terça-feira, 29 de novembro de 2016

Ensaios sobre bolsa, carteira e porta-moedas

O Governo completou, no último Sábado, um ano. Para assinalar a efeméride, foi levada a cabo uma iniciativa original, na reitoria da Universidade de Lisboa. Basicamente, esta consistiu numa entrevista feita ao elenco governativo por parte de cidadãos comuns, escolhidos pelo Instituto de Ciências Sociais segundo critérios económicos, geográficos e etários. Foram sessenta representantes da sociedade civil que tiveram a oportunidade de questionar os governantes acerca dos mais variados temas durante cerca de hora e meia.
A dada altura, Lara Ribeiro, de Almada, lembrou-se de sacar esta pertinente questão: «Sou acionista do Banif. Será que posso reaver o dinheiro que investi?» António Costa, num misto de "what the fuck?!" com a simpatia que lhe é característica, replicou a pergunta: «Como acionista?!» A repetição deixava no ar a insinuação de que o primeiro-ministro tinha achado a questão bastante estúpida, mas Costa não quis que restassem dúvidas. Colocou no rosto uma expressão de quem quer perguntar "há quanto tempo tiveste um traumatismo craniano grave?" e exclamou, no tom mais complacente que se pode ter numa situação destas: «Não».
Eu penso que, depois deste episódio, uma das grandes medidas deste Governo nos próximos tempos seria a introdução de um programa na grelha da RTP, a passar em horário nobre, que tivesse o único e exclusivo objectivo de explicar aos portugueses como funciona uma sociedade anónima cotada em Bolsa, que desse a clara noção do que podem ser os benefícios e, sobretudo, os riscos de um investimento. Dava um certo jeito ao pessoal perceber por que carga d'água as acções valorizam e desvalorizam ou, numa linguagem simples de perceber para lobotomizados, porque é que a setinha ora é verde e está para cima, ora é vermelha e está virada para baixo. Evitavam-se estes momentos que fazem lembrar um diálogo entre um dromedário e uma chinchila.
Como foi tida como bem sucedida, a iniciativa tem já prometida uma reedição na comemoração do segundo ano desta legislatura. Epá... Como é que eu hei-de dizer isto? Uh... É assim... Isto foi giro, sim senhor, muito engraçado aproximar a sociedade dos governantes, mas... não se metam nisso, pelo amor de Deus! Não dá para juntar essa malta toda, cantar os parabéns, soprar as velas enquanto são disparados canhões de confetti? Não é isso que têm as festas dos meninos de dois anos? Bem mais apropriado. "... para o menino Governo, uma salva de palmas! Eeeeeeh!" Hã? Não pode ser? É que eu estou capaz de apostar uma falangeta em como, no próximo ano, vai aparecer um indivíduo com esta questão: «Sou traficante de droga. Como não descontei toda a vida para a Segurança Social por ter uma actividade profissional não reconhecida, tenho direito a reforma?» Melhor, melhor! Aposto o badalo de uma orelha em como vai aparecer um artista a colocar esta questão: «Sou autarca, um corrupto de primeira que empochou 2,5 milhões de euros por conta de uns favorecimentos a uns rapazes endinheirados. Posso construir uma mansão com treze quartos, duas salas para baptizados e uma piscina olímpica sem medo de ser apanhado pela PJ?» Espera, espera! Bem orientadinho, ainda lá vai aparecer um rapaz assim para o gordito a elaborar o seguinte dilema: «Sou o Taraabt. Devo ser considerado jogador de futebol?»
Senhor primeiro-ministro, reveja lá a sua posição. Evite mais momentos constrangedores para este país. Olhe que Bruxelas não tira os olhos de nós e ainda nos manda para a primária aprender o nome dos rios e das serras.

domingo, 27 de novembro de 2016

"Hasta la cueva, ahora!"

