelas pessoas que não sabem que Axe não é só uma forma de atiçar cães e gatos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"Corência", se faz favor!

Os mais pequenos, mesmo que de forma inadvertida, são capazes de desencadear pensamentos nos cérebros dos adultos que nem três horas de profunda meditação conseguem sacar. As minhas duas sobrinhas estavam muito entretidas a brincar com peças de Lego e, à medida que iam saindo do balde, a mais velha ia ensinando à pirralha as cores que cada uma delas tinha. Às páginas tantas, diz:
- Pirralha, esta é laranja. Que giro. A laranja é cor-de-laranja e a rosa é cor-de-rosa.
Não, não há nenhum Nobel da Física para atribuir aqui, mas aquilo deixou-me pensativo durante uns segundos. Se atribuímos àquelas duas cores o nome de coisas que encontramos com facilidade na natureza, porque não o fazemos em relação a outras? Porque é que o azul não é cor-de-céu? Porque é que o verde não é cor-de-relva? Porque é que o amarelo não é cor-de-sol? Porque é que o branco não é cor-de-neve? Porque é que o preto não é cor-de-carvão? E porque é que o cinzento não é cor-de-jumenta e, por relação imediata, cor-de-Maria José Vilaça?
Nota n-º 1: Este raciocínio foi elaborado com um pack de Super Bock médias ao lado, o que acaba por ser melhor do que meter um litro de água benta pelas goelas abaixo às sete da manhã, em jejum, na tentativa de garantir a total absorção pelo cérebro de todo o atraso social, mental e civilizacional nela contida. Não é, doutora?
Nota n-º 2: Se algum dia detectar em mim os sintomas desta "doença", afirmo aqui que correrei de imediato para o consultório da senhora doutora. Tenho a certeza que sairei de lá curado com uma leitura do Evangelho segundo a Santa Ignorância-Que-Lhe-Faz-Falta, um clip entre as nalgas e um poster da Pamela Anderson desnudada do umbigo para cima. Obrigado, doutora. O mundo estará a salvo com os seus métodos infalíveis.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Em frente!

A detenção de altas patentes dos Comandos, que podem estar ligadas de forma mais ou menos directa à morte de dois formandos do curso 127 daquela força militar especial, constituiu a grande notícia do dia de ontem.
Não sei se concordam, mas era giro pôr esta rapaziada a fazer o percurso do local da detenção (Amadora) até ao estabelecimento prisional que os recebeu (em Tomar) com o peso do corpo apoiado na ponta do nariz. Em vez de fazerem uma caminhada, faziam uma narigada. Só naquela de não se perder o espírito da coisa, estão a ver? Assim a meio caminho entre a pedagogia e o desafio, sem perder o foco na disciplina e no rigor militares. Superação e sacrifício por quem deve dar o exemplo. Então não é até tombar?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Uma boa argumentação é tudo!

A minha sobrinha-pirralha continua relutante em despedir-se das fraldas. Os meses vão-se passando e... nada! Continua com o rabo mais enchumaçado que os peitos de uma adolescente fã da Wonderbra. Na tentativa de solucionar o problema, que afecta a qualidade do ar num raio de três quilómetros e obriga à utilização de máscaras antipoluição por parte da população local, resolvi estabelecer um diálogo com a criança que me permitisse compreender a razão da sua teimosia:
- Ó sobrinha-pirralha, porque é que tu não fazes cocó na sanita? - perguntei eu, num tom amistoso.
A criança suspirou, num misto de enfado e tristeza:
- "poque" tenho medo.
- Medo? Medo de quê? - insisti eu.
- Do "buaco"... - replicou ela, mantendo aquele ar de quem não gosta da interpelação, mas que não tem vontade de desarmar.
- Do buraco?! Qual buraco?
- Do "buaco" da "chanita", tio Lápis Roído! - exclamou, certa de que aquele argumento era demasiado forte para ser rebatido.
- Mas medo do buraco? Porquê?
- "Poque" eu tenho medo de cair "po buaco"! - lançando o seu derradeiro trunfo, pensando que este servia para sustentar a sua crença na fraldodependência.
E servia. O que pode um adulto dizer a uma criança que tem na mente a ideia que uma bola de bowling cabe num buraco de um campo de golfe, que um São Bernardo pode enfiar-se numa gaiola para hamsters e que o ego do Mourinho pode manter-se dentro do corpo do homem? Nada. Um adulto só pode esperar que a criança cresça e que perca a mola que lhe aperta o nariz e a impede de sentir o cheiro das suas obras-primas provenientes do pequeno nalgueiro.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

"Show-biz" na Serra da Freita

A entrega de Pedro Dias às autoridades, 28 dias depois de ter encetado uma fuga que só encontra paralelo no misterioso desaparecimento de Dias Loureiro quando começou a brincadeira no BPN, foi aquilo que tivemos de mais próximo da chegada de uma grande estrela rock ao nosso Portugalito. Teve um gentleman com um aspecto incrivelmente bem cuidado (Pedro Dias ficará conhecido de ora em diante como o "Hugh Jackman de Arouca", teve uma importante comitiva ansiosa por recebê-lo (os senhores inspectores da "Judite"), teve condições impostas pelo seu staff (leia-se, advogados, Mesmo à prima-donna, teve comentários de repórter extasiada habituada a cobrir grandes eventos com celebridades (Sandra Felgueiras, as meninas do "Fama Show" vão invejar-te para todo o sempre. Cuidado com as macumbas e os voodoos!) e teve até entrevista à priori do grande desfile. Só faltou mesmo a "red carpet" e a gritaria histérica dos fãs pelo seu ídolo, aspectos que a organização terá de rever nas próximas edições de entrega de assassinos psicopatas da pior espécie.
Não sei se o nosso herói não terá ficado um tanto ou quanto desiludido. Depois de todo aquele aparato mediático e de longos dias a monte não se arranjou um prémio decente para ele? Nem umas algemas de ouro? Nem uma bordoada no lombo com um cacetete feito de pele de jacaré? Nem uma pulseira electrónica com diamantes de 342 quilates? Nada?
Como se já não bastasse a falta de consideração das nossas autoridades, ainda veio um sacana de um "gringo" lixar a vida do amoroso Pedrinho. Então não foi o Trump ganhar as eleições precisamente naquela noite? Não podia ele ter deixado a Hillary ganhar, que era coisa mais que expectável e que já não constituía berbicacho de jeito, só para que o rapaz tivesse todo o merecido destaque? Isto prova o quão mau será este Trumpete para o mundo.
Bom, se sou tão severo nas críticas, tenho de ser benevolente na mesma proporção quando é hora de elogiar. O cuidado que o staff teve a escolher Sandra Felgueiras para cobrir o espectáculo é de louvar. Ainda assim, não deixa de ser uma opção mais que óbvia. Que outra jornalista estaria melhor preparada que ela? Que outra jornalista tem mais experiência do que ela no acompanhamento de foragidos? Mãe que é mãe faz tudo pelos filhos, não é? A dela deu-lhe arcaboiço, a minha dá-me caldo verde com rodelas de linguiça.
É curioso que, nos últimos tempos, tenham sucedido acontecimentos com malta de Arouca a puxarem um bocado para o esquisito. Ora aparece um menino a fazer pontaria à cabeça de pessoas, ora damos com artistas danados para a porrada enfiados em balneários de estádios de futebol. Será isto um padrão arouquense? Não haverá para aí nenhum rapaz que goste de ir tomar o seu cafezito, ler o seu Correio da Manhã, fumar o seu SG Ventil e babar-se todo a escutar os grunhidos da Cristina Ferreira no Você na TV? Vejam lá isso, pá. Olhem que pior que a má fama só o pior desempenho.
Para finalizar, só a constatação de quão irónica é a puta da vida: andou o Pedro dias a fugir da GNR (popularmente conhecida como Guarda) e vão levá-lo para o tribunal de onde, de onde, de onde? De Setúbal! Não foi nada. Foi mesmo da Guarda! Bem, deve ter sido a única forma de pôr alguma Guarda a ver o fugitivo, já que a que estava incumbida de o fazer é mais pitosga que o Andrea Bocelli.

sábado, 12 de novembro de 2016

Qual "Hallelujah"?

