segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Dêem à luz, seus machões!

Existem conversas que são intelectualmente elevadas, existem conversas que não são boas nem são más, mas sim uma valente merda (sinta-se cumprimentado, senhor Pedro Arroja) e depois existem as conversas que parecem oriundas de outro planeta. Neste último caso, sinto, muitas vezes, que vos escrevo a partir de Saturno e que a sala de jantar cá de casa é o palco privilegiado para extraterrestres dirimirem os seus argumentos. Não se espantem, portanto, se um destes dias se cruzarem com indivíduos de pele esverdeada a passear descontraidamente pelas ruas e avenidas das vossas aldeias, vilas e cidades. É possível que seja um dos elementos da minha família a tentar obter dados relevantes do quotidiano terrestre para alimentar as nossas conversas às refeições.
Aqui há uns anos, e quando começou a ser debatido o tema da co-adopção, o meu pai (que julgo ter saído numa dessas missões que supra-referi) dispara esta bala à hora do jantar:
- Epá, então diz que os gays querem ter filhos?
Eu, que já tinha ouvido qualquer coisa a respeito, desviei-me do trajecto do projéctil  e retorqui:
- Sim, querem adoptar. Normal.
O meu pai, não satisfeito, voltou a carregar a "arma" e tornou a premir o gatilho:
- Hum... não, não! Não foi isso que eu ouvi! Querem ter filhos biológicos!
Eu, que comecei a medir o tamanho da insanidade daquela história com uma fita métrica de dois quilómetros totalmente distendida, voltei a desviar-me do tiro. Respirando fundo, num tom ponderado e sensato (mas ainda longe daquilo que consegue, por exemplo, um Eduardo Barroso), resolvi indagar:
- Então e como é isso possível? E depois saem por onde? Pelo cu?
A minha irmã, menos avisada, foi atingida em cheio pelo balázio do meu pai. Acho que foi ainda meio atordoada pelo impacto da conversa que proferiu a brilhante frase, capaz de arrebatar o Prémio Nobel da Medicina:
- Ah, então pode ser por cesariana...
Naquela altura, senti-me como se estivesse numa qualquer favela carioca invadida pela polícia. Ele era tiros da esquerda, ela era tiros da direita e eu no meio. E o problema é que o armamento utilizado não era de pequeno calibre. Eu estava a ser torpedeado, minha gente! Torpedeado! A minha irmã, mesmo atingida pela brutalidade do tiro paterno, parecia ter gostado da sensação e também ela disparava parvoíces em tom tolinho. Que fazer? Bem, resposta simples: usar os meus básicos conhecimentos de anatomia humana, aparentemente chutados a botas de biqueira-de-aço das memórias dos meus familiares:
- Mas vocês estão malucos? Como querem vocês conceber uma criança num corpo masculino, onde não existem ovários, nem trompas, nem útero?
Silêncio. Provavelmente, um silêncio contemplativo, em homenagem à minha saúde mental (vá-se lá saber como...) ainda em perfeitas condições. O mutismo só foi quebrado uns vinte segundos mais tarde, quando a minha sobrinha levantou a inocente questão:
- Avô, tens combustível na nave? Gostava de ir dar uma voltinha à Terra...

27 comentários:

  1. Olha que com o avanço da medicina, eu sinceramente já não digo nada....
    Beijinhos

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    1. Ai, não digas isso, pelo amor de Deus! Não dês mais ideias aos extra-terr... perdão, à minha família! :P Beijinhos

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  2. No meio de tudo isso, a tua sobrinha é que teve a pergunta mais pertinente ahahah

    r: O resto da viagem vem nas próximas publicações :)
    Ah! Pois, não brinco em serviço :p
    Obrigada!

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    1. Mesmo que essa pergunta não tenha sequer sido formulada e tenha seja apenas fruto da minha imaginação :P
      Vou estar atento. Andreia pela Península Ibérica, capítulo muitos :P

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    2. Então se é fruto da tua imaginação já não é pertinente ahahah

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    3. Ai, tantos miminhos! Assim estragas-me com tanta doçura! :P

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  3. Olha, não é preciso ser gay para ter um filho pelo cu. Na assembleia da república às vezes os debates parecem ser entre gajos que foram cagados. eheheheheheh

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    1. Oh, e é preciso irmos tão longe? É só sairmos do portão para fora e damos logo de cara com meia-dúzia deles :P

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  4. Havia de ser giro, havia. Toca a meter o combustível na nave para zarpar daqi para fora enquanto é tempo :)))

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    1. Tenho uma família que vê muito à frente. Tão à frente que muitas vezes acho que não são deste mundo :P

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  5. Eheheh...estas crónicas familiares são o máximo!!