Fidel Castro, o histórico líder da revolução cubana, faleceu ontem. Apesar de estar oficialmente afastado do poder desde 2006, "El Comandante" continuava a ter grande influência nos destinos políticos da ilha caribenha e a sua morte constitui um rude golpe nas convicções daqueles que achavam que mais depressa vinha a Sierra Maestra Abaixo do que viam Fidel bater as botas.
Não consigo dissociar este acontecimento da visita oficial de Marcelo Rebelo de Sousa a Cuba há precisamente um mês atrás. Na minha opinião, tem que se estabelecer um paralelismo imediato entre este encontro e a morte de Fidel. Pese embora o facto de ter sido descrito pelos envolvidos como um «encontro amigável», tenho informações sólidas de que foi tudo menos isso. A coisa começou a azedar logo à chegada, quando o bom do Marcelo, à boa maneira portuguesa, estendeu a direita para cumprimentar o homem que sou viu a esquerda durante toda a vida. A contragosto, Fidel lá "apertou o bacalhau" ao nosso Presidente, mas não voltou a sentir-se confortável a partir daquele momento. O estômago pôs-se aos pulos, embateu nos pulmões a Norte e nos intestinos a Sul, provocando-lhe tosse cagalhoeira.
Se o estado de saúde de Fidel já não estava famoso, o golpe final foi dado anteontem... dia de "Black Friday". O bloqueio comercial dos Estados Unidos a Cuba dura há várias décadas e não permite a chegada ao país de produtos provenientes das "terras do tio Sam". Já muito debilitado, Fidel pôs-se, na última sexta-feira, a surfar à maluca pelas lojas online das grandes marcas americanas. Foi aí que aconteceu: um iPhone 7 vermelho-comuna com 40% de desconto e ele sem poder comprá-lo? Era demais. Foi o tilt final.
As autoridades cubanas decretaram nove dias de luto nacional. Faz sentido que assim seja. É apenas e só uma questão de coerência temporal, uma vez que Fidel esteve para aí uns 150 anos à frente do regime comunista da ilha e os seus discursos começavam às sete da manhã e terminavam por volta das oito... do dia seguinte.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Lojas, lojinhas, lojetas e lojonas: escolhei bem!

Existem lugares que se evidenciam pela beleza arquitectónica dos seus edifícios históricos, outros que deslumbram pela exuberância do ambiente natural em que estão inseridos e outros ainda que impressionam pela quantidade e diversidade de infraestruturas que possuem. No que se refere à minha área de residência, não se regista nenhum destes casos. Aqui o destaque vai para a concentração absurda de superfícies comerciais por quilómetro quadrado. Para terem uma pequena noção, existem mais supermercados do que habitantes no espaço em que foram edificados. E parece que a coisa não tem tendência para abrandar. Estou até desconfiado que se perder demasiado tempo com uma mijadela corro o risco de não ver nascer mais uma bela estrutura que chama pelo interior dos nossos bolsos e carteiras como um amola-tesouras chama pelos seus clientes, desejosos de pagar 30 euros pelo arranjo de um corta-unhas comprado nos chineses. É que parece que os supermercados se sentem atraídos uns pelos outros, sabem?
Estou a imaginar a cabeça de uma destas superfícies comerciais antes de se implantar: hum, para onde é que eu irei fazer a minha vidinha e encher a pancinha? Deixa cá ver... Ui, aqui há tantos da minha espécie! E todos tão atraentes... Olha, olha! Está ali um Lidl! Sim, senhor! Aquele neon amarelo e azul seduz-me tanto que estou capaz de praticar o coito com ele já! E que robusto é! Deve ter cá um armazém escondido que faz favor! Vou já pôr-me ao lado dele para ver se isto se dá.
Se acham que estou a exagerar, atentem nisto: numa extensão pouco superior a um quilómetro existe um Aldi, um Intermarché, um Pingo Doce (o maior do país), um Lidl e um Continente. Chupa! Com um bocadinho (ou um bom pedaço) de sorte, ainda assistirei ao aparecimento de um Carrefour, de um E.Leclerc e, com a ajuda dos deuses do comércio à bruta, de um Plus! Isto se sobreviver, claro.
Se gostam do vosso Lapisinho, meus amigos, rezem por mim. Mas com força, hã? Ajoelhem-se em cima de pioneses e agrafem as narinas enquanto fazem deslizar as contas do terço de um lado para o outro. É que, com esta invasão, temo ser atropelado por um carrinho de compras, receio que me entre um bolo-rei para a vista e tenho medo, num acidente bastante provável, de falecer esmagado por um destes bichos de betão armado. É que eles põem-se para aí a praticar saltos em queda livre e o para-quedas pode não abrir a tempo!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Admitindo pontos fracos

Sou partidário daquela teoria na qual se defende que o primeiro passo para ultrapassar uma fraqueza é admitir que ela existe.
Assim, eu, Lápis Roído, assumo perante vós, meus companheiros de tantas batalhas blogosféricas, ter medo daquelas pessoas que não sabem que Axe não é só uma forma de atiçar cães e gatos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"Corência", se faz favor!