Tem sido um ano negro para o mundo da música. Sim, também pelo aparecimento de Maria Leal, mas principalmente pelas mortes de David Bowie, Prince e, no dia de ontem, Leonard Cohen. O canadiano, um dos grandes cantautores do século XX deixou-nos aos 82 anos.
Um minuto de silêncio por ele, dois de festa por não ter sido Win Butler ou Matt Berninger e para aí uns três quartos de hora de lamento por Deus ter poupado Marylin Manson e Justin Bieber novamente.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Agora é que arranjaste a bonita!

A Chic' Ana arranjou-me aqui um belo de um sarilho, arranjou. Ao convidar-me para botar palavra no seu blog, transformou-me isto num espaço tão pejado de maltinha que faz parecer o Web Summit o deserto do Atacama. Eu até podia falar aqui das inúmeras qualidades dela e dizer que é uma querida, uma rapariga com imenso talento e extraordinariamente inteligente, uma presença agradabilíssima na blogosfera, uma pessoa de uma sensibilidade extrema, dona de um coração de ouro e com valores e princípios humanos que põe a Madre Teresa de Calcutá a dar cambalhotas na tumba, mas... quer-se dizer... Com que margem fico eu para ousar tecer semelhantes elogios depois disto? Não sabias tu que a minha baiuca é um espaço exíguo, com uma porta tão estreita que temos de passar por ela à vez, de lado e com as unhas dos pés cortadas rente? E que faço eu a esta gente toda agora? Vá, diz-me lá! Arranja lá solução para o problema por ti criado!
Bom, tenho que ser eu, está visto. Rapazes e raparigas, acomodem-se como puderem, se fazem favor. As cadeiras são poucas, mas ao colo uns dos outros sentam-se três. Mãozinhas à vista, hã? Não quero por cá poucas-vergonhas! Peçam o que quiserem, mas vão adiantando o dinheiro. O palhaço só trabalha com fanfa à vista. Hã?! Não, não estou a falar do Trump! Tenham respeito pelo senhor Presidente! Respeito e medo, não vá ele lembrar-se de fazer aqui um bonito fogo-de-artifício à base de ogivas nucleares.
Vá, bem comportadinhos, sim? No que tu me meteste, rapariga... A propósito de tudo isto, sabiam que a castanha-da-Índia é muito boa para quem sofre de hemorroidas?

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

... mas vi-me na obrigação de escrever isto na tarde de hoje

O sistema eleitoral americano é tão anedótico que não constituiria nenhum escândalo a introdução da opção do "rebenta a bolha" sempre que se confirmasse a escolha de um candidato chalupa para ocupar a Casa Branca. Era deste género: o candidato vencido invocava o uso do "rebenta a bolha", dizia com toda a pompa e circunstância as frases «ah, esta não valeu! Ainda não era a sério!» e voltava tudo ao início da votação. Nessa altura, só seria permitido o acesso às urnas aos eleitores que tivessem em mãos a declaração de sanidade mental passada pelo médico de família. Era a forma de evitar tragédias mundiais. da dimensão daquela que se verificou na última noite.
Há quem esteja chocado com o facto de se ter possibilitado a um xenófobo, racista, sexista e psicótico maníaco a entrada na Casa Branca. Já a mim, o que me deixa perplexo é a falta de sentido estético dos americanos. Como é que se deixa um indivíduo com um cabelo daqueles chegar à presidência da maior potência mundial? O que raio é aquilo, pá?

Ingenuamente acreditando na existência de uma réstia de inteligência nos cérebros americanos, escrevi isto na noite de ontem...

Vendo nave espacial novinha em folha. 0 quilómetros. Cor branca, Em titânio, capaz de chegar aos 10.000 kms/hora e de ir dos 0 aos 300 em 0,5 segundos. Espaçosa, bagageira suficientemente grande para construir um T4 no seu interior e albergar o clã Aveiro, comandos em couro, estofos de pele de cobra em padrão tigresa, acesso ao cockpit por reconhecimento facial. Ar condicionado, vidros quádruplos, tecto panorâmico, full extras. Espelhos retrovisores em dourado e sensores anti-meteoritos e anti-buracos negros. Classe 1 nas portagens da Estação Espacial Europeia. Consumo: 500 barris de creolina ao milhão de quilómetros. Possibilidade de aterragem no parque de estacionamento lunar a qualquer hora (está pago até 2020). Preço a discutir.
Motivo da venda: tencionava mudar-me para Marte, mas já não tenho essa necessidade. Donald Trump perdeu as eleições americanas.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Mais burro que aquele que não corre é aquele que não quer estudar

O PSD cancelou a corrida entre um burro e um Ferrari que estava marcada para a última sexta-feira em Lisboa. A iniciativa, que servia para enfatizar os problemas de trânsito e mobilidade na capital, estava a causar grande celeuma entre os defensores dos direitos dos animais, que acusavam os sociais-democratas de ridicularizarem o animal ao mesmo tempo que o submetiam a esforço físico e stress psicológico desnecessários. O PSD acabou por dar a corrida como cancelada após a recepção de uma notificação da Câmara Municipal de Lisboa, na qual constava a recomendação de cancelamento por parte da Provedora Municipal dos Animais de Lisboa, que classificava os argumentos dos animalistas como válidos e pertinentes.
Eu concordo plenamente. Acho muito bem que se tenha retirado o pobre burro desta bizarra corrida. No entanto, não estou de acordo quanto ao seu cancelamento. Poderiam muito bem ter tirado Miguel Relvas do estábulo, escovado o seu pêlo, assentar-lhe uma albarda no lombo e pô-lo a competir com o bólide de Maranello. Não era preciso muito para fazê-lo ganhar e assim provar que um jerico é mais útil que um carro com um motor de largas centenas de cavalos no caótico trânsito de Lisboa. Em vez de uma cenoura, bastava pendurar um diploma de uma licenciatura em Ciência Política num anzol de uma cana de pesca. Ao estabelecer contacto visual com o canudo, o Miguelito até  levantava o asfalto com a força dos cascos!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Herr(o)era

Existem pessoas a quem reconheço uma inteligência e uma sensatez fora do comum. Rui Vitória é uma dessas pessoas. O treinador do Benfica faz muito bem ao não se queixar de ausências de jogadores fulcrais para a equipa.
Realmente, quem é que precisa de um Grimaldo a conquistar cantos quando se tem um Herrera a cedê-los de forma gratuita?

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Temos de deixar de decidir estas coisas depois de almoços bem regados...

Quando se fizer um resumo do ano de 2016, nele constará a surpreendente atribuição de um Nobel da Literatura a Bob Dylan e a não menos inaudita distinção de Bono como "Mulher do Ano" pela revista Glamour.
Não deixa de ser curioso que Carlos Costa tenha feito tanto para merecer este prémio e que ele acabe por ser entregue a um rapaz que até tem um ar bem másculo. Se a tendência de louvores absurdos se mantiver em 2017, podemos pensar num "Bravo, Bravíssimo" disputado tête-a-tête entre Leonard Cohen e Charles Aznavour, imaginar um Sakharov nas mãos de Kim Jong-Un ou iniciar diligências que culminem na entrega do Prémio ILGA a Marinho e Pinto. Um Óscar para Paula Rego? Porque não? A senhora pinta tão bem...

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

És tu! Infinitos, pronto!

O trajecto de uma pequena criança pelo caminho das palavras e da correcta construção frásica pode ser, como já vos dei conta, muito tortuoso. Se a isso estiver associada uma cadeia de pensamentos maliciosa, imaginem o caos a instalar-se lenta e progressivamente, mas de forma assertiva e imparável.
A minha sobrinha-pirralha estava, num destes dias, muito entretida a brincar com coisas de gente graúda, como é, inequivocamente, o caso dos Pokémon, quando decide fazer algo mais apropriado para a sua idade. Pega num livro da Anita, volta-o de pernas para o ar para assim poder lê-lo melhor, senta-se numa cadeira e inicia a narrativa daquela que lhe parece ser a história perfeita:
- "Eia" uma vez... o avô foi pa' horta... a avó foi "acher Limpecha"... a mana foi pa' "escoia"... e o tio tá' a "acher" xixi!
Para quem não é entendeu, passo a traduzir: o avô está dedicado à lavoura, a avó às lides domésticas, a irmã aos estudos e o tio, para além de ser calão, é um mijão, quiçá um incontinente urinário!
Curiosidade das curiosidades, nesse mesmo dia o diabrete tinha bebido tanta água que a fralda descartável, que ainda usa, não conseguiu suster todo o líquido que a sua pequena bexiga despejou subitamente. E quem a tinha ao colo nesse preciso momento? E quem é que ficou com as calças ensopadinhas em xixi? Pois é, pois é. Resposta demasiado óbvia: foi aqui o mijão!
Por isso, minha menina, tenho uma coisa para te dizer face to face, de miúdo para miúda: quem diz é quem faz!
Haja paciência. Paciência e fraldas Lindor!