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    1. Obrigado, obrigado. Vou transmitir aos restantes elementos familiares para assim se sentirem mais motivados para... criar, digamos assim :P

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  6. Isto faz-me lembrar as Conversas à mesa xD é com cada uma que mais parecem duas!

    Beijinhos,
    O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

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    1. Não há família que "não fume deste tabaco", não é? :P Beijinhos

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  7. Hilariante! Pronto, já conseguiste fazer-me rir, feita tontinha para um computador :D
    A propósito lembrei-me desta:

    https://youtu.be/-T4YaeV16a0

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    1. Grazie, grazie! :D Pronto, a satisfação do cliente é o orgulho do palhaço :P
      LOL isto está muito giro! Para mim, o problema maior seria não ver o "pinto" :P

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  8. Lol, sempre com um refinado sentido de humor. Divirto-me a ler-te :))

    Bjocas

    Prazeres e Carinhos Sexuais

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    1. Olá, Filipa! :) Obrigado! É bom ter-te por aqui e saber que gostas das minhas parv... das minhas dissertações :P Beijinhos

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  9. Ahahahahahah... nunca na vida tinha lido história semelhante!!! :p. A saída da tua sobrinha foi bri... wait for it...lhante, brilhante!!
    Mas deixa que te diga, Lapisito, que não te estás a lembrar de um transexual que seja homem no exterior mas que tenha mantido os órgãos que permitem a reprodução... ah, pois é, bebé!! E não venhas dizer "eu disse gay e não transexual" porque pode ser os 2, lembro-me duma rábula maravilhosa da Rueff há muitos anos que era isto mesmo ;)

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    1. Pois... Como poderias tu ter lido semelhante coisa noutro sítio? Aqui prima-se pela originalidade e salvaguarda-se o sigilo total :P
      Eu até me lembro bastante bem do caso do transsexual que estava grávido... Só que não me deu jeito referi-lo na conversa :P Mas não é a mesma coisa, desculpe lá. Há gays que não são transsexuais, transsexauais que não são gays e até heterossexuais, espanta-te, que não são gays nem transsexuais! Como é isto possível? :P

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  10. Bom,eu acho isso uma estupidez pegada :) mas já não digo nada.

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    1. Bom, eu cá acho que isso é um belo de um elogio. É que é mesmo isso: estupidez pegada. Não tive outro objectivo que não fosse contar histórias no domínio da estupidez, da parvoíce, da imbecilidade quando abri este espaço. Por isso, e a menos que esteja enganado na análise, perdeste o teu tempo quando vieste aqui tentar insultar. Podes sempre dizer mais coisas com o mesmo teor. Eu agradeço ;)

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    2. Eu não perco tempo a insultar ninguém, tenho mais que fazer e não foi essa a educação que me deram. Quando disse estupidez pegada referia me aos gays terem filhos, nada mais.

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    3. Olha que se não foi teu propósito insultar, qualquer pessoa que por aqui passasse e visse o que escreveste ficava com essa impressão. Já a mim, como te disse, soou a elogio.
      É evidente que é estupidez. De tão surreal que foi a conversa, peguei nela, moldei-a e coloquei-a aqui. Acho que se enquadra inteiramente no contexto deste blog e ajuda-me na consolidação da ideia que quero pôr em prática na blogosfera. Posso não ter ganho mais uma fã, mas pouco importa. Manter-me-ei fiel àquilo a que me propus aqui fazer e não consigo ganhar maior prémio que esse.

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    4. Não tenho que causar boa impressão, nem sou impressora :)

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    5. Pois, mas a difundir frases feitas sem grande conteúdo és óptima. Enfim, cada um trilha o caminho que mais lhe apraz. Ou que consegue trilhar... Uma boa noite

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  11. r: Não tens que agradecer, ainda bem que pude ajudar :p

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Se vêm para contestar, fiquem quietinhos e caladinhos. Isto não é minimamente democrático e quem manda aqui sou eu! Por isso, só são permitidos afagamentos de ego, mas com jeitinho! Demasiada fricção deixa-me o pelo eriçado, tipo gato assanhado. Não é bonito!