Os mais pequenos, mesmo que de forma inadvertida, são capazes de desencadear pensamentos nos cérebros dos adultos que nem três horas de profunda meditação conseguem sacar. As minhas duas sobrinhas estavam muito entretidas a brincar com peças de Lego e, à medida que iam saindo do balde, a mais velha ia ensinando à pirralha as cores que cada uma delas tinha. Às páginas tantas, diz:
- Pirralha, esta é laranja. Que giro. A laranja é cor-de-laranja e a rosa é cor-de-rosa.
Não, não há nenhum Nobel da Física para atribuir aqui, mas aquilo deixou-me pensativo durante uns segundos. Se atribuímos àquelas duas cores o nome de coisas que encontramos com facilidade na natureza, porque não o fazemos em relação a outras? Porque é que o azul não é cor-de-céu? Porque é que o verde não é cor-de-relva? Porque é que o amarelo não é cor-de-sol? Porque é que o branco não é cor-de-neve? Porque é que o preto não é cor-de-carvão? E porque é que o cinzento não é cor-de-jumenta e, por relação imediata, cor-de-Maria José Vilaça?
Nota n-º 1: Este raciocínio foi elaborado com um pack de Super Bock médias ao lado, o que acaba por ser melhor do que meter um litro de água benta pelas goelas abaixo às sete da manhã, em jejum, na tentativa de garantir a total absorção pelo cérebro de todo o atraso social, mental e civilizacional nela contida. Não é, doutora?
Nota n-º 2: Se algum dia detectar em mim os sintomas desta "doença", afirmo aqui que correrei de imediato para o consultório da senhora doutora. Tenho a certeza que sairei de lá curado com uma leitura do Evangelho segundo a Santa Ignorância-Que-Lhe-Faz-Falta, um clip entre as nalgas e um poster da Pamela Anderson desnudada do umbigo para cima. Obrigado, doutora. O mundo estará a salvo com os seus métodos infalíveis.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Em frente!

A detenção de altas patentes dos Comandos, que podem estar ligadas de forma mais ou menos directa à morte de dois formandos do curso 127 daquela força militar especial, constituiu a grande notícia do dia de ontem.
Não sei se concordam, mas era giro pôr esta rapaziada a fazer o percurso do local da detenção (Amadora) até ao estabelecimento prisional que os recebeu (em Tomar) com o peso do corpo apoiado na ponta do nariz. Em vez de fazerem uma caminhada, faziam uma narigada. Só naquela de não se perder o espírito da coisa, estão a ver? Assim a meio caminho entre a pedagogia e o desafio, sem perder o foco na disciplina e no rigor militares. Superação e sacrifício por quem deve dar o exemplo. Então não é até tombar?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Uma boa argumentação é tudo!

A minha sobrinha-pirralha continua relutante em despedir-se das fraldas. Os meses vão-se passando e... nada! Continua com o rabo mais enchumaçado que os peitos de uma adolescente fã da Wonderbra. Na tentativa de solucionar o problema, que afecta a qualidade do ar num raio de três quilómetros e obriga à utilização de máscaras antipoluição por parte da população local, resolvi estabelecer um diálogo com a criança que me permitisse compreender a razão da sua teimosia:
- Ó sobrinha-pirralha, porque é que tu não fazes cocó na sanita? - perguntei eu, num tom amistoso.
A criança suspirou, num misto de enfado e tristeza:
- "poque" tenho medo.
- Medo? Medo de quê? - insisti eu.
- Do "buaco"... - replicou ela, mantendo aquele ar de quem não gosta da interpelação, mas que não tem vontade de desarmar.
- Do buraco?! Qual buraco?
- Do "buaco" da "chanita", tio Lápis Roído! - exclamou, certa de que aquele argumento era demasiado forte para ser rebatido.
- Mas medo do buraco? Porquê?
- "Poque" eu tenho medo de cair "po buaco"! - lançando o seu derradeiro trunfo, pensando que este servia para sustentar a sua crença na fraldodependência.
E servia. O que pode um adulto dizer a uma criança que tem na mente a ideia que uma bola de bowling cabe num buraco de um campo de golfe, que um São Bernardo pode enfiar-se numa gaiola para hamsters e que o ego do Mourinho pode manter-se dentro do corpo do homem? Nada. Um adulto só pode esperar que a criança cresça e que perca a mola que lhe aperta o nariz e a impede de sentir o cheiro das suas obras-primas provenientes do pequeno nalgueiro.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