domingo, 30 de outubro de 2016

Betty na calha

Jorge Nuno Pinto da Costa, mais conhecido como "D. Juan de Contumil", tem nova namorada. Ah, sim?, perguntam vocês. E novidades? A  grande nuance é que esta, de seu nome Sílvia Costa, não é assim tão jovem como a anterior. A empresária de estabelecimentos de diversão nocturna (um aspecto em comum às mulheres que arrebatam o coração do presidente do FC Porto) tem 43 anos, o que a aproxima etariamente de Pinto da costa (78 anos).
Estou em crer que, a manter-se a tendência de subida na idade das suas mais-que-tudo de cada vez que regista uma nova conquista amorosa, Pinto da Costa só precisará de mais três namoradas para deixar José Castelo Branco com um par de apêndices frontais. E não estou a falar de seios robustos...
Nota: Este texto foi escrito originalmente a 23 de Outubro. Por existir um espaço temporal relevante para a matéria em questão, salvaguarda-se a possibilidade do conteúdo do mesmo poder encontrar-se já desactualizado, visto que a vida amorosa de Pinto da Costa é tão animada como uma manhã na Feira de Espinho.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Quem sabe se não...

O ping pong show é um espectáculo que muito me fascina. Não, não tem a ver com o facto de me pôr a contactar visualmente com pipis. Eu não nasci de cesariana, minhas capivaras do Sado. O que me maravilha mesmo é a facilidade com que aparecem objectos numa parte do corpo que geralmente é usada para fazê-los desaparecer.
Tenho ainda a secreta esperança que muitos dos grandes mistérios da actualidade possam ser resolvidos numa dessas apresentações, como o desaparecimento de Maddie McCann. Quem sabe se, assim num dia de inspiração extasiada de uma dessas dançarinas, não descobrimos também o paradeiro de Pedro Dias.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Não queremos misturas e temos mais que fazer!

O Bloco de Esquerda rejeitou integrar a comitiva portuguesa que visita oficialmente Cuba, chefiada por Marcelo Rebelo de Sousa e da qual fazem parte os representantes dos partidos com assento parlamentar. Para além da já referida ausência dos bloquistas, também o PAN não estará presente no país caribenho, uma vez que André Silva terá de continuar a exercer as suas funções enquanto único deputado do partido animalista na Assembleia da República.
Apesar de não haver uma justificação oficial por parte dos bloquistas, crê-se que a razão da recusa dos responsáveis do partido liderado por Catarina Martins esteja directamente relacionada com a sua vontade expressa de não ter ligação com países regidos por ditaduras, onde os direitos humanos sejam constantemente desrespeitados e onde a liberdade de expressão não exista.
Todavia, eu possuo informações diferentes destas e que se revestem de fidedignidade. Ou quase, vá. O BE não envia nenhum dos elementos do seu grupo parlamentar na comitiva diplomática porque não quer submeter ninguém ao suplício de viajar com Hélder Amaral (representante do CDS-PP), que cheira mal dos sovacos, e Luís Montenegro (representante do PSD), que ressona muito alto e dá patadas até a dormir. A juntar a isto, as últimas quartas e quintas-feiras de cada mês estão reservadas para limpezas na sede, na Rua da Palma, sendo os deputados mobilizados para a faxina. É que ter lá dezenas de okupas e rastafarians a viverem em permanência requer medidas adicionais para manter a higiene num nível aceitável. Quarta-feira é para lavar o chão onde dormem os jovens e quinta-feira é para desinfestar todo o espaço. Piolhos não são bichos com os quais se deva brincar.
Já António Filipe (representante do PCP e o deputado mais parecido com o padre Borga), já fez saber que está disponível para servir de cicerone numa visita guiada por Havana aos restantes elementos do grupo, visto que conhece o mais recôndito canto da capital cubana de cor e salteado. Está igualmente empenhado em fazer as apresentações pessoais entre os portugueses e os seus anfitriões ilhéus, já que conhece tão bem Raul Castro como a mais curta linha dos inflamados discursos do saudoso Lenine.
Será uma visita muito proveitosa para os nossos rapazes, que levarão caixas de pastéis de nata para encher a pança de Fidel (que comemora 90 anos) e receberão em troca charutos e posters de Che Guevara. Marcelo, Hélder e luís terão o cuidado de colocar estrategicamente a fotografia ampliada do antigo guerrilheiro nas portas das casas-de-banho das suas respectivas habitações. Servir-lhes-á de inspiração quando estiverem com prisão de ventre.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Magos da literatura na sociedade unipessoal

Podem até dizer que sou preconceituoso nesta matéria e eu, num dia de boa disposição e alcoolicamente bem preenchido, até posso concordar com vocês, mas a verdade é que raramente me engano quando acho que vou descobrir pérolas comunicacionais numa oferta de emprego apresentada por uma empresa chamada "Primeiro Nome Segundo Nome Apelido - Soc. Unipessoal". O meu faro canino para dar de trombas com estas maravilhas é tão bom, mas tão bom que só fico a lamentar que não seja de igual qualidade no que diz respeito à prospecção de petróleo... e às gajas... e à qualidade dos jaquinzinhos... e a uma data de outras merdas que, no fundo, fazem de mim um zé-parvo de primeira! Tivesse eu habilidade também para essas matérias e haviam de ver! Não havia Rhondas Byernes que me segredassem soluções milagrosas para desgraças pessoais!
Bom, prossigamos. Prossigamos que são horas de almoço e os jaquinzinhos moídos estão à minha espera. O bom do anúncio do nosso amigo e da sua sociedade unipessoal, oferecendo um lugar no departamento de Relações Públicas, apresenta, às páginas tantas, a seguinte exigência: Pretende-se candidato com apresentação cuidada, licenciada...
E aqui parei de ler, cerrei o punho e disse para mim mesmo: tu és tão bom nisto, Lápis Roído! Então não se estava mesmo a ver que ia haver espalhanço num flick-flack encarpado à rectaguarda? Cá está! Um empresário à procura de um colaborador que tenha uma apresentação licenciada. Tenho perguntas para si, senhor Primeiro Nome Segundo Nome Apelido da Sociedade Unipessoal, como é que o senhor sabe se a apresentação dos candidatos é ou não licenciada? Vai pedir o certificado de habilitações da apresentação? Vai perguntar na entrevista à apresentação se gostou da licenciatura que frequentou e se gostou do tempo em que esteve na universidade, só naquela de quebrar o gelo? E como irá o senhor testar as competências adquiridas na licenciatura pela apresentação? Ai, senhor, esclareça-me rapidamente! Os meus testículos estão, neste momento, revoltos de tanto ansiarem pelos seus esclarecimentos.
Mas olhe, enquanto espero e não espero, vendo-lhe um conselho assim para o baratucho: em vez de recomendar apresentação licenciada, assim à laia de empresário de palito ao canto da boca, experimente frequentar uma licenciatura em apresentação daquilo que escreve. Mas olhe outra vez, mais uma recomendação: não faça como o Relvas. Tal como apresentar a experiência como presidente do Rancho Folclórico de Pombal não serve para conversão em créditos académicos, a experiência como empresário de sociedade unipessoal (cujo nome fica a dever uma fortuna à criatividade e cuja elaboração de textos para inserir em ofertas de emprego deve o cérebro ao estudo científico) também não lhe vai servir de grande coisa.

sábado, 22 de outubro de 2016

E novidades?

McDonald's vai abrir mais um dos seus restaurantes. Isto, por si só, não será grande novidade, visto que o gigante do fast-food abre mais restaurantes num ano do que o Tony Carreira abre a boca para cantar alguma coisa de jeito durante todo o seu percurso na música. Porém, a inauguração deste novo espaço em particular ganha contornos mediáticos relevantes a partir do momento em que se sabe que será no Vaticano.
Como não poderia deixar de ser, esta notícia veio causar grande celeuma entre os católicos e a onda de contestação só encontra semelhante na Nazaré. O McNamara é que não está para a surfar, já o afirmou. Diz que o risco de ficar pendurado na cúpula da Basílica de São Pedro é grande e os ossos dele já não são o que eram.
Eu, para variar, não percebo o porquê de tanto aborrecimento por causa disto. É por pôrem os padres a comer carne moída? Ó senhores, isso já eles fazem há muito tempo! Afinal de contas, o que são as freiras sexagenárias?

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

"Estorce" Toni! "Estorce"!

Querem que vos conte uma história? Eh, não é preciso essa gritaria toda, pá! Vocês assim não podem ir à ópera! Já se estiverem a treinar para comentador do "Prolongamento", estão a ir muito bem. Bem, vamos lá então.
Era uma vez um rapaz chamado António, embora todos o conhecessem como Toni. O Toni era um jovem simpático, bem disposto e conciliador. Como todos os rapazes, o Toni tinha sonhos e pensou em ter um carro. Não era um carro qualquer. Era a máquina de quatro rodas que preenchia o seu imaginário desde que se lembrava de ser gente, um bólide raríssimo. Tão raro que só existia um no país, imaginem só. Acontece que esse veículo estava nas mãos de outros dois rapazes, o Pedro e o Paulo. O Pedro conduzia-o pelos caminhos que um GPS de tecnologia alemã ditava e o Paulo, no lugar do pendura, tinha o hábito de dar indicações sobre o trânsito. Por achar que o Pedro era um maçarico a conduzir, o Paulo sentia que devia intervir sempre que julgava necessário. Não tinha pejo em recorrer a medidas drásticas e, não raras vezes, deitava a mão ao volante para corrigir a trajectória do automóvel. Escusado será dizer que o ímpeto excessivo do Paulo e a aselhice do Pedro deixaram a máquina em mau estado. Ele era faróis partidos, ele era amolgadelas nos para-choques, ele era vidros rachados. Ao fim de quatro anos, o carro dos sonhos do Toni não era mais que uma lata amassada em cima de quatro rodas.
Não podendo mais conter a sua desolação sempre que via o estado do veículo que tanto queria, o Toni decidiu elaborar um plano para roubar o tão amado e, ao mesmo tempo, tão negligenciado automóvel. Percebendo que não conseguiria pôr em prática o seu plano sem ajuda, (uma vez que não tinha força suficiente para enfrentar os seus dois antagonistas), o Toni decidiu chamar dois velhos conhecidos para conseguir os seus intentos: a Catarina e o Jerónimo. Não se podiam considerar grandes amigos, visto que existia uma desconfiança entre os três. Apesar de todos caminharem pelo lado esquerdo da rua, o Toni ziguezagueava de quando em vez, o que punha os nervos em franja à Catarina (que gostava de andar num passo determinado e célere) e ao Jerónimo (que andava o mais à esquerda que podia, levando-o a embater com o ombro frequentes vezes nas caixas de correio douradas das mansões dos "porcos capitalistas"). Ainda assim, a Catarina e o Jerónimo decidiram deitar as diferenças para trás das costas e escutaram com atenção o que o Toni tinha para lhes dizer. Que tinham eles a perder? Não andavam eles a pé desde sempre? Ainda que em estado decadente, um carro erra um carro, que diabo! Melhor que andar a penantes ou deixar os rapazes marialvas a escangalharem o que faltava, ora!
Em tom conspirativo, o Toni pôs os comparsas de ocasião ao corrente da sua estratégia:
- Como sabemos, aqueles dois nabos acham que ganharam o direito de espatifar o carro durante mais quatro anos. Se não agirmos depressa, daqui a pouco não há carro para ninguém! Eles são dois, mas nós somos três e juntos somos mais fortes...
- Amor-Electro! gritou Catarina de forma eufórica.
Jerónimo, dando uma ligeira cotovelada repreendedora no braço da jovem posicionada ao seu lado, fez um sinal com a cabeça na direcção de Toni para que este prosseguisse:
- Não ligues. Ela pensa que isto é a "Roda da Sorte", do Herman José. Sempre quis ser a Ruth Rita. "Petanto", continua, se fazes favor.
Com ar trocista e irreverente, Catarina replicou:
- A "Roda da Ssorte"? Então, Jerónimo? "Deixasste" de ver "televissão" depois da queda do muro de Berlim, foi? - questionou a jovem, denunciando que era ciosa.
Toni, apercebendo-se da escalada de tensão entre os dois, resolveu intervir:
- Querem ouvir ou não?
Os dois interlocutores aquiesceram.
- Pois bem - prosseguiu Toni -, eu tenho informações seguras que me indicam que aqueles dois vão a uma festa daquelas em que só se bebe Moet & Chandon e come caviar. Escusado será dizer que os gajos vêm com um "grãozinho na asa" com o carro nas mãos. Todos sabemos que costumam estacioná-lo na Assembleia da República, não sabemos? É quando eles estiverem a fazer a manobra para arrumar o carro que nós entramos em acção. Eu abro a porta do condutor e saco o Pedro para fora e tu, Catarina, fazes o mesmo do lado do pendura. Puxas o Paulo para fora e ocupas o lugar dele. Jerónimo, tu estás um bocado para o acabado e precisas de te acomodar confortavelmente. Ficas com o banco de trás todo para ti, ok?
Jerónimo franziu o sobrolho, não estando completamente convencido:
- Então, mas se eu for sentado atrás, como é que ponho, "petanto", a cassete no rádio do carro depois de o roubarmos?
- Qual cassete, homem? - indagou Catarina, desconcertada.
- A cassete do Zeca Afonso, ora! Eu quero ouvir o "Grândola, "petanto", Vila Morena" nas viagens, que pensam vocês?! - retorquiu Jerónimo, o nervosismo a tomar conta dele de novo.
Toni, notando a agressividade a recrudescer no tom de voz do homem, tentou falar da forma mais serena que conseguiu:
- Jerónimo, o carro é moderno e já só lê ficheiros MP3 através de uma pen. As cassetes já não são usadas há muito tempo. Mas não te preocupes, todas as músicas do Zeca que quiseres pôr a tocar serão postas a tocar. A Catarina já as converteu para formato digital e vai colocá-las em reprodução assim que nos pusermos em andamento. Está bem assim?
Jerónimo hesitou por um momento, mas acabou por anuir:
- Pode, "petanto", ser.
Óptimo - disse Toni, abrindo o sorriso e preparando os seus companheiros para o que ia dizer a seguir - Como vocês sabem, aquilo está num estado lastimável e vou precisar da vossa ajuda para repará-lo em condições. Vamos precisar de bater muita chapa e consertar o que aqueles vândalos fizeram.
Sempre voluntarioso, Jerónimo disparou:
- Não há problema! "Pettanto", eu conheço um muito bom em Leninegrado, na União Soviética!
Toni respirou fundo, percebendo que contrariar o homem e dizer-lhe que a URSS já não existia não era boa ideia naquele momento. Ao mesmo tempo, o rapaz tomava consciência da dimensão do desafio que tinha em mãos enquanto Catarina ria a bandeiras despregadas.
- Ok, Jerónimo. Depois vemos isso. Vamos a eles?
- Vamos! - gritaram Catarina e Jerónimo em uníssono.
O plano foi executado segundo o estipulado por Toni, com o imprescindível auxílio de Catarina e Jerónimo. Na noite e na hora marcadas, os três tomaram de assalto a viatura, deixando Pedro e Paulo surpreendidos com o ataque. Ainda tentaram estrebuchar, mas os vapores alcoólicos e a superioridade numérica dos seus oponentes não deram chance para réplica. Tinham mesmo ficado apeados.
A muito custo, o automóvel foi reparado durante um ano. Apesar de não se encontrar em perfeitas condições, já tinha um aspecto completamente diferente. Subsistiam alguns problemas no motor, era um facto, e não andavam tão depressam quanto queriam. Nada que não consigamos resolver com mais tempo, dizia Toni aos seus coadjuvantes.
Certo dia, iam os três a bordo do automóvel quando Toni vislumbrou um lugar para estacionar. Era apertado e Toni, que tinha carta de condução há pouco tempo, estava um pouco inseguro quanto à sua capacidade para colocá-lo em tão exíguo espaço. Os seus comparsas prontificaram-se a tranquilizá-lo, dizendo-lhe que seria possível se ele seguisse as indicações que lhe iam dando. Foi Catarina a fazê-lo em primeiro lugar:
- Toni, não "tenhass" medo de te "encosstaress" à "essquerda". "Tenss" muita margem para lá. Do lado direito é que é "perigosso". "Tenss" aqui um pilar que tem a" insscrição" "Cortess" nas "penssõess" maiss baixass" e outro logo a"s seguir" que diz "Desscida" do IRC para "ass" "Multinacionaiss". Não "cheguess" o carro para aqui, "ouvisste"? Olha que "sse" "batess" "nissto", "amolgass" a lata de novo e eu já não "esstou" "maiss" para "conssertoss"! Olha para "ass" "minhas" "mãoss". Ainda "esstão" "todass" "calejadass" de bater chapa!
Jerónimo, não querendo ficar-se atrás, apontou também para a esquerda enquanto ia dizendo:
- Encosta, "petanto", deste lado à vontade, Toni. Tens aqui um passeio baixinho com "Imposto sobre Refrigerantes", "Sobretaxa no IMI sobre o património imobiliário acima dos 1,2 milhões de euros" e "Eliminação da sobretaxa no IRS". É à vontade para lá, camarada! Pode parecer apertado, mas para este lado fazes bem a manobra. "Petanto", avante!
Sabendo que as notas que ia ouvindo eram as únicas que podia seguir se quisesse manter o seu precioso bólide intacto, Toni fez o que lhe disseram. Com cuidado, conseguiu estacionar sem nenhum arranhão visível.
Satisfeitos, os três saltaram do interior da viatura e ficaram a comtemplá-la. Ah, e pensar que já lhe tinham ignobilmente chamado geringonça! Santa ignorância!
Então? Gostaram? Foi assim-assim? Muito bem, então ponham o popó novamente nas mãos do Pedro e digam que ficam com os pneus furados...

terça-feira, 18 de outubro de 2016

O trabalho engorda

Aqui em casa, as conversas são muito profundas. Se se transformassem realmente num buraco no solo alagado de água, eu era bem capaz de ficar encharcado até... aos tornozelos. Confiram comigo.
Eu: Que horas são?
Mãe: São quase oito.
Eu: Está quase na hora de dar a ração ao cão.
Mãe: Pelo trabalho que ele fez...
Eu: Oh, desgraçado. Por essa ordem de ideias, a Cinha Jardim estaria tão subnutrida que lhe chamariam a "Kate Moss de Cascais", mas em feio.
Ai, Marx! Se cá voltasses e te deparasses com um pensador como eu, falecias novamente no preciso momento em que fosses aspergido pelos borrifos da minha subtil genialidade.

domingo, 16 de outubro de 2016

O que é nacional é bem melhor!

A atribuição do Prémio Nobel da Literatura deste ano a Bob Dylan deixou o mundo inteiro perplexo e metade dele a querer invadir Estocolmo para partir as fuças ao júri da Academia Sueca.
Eu não entendo o porquê de tanta cólera por se atribuir uma distinção a um músico quando esta foi criada para premiar escritores. É o mesmo que dar o prémio MVP da época na NBA ao Messi. Que mal tem isso? O que eu contesto é a entrega do Nobel da Literatura a este músico em particular. Porquê Bob Dylan e não Quim Barreiros? O outro toca gaita de beiços (harmónica ou lá o que é) e o bigodudo de chapéu mais famoso do nosso burgo toca acordeão. «Hey, mister tambourine man, play a song for me. I'm not sleepy and there is no place I'm going to...» e mais umas quantas parvoíces ininteligíveis... Então e isto? «Qual é o melhor dia para casar sem sofrer nenhum desgosto? O 31 de Julho porque depois entra Agosto». Hã? Não é bem mais profundo? Saramago ter-se-á sentido inferior ao escutar estas tocantes palavras pela primeira vez, estou capaz de apostar.
Mas há mais. A habilidade portuguesa para a escrita não se esgota no "mestre da culinária". Atente-se bem na riqueza poética dos versos desse grande mago da literatura nacional que responde pelo nome de Marco Paulo: «Uma lady na mesa, uma louca na cama. Com a maior safadeza, você diz que me ama. E na minha cabeça, desvario e loucura. Quando você começa, ninguém mais a segura«. Vai buscar, Bob!
No entanto, não devemos cingir-nos somente aos consagrados, cujas estrondosas carreiras só encontram paralelo no assombroso percurso trafulha de José Sócrates. Devemos alargar horizontes e deter um olhar sobre os grandes valores emergentes da cultura erudita em Portugal. Mas só com máscaras para soldar. O Diabo está sempre pronto a tecê-las e não queremos desgraças oculares ao contemplar algo tão fascinante. Que dizer da nova coqueluche nacional, Maria Leal? Bem sei que um Nobel da Literatura precisa de demonstrar os seus argumentos durante todo um longo caminho passível de atento escrutínio por parte da crítica literária, mas quem já abriu uma excepção ao atribuir o prémio a um músico também pode voltar a quebrar as regras e outorgá-lo a uma estrela em ascensão. Como passar ao lado de uma letra deste calibre :«Dialectos da ternura foram mais que para mim 11 minutos de história interminável e sem fim. Extravagância nos teus olhos, como um óleo por pintar, porta fechada numa tela sem azul e sem mar. Ooooh, ooooh, Hoje Maria Leal aqui só para ti»? Reparem na excelência gramatical e lexical, na diversidade de temas e como convergem após a escolha de sentidos opostos neste labirinto filosófico. Cereja no topo do bolo, a entrega da autora na assinatura da obra. Não fosse dar-se o caso de conspurcar a imaculada composição para aqui transcrita e até era capaz de afirmar: foda-se, isto é do caralho!
Os membros do júri da Academia Sueca conservam, segundo as últimas informações, toda a dentição, apesar das ameaças de extracções sem anestesia. Todavia, elas tornar-se-ão efectivas se continuarem a ignorar o que se faz de extraordinário em Portugal. Quem vai acertar contas com vocês sou eu. Eu e o Manuel Maria Carrilho, que consegue aliar a sua reconhecida elevação cultural a uns incríveis dotes de kickboxer. É só para ficarem sabedores!

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Justo ao máximo!

A manifestação dos taxistas no início desta semana foi todo um fartote de... como hei-de eu chamar-lhe? De inopinados acontecimentos, vá. Gosto muito de usar recursos estilísticos e o eufemismo é um dos meus preferidos, mesmo quando o tema orbita em torno de fogareiros. E como é preciso cuidado para não nos queimarmos com fogareiros em brasa, acho que enveredei pela via mais inócua.
Mas voltando à "vaca fria" (quietinha, senhora Merkel! Não é nada consigo!), a manifestação foi muito rica. Ela foi carros vandalizados, ela foi gritos e impropérios, ela foi elementos de claque ressacados com a falta de chapada durante o fim-de-semana, ela foi tochas incendiárias, ela foi a Fátima Campos Ferreira em modo Godzilla num ecrã gigante em pleno centro de Lisboa, ela foi presidentes de associações defensoras dos direitos dos taxistas (nenhuma alusão velada às associações de defesa dos direitos dos animais, suas mentes ímpias) a dizerem pela alvorada que ninguém os tiraria dali e às duas da manhã a mandarem os colegas fogareiros para a caminha que os senhores da polícia já tinham olhado demasiadas vezes para o relógio da rotunda e não conseguiam manter o cacetete inerte durante mais 10 minutos... Enfim, um verdadeiro banquete para quem enche o bandulho de idiotices. Bem comparado, uma pessoa gulosa por estupidez era bem capaz de ficar um Malato pré-cirurgia de apertão no estômago.
No entanto, o pináculo do atraso mental (num dia em que a Serra da Estrela pareceu uma mera lomba rodoviária por comparação à dimensão da patologia psiquiátrico- taxista) foi a declaração de Jorge Máximo, eterno companheiro de "Barbas" no afagamento de pilosidades faciais, emborcanço de copos de três e arremesso de cascas de tremoço às focinheiras de não partidários dos seus ideais benfiquistas. Pois diz o distinto verme... perdão, conhecido taxista que, e passando a citar, «as leis são como as meninas virgens: são para ser violadas».
Chupem, americanos! Vocês têm o Trump, nós temos o Máximo! Para além do grau superlativo no apelido, ainda conduz melhor que esse burgesso, tenho a certeza. Mais: no afanamento de carteiras de turistas zé-parvos por via de corridas excessivamente longas é imbatível. Fique esse labrego desse Trump a saber que os seus compatriotas já foram à Lua, mas foi de foguetão. Queria vê-los a irem lá de táxi, como já fez o nosso Jojó, a partir do aeroporto e com um monhé no banco de trás, que só queria ir visitar os Jerónimos e a Torre de Belém. E, vai-se a ver, na porrada, no tête-a-tête, também lhe dá uma abada. Ah, pois, que ao Máximo ninguém lhe desfaz o bigode. Nem à lei de Tomahwak.
Com toda a sinceridade, este homem merecia um prémio. Mas um prémio daqueles que ninguém contesta a justiça da sua atribuição. Na minha humilde opinião, era levá-lo numa visita à África profunda como recompensa por tanta nobreza de carácter demonstrada. Entregue a meia-dúzia de simpáticos congoleses... ou sudaneses... ou moçambicanos... ou senegaleses... ou togoleses, era dizer aos anfitriões: o rabo do nosso valentaço é como o cofre secreto do Ricardo Salgado: é para ser arrombado!
Então, Lápis? Para onde foi o eufemismo? Queiram perdoar, mas bebi daquele chá que os taxistas tomam em abundância, feito à base de cevada, e a deriva para a escrita pomposa perdeu-se na loiça sanitária por excreção urinária.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Como é bela a vida na horta!

Quão erótica pode ser uma horta? Muito, dirão os capatazes que surpreendem as distraídas donzelas que andam na apanha do melão. Mas não me refiro a esses, que gostam de afiar a navalha em moca alheia. Falo mesmo de alguns produtos hortícolas e às suas variadíssimas qualidades.
Toda a gente gosta de uvas, exceptuando aqueles esquisitinhos que não suportam encontrar grainhas nos bagos. A pergunta é esta: e quantos gostam de comer picha-de-galo? Sim, a uva picha-de-galo é uma variedade bastante apreciada, até lhe descobrirmos o nome. Tu não contas, Goucha, nós sabemos.
A abóbora é bastante apreciada na cozinha mediterrânica, uma vez que possui um elevado valor nutricional e por isso é incluída com frequência na sopa. Então e digam-me lá: vocês andam a pôr o cu de mulher dentro da panela? Pois claro, existe uma variedade com esse mesmo nome, o que significa que o cu-de-mulher se pode comer de várias formas. Para quem não for esquisito.
Ah, lá está ele armado em parvo, a inventar e não sei quê. Até admito que a primeira premissa seja uma grande verdade, mas não estou a inventar nada! Olhem, só para vocês: tomate-chucha!

domingo, 9 de outubro de 2016

Estava escrito nas estrelas

Não encontro nenhum apelido mais premonitório do que o de Amy Winehouse. Até parece que quem decidiu adoptar este apelido pela primeira vez já antevia a perdição de uma sua descendente em todo o lugar onde se encontrasse uma garrafinha de tintol.
Melhor, melhor, melhor só se algum antepassado de Donal Trump tivesse a excelente ideia de se auto-denominar Shithead!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Ironias diplomáticas e matemáticas

A eleição para o cargo de secretário-geral da ONU podia ter sido porca, porca, porca por causa de uma senhora que é Kristalina.
Felizmente, o nosso António pôde fazer conta com 13 votos a favor da sua candidatura. Melhor sorte teve que aqueles que fizeram conta com a sua capacidade para fazer boas contas de cabeça.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Sentimentos enTesados

Gosto muito do Salvador Martinha. Tanto, tanto, tanto que até quero dar-lhe dinheiro a ganhar. A minha ideia consiste em transformar o rapaz na cara de uma campanha publicitária de uma marca bem conhecida de todos nós: a Tesa.
Imaginem isto: um outdoor do tamanho de um camião, a imagem do Martinha (se estivesse a escrever no Word, já estava a comer com um erro de concordância no lombo. Abençoado sejas, Blogger!) com a boca enrolada em três metros de fita adesiva. Sim? Agora a mensagem publicitária: «Não é fita, é mais que isso. Conseguimos calá-lo!». Por fim, a assinatura: «Powered by Tesa»
Tão bom, não é? Melhor, melhor só concretizado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Salvar o país: primeira tentativa

Se há coisa que agradeço diariamente a todos os santos, anjos e arcanjos, essa coisa é o avanço tecnológico. Podia falar-vos de milhares de exemplos de benefícios que a tecnologia nos tem trazido, mas prefiro focar-me num daqueles mais básicos e que, com toda a probabilidade, poucos lhe reconhecem o real valor. Falo do corrector ortográfico e gramatical dos softwares computacionais.
Que maravilha que é ter uma ferramenta destas quando queremos escrever um texto cuidado, ordenado e livre de erros. Não fosse a sua existência e quantos de nós não teríamos posto a pata na poça de forma vergonhosa? Quantos de nós não teríamos levado um valente raspanete do patrão por termos dado aquele terrível pontapé na gramática na elaboração de um e-mail importante, ainda que tenha sido motivado pelo decote acentuado da mamalhuda da contabilidade? Pois é, os sublinhados vermelhos do Word e dos browsers dão um jeito do camandro!
Ora se é um facto que este instrumento é de uma utilidade extrema na procura da escrita perfeita, não é menos verdade que existe uma lacuna na correcção da oralidade. Que bom seria haver algo que desse ao autor da calinada a indicação que estava a agredir à pantufada de força a pobre da língua portuguesa, obrigando-o a reflectir sobre o acto e, automaticamente, pondo-o a falar como um mago da retórica.
Se fosse algo idêntico ao corrector ortográfico e gramatical dos programas de computador, teríamos os analfabrutos com os lábios pintados de vermelho e orelhas de burro verdes em substituição das ditas normais (as suas não contam para o conceito de normalidade ao nível dos talos, Luís Filipe vieira) a cada espalhanço na arte de bem falar. No entanto, estou em crer que esta não seria a melhor solução. O prevaricador não veria o estado em que se apresentava aos seus interlocutores, afastando a função pedagógica desta ideia de correcção. Quando muito, serviria para acicatar a vontade de rir de quem o estivesse a ouvir. Teria, então, de ser algo que indicasse a falha de forma sonora, de modo a que não restassem quaisquer dúvidas ao infractor acerca do seu disparate linguístico.
Sempre empenhado na busca de soluções que constituam um progresso para a Humanidade, este que vos escreve, após três quartos de hora e meio garrafão de água-pé velha já voltado, conseguiu encontrar a salvação dos escoiceadores do português. Preparem-se para mais uma demonstração cabal da minha prodigiosa capacidade intelectual. Isto pode ser um upper-cut mental e recomendo que vos protegeis. Aí vai ele: de cada vez que se verificasse uma biqueirada na expressão oral, vinha a amiga Olga e o gajo do gongo dourado sinalizar o atropelo do português. Ela gritava "uauuu!" e o artista dava logo uma martelada no gongo. Em seguida, aparecia o Diogo Infante, dizia «cuidado com a língua!» e emendava o que estava errado. Uma ideia vencedora, não?
Suspeito que as conferências de imprensa de Jorge Jesus e as conversas entre os concorrentes do "Secret Story" e Teresa Guilherme nas noites de nomeações se transformassem numa conjugação perfeita (naquilo que pode haver de perfeito nisto...) entre o som ambiente de um filme pornográfico e um concerto de gongo, tornando-se o seu executante um exímio imitador de um pandeireta de tuna universitária. Já o pobre do Diogo poderia ficar com a boca seca de tanto corrigir em tão pouco tempo, pelo que se faria acompanhar de um garrafão de água do Lidl. Devias pensar que a água-pé era para ti... Pffff!

sábado, 1 de outubro de 2016

Somos pela inclusão!

Sabem porque é que o Quaresma só usa o Google? Pelo interface simples e de fácil utilização? Pela rapidez na pesquisa? Pela disposição bem ordenada dos resultados? Errado!
Porque tem medo do Sapo.
No entanto, o Bloco de Esquerda prepara-se para resolver este problema, comum a toda a comunidade cigana portuguesa. O partido liderado por Catarina Martins está em diálogo com o Governo, pressionando o executivo de António Costa a legislar sobre a denominação dos portais de Internet. No entender dos bloquistas, nenhuma denominação pode ser atentatória do bem-estar de toda e qualquer comunidade e aquelas que possam ferir a susceptibilidade de uma minoria étnica ou racial terão, obrigatoriamente, de ser alteradas e eliminar qualquer ícone visual a si associadas passível de ser interpretado como discriminatório.
Por isso, não será de espantar que passemos a entrar na Rã, cujo logótipo poderá assemelhar-se à imagem do referido anfíbio.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O macaco veio de Londres para alterar o meu código genético

A minha sobrinha-pirralha não pode ver-me entrar em casa que abala a correr direito a mim a gritar: «macacos, macacos»!
Não, não sou sósia do Tony Ramos, seus abutres por bizarrias! É apenas a criaturinha a utilizar a sua linguagem muito própria para pedir que lhe mostre o clip dos Coldplay, "Adventure of a Lifetime".
A repetição é diária e temo que comece a produzir efeitos secundários. Como já não bastasse a irritação que me causa a deriva de Chris Martin e sus muchachos para a pop comercialona mete-nojo, começo a achar que a exposição frequente a tanta macacada far-me-á trepar bananeiras e atirar os meus próprios dejectos em várias direcções muito em breve, contrariando a teoria da evolução das espécies de Darwin. Se isso acontecer, para além de tingir as paredes de casa com uma nova tonalidade, pode ser que também comece a fazer pontaria a quem provocou a inversão do processo de evolução animal. U-u-u-ah-aha-aaaaah!

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Humor negro reloaded

O que faz um afro-americano ao passar pela montra de uma loja que tenha afixada uma folha A4 com as palavras "liquidação total" inscritas?
Perscruta o interior do estabelecimento comercial em busca dos polícias. Não os encontrando, olha em seu redor e continua a tentar descortinar a sua presença nalguma posição de tiro privilegiada. Ainda não convencido, larga a correr como o Tom Hanks no "Forrest Gump", mas em preto.

domingo, 25 de setembro de 2016

Humor negro

O que falta a um afro-americano para evitar ser alvejado numa operação policial nos Estados Unidos? Será diálogo? Será calma para se manter frio numa situação de evidente tensão? Será vontade de acatar as ordens dos agentes da autoridade? Não, não, não. Três vezes não! É mais simples que isso.
Uma trincha e uma lata de tinta em tons de salmão.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Se o pai tivesse sido vasectomizado...

A herança genética é, efectivamente, uma evidência científica comprovada por não sei quantos milhares de estudos, que, a meu ver, são completamente dispensáveis quando a realidade nos entra pelos olhos dentro com tanta frequência e com tanta força que nos deixa zarolhos. Por exemplo, quando um dos progenitores é a estupidez em forma de gente, dificilmente não transmitirá o gene da estupidez à sua prol. O descendente poderá ser só estupidozinho, equiparar-se em estupidez aos pais )ou a um deles) ou, num cenário mais assustador que o de termos Hitler, Mussolini e Estaline ressuscitados e como finalistas da próxima edição do "Secret Story", conseguir elevar a estupidez ao quadrado, mas dificilmente não será estúpido de nascença. Querem uma prova cabal do que vos digo? Pois bem, não perdem pela demora: donald Trump Jr.
Seguindo as pisadas ao seu rico paizinho, o "acéfalo júnior" publicou um tweet com a comparação que para aqui transcrevo, pedindo desde já desculpa a quem acabou de comer: «Se tivesse uma tigela de Skittles e eu lhe dissesse que apenas três deles podiam matá-lo, tiraria uma mão-cheia? É este o nosso problema com os refugiados sírios».
Não satisfeito com a truculência que lhe corre nas veias e danadinho por dinheiro como é todo o bom elemento da família Trump (pausa! Reparem na antítese quando colocamos o adjectivo "bom" na mesma frase em que se encontra o apelido Trump), deve ter leiloado o talento para metáforas, comparações e analogias há muito. Quem fez a maior licitação não só deve ter ficado bem servido como ainda terá pago uma verdadeira fortuna pela incrível qualidade do rapaz. Na loucura, uns 40 dólares.
Para mim, torna-se penoso ler tamanha alarvidade sem ripostar com algo do género, mas em bom. Vou, por isso, partilhar convosco este meu exercício de libertação. Estão prontos? Cintos apertados? Capacetes enfiados? Fraldas bem colocadas? Ok, here we go:
Se um anjo caído na Terra tivesse a feliz ideia de raptar cada um dos integrantes desta distinta família, os enfiasse numa câmara frigorífica, dispondo-os no chão por forma a parecerem uma rosa-dos-ventos humana, fizesse em seguida baixar a temperatura aos 350 graus negativos, garantindo assim a sua preservação no frio durante séculos e, consequentemente, conseguindo evitar o perigo das suas acções nefastas, será que apareceria um novo rebanho de ovelhas rebeldes a querer tomar conta do mundo? É esta a minha grande dúvida do momento.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Para grandes males, grandes remédios!

O total desconhecimento daquele jornalista francês em relação à identidade do Presidente da República Portuguesa terá deixado Marcelo Rebelo de Sousa bastante frustrado. Então anda um homem a esfalfar-se para estar em dois locais em simultâneo, passa noites em claro para poder ouvir o mais inaudível dos sussurros dos vizinhos da frente no seu ninho de amor (para assim poder ter uma opinião bem sustentada sobre o desempenho sexual do casal quando questionado sobre o assunto pelos media), põe as transportadoras aéreas a definir a rota Lisboa-Berlengas-Maputo-Funchal-Katmandu-Estocolmo-Zagreb-Mogadíscio-Adis Abeba como prioritária e vem um ranhoso de um "avec" dizer que não conhece a eminente figura presidencial? Mas que vem a ser isto? Querem mais arroz Cigala igual ao que comeram no Europeu?
Tenho para mim que os próximos tempos vão ser muito animados. Se todas as tentativas para aparecer não têm sido suficientes para tornar o senhor Presidente conhecido em Paris, então Marcelo terá de usar a "artilharia pesada". José Manuel Coelho tecerá loas ao professor quando o vir como intérprete de arte circense, fazendo equilibrismo com pratos de sopa giratórios na ponta de canas-da-índia, circulando na Ponte Vasco da Gama montado num monociclo e levando a cabo um número arriscadíssimo como homem-bala, disparado na direcção da Torre dos clérigos.
Se tudo isto não servir para mostrar aos franciús a fibra de que é feito o nosso Marcelo, então que suba a Torre Eiffel em modo Homem-Aranha. É certinho que lhe darão destaque. Mais que não seja, depois de o alvejarem por pensarem que se trata de um terrorista tresloucado e exibicionista.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

A alucinação virtual do infeliz

Quando se surfa pela Internet, existe a forte probabilidade de se embater com estrondo em lixo cibernético, partir a "prancha" e ficar a modos que meio desorientado na corrente virtual. Se o "surfista" se puser armado em aventureiro, apanhando "ondas" de qualidade duvidosa (que ninguém terá a petulância de aqui afirmar que correspondem a sites de poucas-vergonhas e contorcionismos em nu integral) em "spots" pouco recomendáveis, então é certinho que a queda vai ser feia e digna de caber nos maiores espalhanços do ciberespaço.
Reparem nisto: um gajo anda por aí distraído, provando o quão interessante consegue ser a vida nas alturas em que está livre de afazeres de importância superior (como é, inegavelmente, a colagem de posters de Tony Carreira e sua prol em todas as paredes da casa), quando se depara com três anúncios capazes de fazer saltar os globos oculares das órbitas do mais empedernido dos seres humanos. Numa sequência vertical, exactamente por esta ordem, surgiam as apelativas frases: «Deseja perder peso? 6kgs numa semana se beber isto»; «Ele ganha 4920€ em casa»; «This unbelievable Asian woman wants to meet you!».
Não consegui deixar de olhar para aquele lote de pérolas publicitárias como um canivete suíço na resolução de problemas relevantes na vida de um homem. O que aquele pot-pourri de milagrosas soluções não fará por um indivíduo que seja mais gordo que o João Gobern e o José Manuel Freitas juntos, que esteja mais teso que um carapau ao sol na Nazaré e que seja mais encalhado que o "Costa Concordia", pensei eu.
Na minha mente, tornou-se uma impossibilidade não estabelecer logo ali um encadeamento lógico entre aquelas três mensagens. Comecei a imaginar algo tão plausível quanto isto: a pessoa compra aquela restemenga, toma-a em doses industriais, as suas banhas jorram pelo olho do cu em forma de notas de 50€ ainda antes de conseguir chegar à retrete, aparece uma chinesa parecida com a Lucy Liu, sorridente e solidária com o "drama" alheio, a perguntar, lá na lengalenga chinesa dela, se o indivíduo pretende ter as suas nalgas lavadas com água de malvas. O gajo, ainda meio atordoado pela abrupta mudança de sorte, aprende mandarim ainda mais rapidamente que o tempo que levou a cagar milhões, responde que sim, gaguejando e expelindo perdigotos salivares. A rapariga, sempre prestável, atira-se à tarefa para a qual se ofereceu e ainda saca umas quantas moedas de euro das badanas do cu do homem, meros resquícios do jackpot rectal. E a vida do desgraçado muda radicalmente depois do milagre que a Internet operou nela.
Moral da história: a felicidade começa no ponto onde o juízo termina.

domingo, 18 de setembro de 2016

Tragam a fita métrica!

Um estudo recente dedicou-se a uma temática que interessa tanto a homens como a mulheres: o tamanho do pénis. Nele conclui-se que Portugal ocupa o 23.º lugar neste ranking sui generis, tendo os pénis portugueses uma média de 13,4 centímetros. No topo da tabela surge a República Democrática do Congo, país africano onde a média chega aos 17,9 centímetros.
Como costuma dizer-se, ninguém gosta de perder nem a feijões. O mesmo acontece quando se trata de "pepinos". Por essa razão, há países a levarem este ranking muito a sério e a disputarem os serviços dos maiores pénis do mundo, com o objectivo de verem a sua posição melhorada. Rocco Siffredi, o actor porno italiano dotado de uma tromba de elef... perdão, de um tronco de eu calip... ai, que se passa comigo hoje? De um pénis de 26 centímetros, queria eu dizer! Pois, continuando... Rocco Siffredi está a ser aliciado para se naturalizar chinês, à semelhança daquilo que acontece nas selecções nacionais desportivas, ajudando assim a melhorar o estatuto da potência asiática no campo da dimensão do mangalho.
Não querendo adiantar pormenores, posso apenas dizer que estou em negociações avançadas com as autoridades da Tailândia para me tornar cidadão daquele país. É que a sua média de 9,4 centímetros de pila não orgulha ninguém, não é verdade? E se as boas oportunidades surgem poucas vezes na vida, como poderei eu desperdiçar esta? Por isso, é bastante provável que passe a escrever-vos de Bangkok muito em breve.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Tu queres ver que...

O juiz Carlos Alexandre, que tem em mãos o destino da "Operação Marquês" e de mais 3923 outras acções judiciais, disse, em entrevista à SIC, que «tem de trabalhar porque não tem dinheiro nem contas bancárias em nome de amigos», numa clara alusão ao mediático processo e ao seu principal arguido, José Sócrates. Há quem acredite na forte possibilidade de o magistrado ter proferido estas declarações com o propósito de ser afastado da condução do caso judicial pelo Conselho Superior de Magistratura.
A fazer fé nesta ideia, é impossível não estabelecer um paralelismo entre esta situação e aqueles casos de jogadores que não estão satisfeitos com o desenrolar do jogo e dão duas sarrafadas de fazer saltar caneleiras no espaço de cinco minutos para assim se fazerem expulsar. Ou podemos ainda comparar o senhor doutor juiz àqueles cozinheiros que estão fartos de trabalhar naquele restaurante, largam um frasco de laxante no tacho do arroz de marisco para provocar uma valente cagamerdeira nos clientes e assim garantir o seu despedimento.
Se esta teoria da tentativa da auto-exclusão estiver errada, então temos um problema dos grandes com o juiz e que só pode ser resolvido por um mecânico competente: trata-se de parafusos mal apertados na junta da cabeça. Rezo para que o profissional habilitado na área, de macaco vestido e banhado a Castrol do alto do cocuruto até à base do calo no pé, não deixe lá ficar a sextavada esquecida depois de terminado o serviço.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Aproveitem! O senhorio é um doce!

É uma notícia que há muito se aguardava e que é finalmente confirmada: o Palácio de Belém está agora disponível para arrendamento. Segundo o gabinete de comunicação da Presidência da República, o proprietário actual tomou a decisão com base no pouco tempo de ocupação registado e o arrendamento vem fazer face às despesas de manutenção do imóvel.
Segundo a mesma fonte, os interessados terão de aceitar uma cláusula contratual que prevê a salvaguarda do usufruto por parte do senhorio de um dos anexos do emblemático edifício, residência oficial do Presidente da República.
"Esse anexo está equipado com um saco-cama, onde o Senhor Presidente dormirá as suas três horas de sono diárias de que necessita. A única peça de mobiliário presente é uma estante do IKEA, que o próprio senhor Presidente montou e onde colocará os 32 livros que lerá durante o tempo que ali passar. Umas 4 horas por semana, no máximo. O último elemento que podemos encontrar no interior do anexo é um frigorífico. O senhor Presidente poderá lá encontrar500 gramas de fiambre da perna extra, para que possa confecionar as sandes para as suas refeições. O senhor Presidente não necessita de mais nada", concluíu o assessor de comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa.
Especula-se onde fará Marcelo Rebelo de Sousa a sua higiene pessoal, uma vez que o anexo não possui casa-de-banho. Não tenho ainda (sublinhe-se o "ainda") como confirmar esta ideia, mas ouvi uns zunzuns acerca da forma como tomará banho. Com o Tejo a estender-se ali tão perto e com a experiência já adquirida em ocasiões anteriores, a próxima grande atracção turística lisboeta será a aparição mais ou menos frequente do popular Presidente a banhar-se nas águas do rio. Em pelota, com champô Johnson's Baby e gel de banho Sanex.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Dêem à luz, seus machões!

Existem conversas que são intelectualmente elevadas, existem conversas que não são boas nem são más, mas sim uma valente merda (sinta-se cumprimentado, senhor Pedro Arroja) e depois existem as conversas que parecem oriundas de outro planeta. Neste último caso, sinto, muitas vezes, que vos escrevo a partir de Saturno e que a sala de jantar cá de casa é o palco privilegiado para extraterrestres dirimirem os seus argumentos. Não se espantem, portanto, se um destes dias se cruzarem com indivíduos de pele esverdeada a passear descontraidamente pelas ruas e avenidas das vossas aldeias, vilas e cidades. É possível que seja um dos elementos da minha família a tentar obter dados relevantes do quotidiano terrestre para alimentar as nossas conversas às refeições.
Aqui há uns anos, e quando começou a ser debatido o tema da co-adopção, o meu pai (que julgo ter saído numa dessas missões que supra-referi) dispara esta bala à hora do jantar:
- Epá, então diz que os gays querem ter filhos?
Eu, que já tinha ouvido qualquer coisa a respeito, desviei-me do trajecto do projéctil  e retorqui:
- Sim, querem adoptar. Normal.
O meu pai, não satisfeito, voltou a carregar a "arma" e tornou a premir o gatilho:
- Hum... não, não! Não foi isso que eu ouvi! Querem ter filhos biológicos!
Eu, que comecei a medir o tamanho da insanidade daquela história com uma fita métrica de dois quilómetros totalmente distendida, voltei a desviar-me do tiro. Respirando fundo, num tom ponderado e sensato (mas ainda longe daquilo que consegue, por exemplo, um Eduardo Barroso), resolvi indagar:
- Então e como é isso possível? E depois saem por onde? Pelo cu?
A minha irmã, menos avisada, foi atingida em cheio pelo balázio do meu pai. Acho que foi ainda meio atordoada pelo impacto da conversa que proferiu a brilhante frase, capaz de arrebatar o Prémio Nobel da Medicina:
- Ah, então pode ser por cesariana...
Naquela altura, senti-me como se estivesse numa qualquer favela carioca invadida pela polícia. Ele era tiros da esquerda, ela era tiros da direita e eu no meio. E o problema é que o armamento utilizado não era de pequeno calibre. Eu estava a ser torpedeado, minha gente! Torpedeado! A minha irmã, mesmo atingida pela brutalidade do tiro paterno, parecia ter gostado da sensação e também ela disparava parvoíces em tom tolinho. Que fazer? Bem, resposta simples: usar os meus básicos conhecimentos de anatomia humana, aparentemente chutados a botas de biqueira-de-aço das memórias dos meus familiares:
- Mas vocês estão malucos? Como querem vocês conceber uma criança num corpo masculino, onde não existem ovários, nem trompas, nem útero?
Silêncio. Provavelmente, um silêncio contemplativo, em homenagem à minha saúde mental (vá-se lá saber como...) ainda em perfeitas condições. O mutismo só foi quebrado uns vinte segundos mais tarde, quando a minha sobrinha levantou a inocente questão:
- Avô, tens combustível na nave? Gostava de ir dar uma voltinha à Terra...