"Show-biz" na Serra da Freita

A entrega de Pedro Dias às autoridades, 28 dias depois de ter encetado uma fuga que só encontra paralelo no misterioso desaparecimento de Dias Loureiro quando começou a brincadeira no BPN, foi aquilo que tivemos de mais próximo da chegada de uma grande estrela rock ao nosso Portugalito. Teve um gentleman com um aspecto incrivelmente bem cuidado (Pedro Dias ficará conhecido de ora em diante como o "Hugh Jackman de Arouca", teve uma importante comitiva ansiosa por recebê-lo (os senhores inspectores da "Judite"), teve condições impostas pelo seu staff (leia-se, advogados, Mesmo à prima-donna, teve comentários de repórter extasiada habituada a cobrir grandes eventos com celebridades (Sandra Felgueiras, as meninas do "Fama Show" vão invejar-te para todo o sempre. Cuidado com as macumbas e os voodoos!) e teve até entrevista à priori do grande desfile. Só faltou mesmo a "red carpet" e a gritaria histérica dos fãs pelo seu ídolo, aspectos que a organização terá de rever nas próximas edições de entrega de assassinos psicopatas da pior espécie.
Não sei se o nosso herói não terá ficado um tanto ou quanto desiludido. Depois de todo aquele aparato mediático e de longos dias a monte não se arranjou um prémio decente para ele? Nem umas algemas de ouro? Nem uma bordoada no lombo com um cacetete feito de pele de jacaré? Nem uma pulseira electrónica com diamantes de 342 quilates? Nada?
Como se já não bastasse a falta de consideração das nossas autoridades, ainda veio um sacana de um "gringo" lixar a vida do amoroso Pedrinho. Então não foi o Trump ganhar as eleições precisamente naquela noite? Não podia ele ter deixado a Hillary ganhar, que era coisa mais que expectável e que já não constituía berbicacho de jeito, só para que o rapaz tivesse todo o merecido destaque? Isto prova o quão mau será este Trumpete para o mundo.
Bom, se sou tão severo nas críticas, tenho de ser benevolente na mesma proporção quando é hora de elogiar. O cuidado que o staff teve a escolher Sandra Felgueiras para cobrir o espectáculo é de louvar. Ainda assim, não deixa de ser uma opção mais que óbvia. Que outra jornalista estaria melhor preparada que ela? Que outra jornalista tem mais experiência do que ela no acompanhamento de foragidos? Mãe que é mãe faz tudo pelos filhos, não é? A dela deu-lhe arcaboiço, a minha dá-me caldo verde com rodelas de linguiça.
É curioso que, nos últimos tempos, tenham sucedido acontecimentos com malta de Arouca a puxarem um bocado para o esquisito. Ora aparece um menino a fazer pontaria à cabeça de pessoas, ora damos com artistas danados para a porrada enfiados em balneários de estádios de futebol. Será isto um padrão arouquense? Não haverá para aí nenhum rapaz que goste de ir tomar o seu cafezito, ler o seu Correio da Manhã, fumar o seu SG Ventil e babar-se todo a escutar os grunhidos da Cristina Ferreira no Você na TV? Vejam lá isso, pá. Olhem que pior que a má fama só o pior desempenho.
Para finalizar, só a constatação de quão irónica é a puta da vida: andou o Pedro dias a fugir da GNR (popularmente conhecida como Guarda) e vão levá-lo para o tribunal de onde, de onde, de onde? De Setúbal! Não foi nada. Foi mesmo da Guarda! Bem, deve ter sido a única forma de pôr alguma Guarda a ver o fugitivo, já que a que estava incumbida de o fazer é mais pitosga que o Andrea Bocelli.

sábado, 12 de novembro de 2016

Qual "Hallelujah"?

Tem sido um ano negro para o mundo da música. Sim, também pelo aparecimento de Maria Leal, mas principalmente pelas mortes de David Bowie, Prince e, no dia de ontem, Leonard Cohen. O canadiano, um dos grandes cantautores do século XX deixou-nos aos 82 anos.
Um minuto de silêncio por ele, dois de festa por não ter sido Win Butler ou Matt Berninger e para aí uns três quartos de hora de lamento por Deus ter poupado Marylin Manson e Justin Bieber novamente.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Agora é que arranjaste a bonita!

A Chic' Ana arranjou-me aqui um belo de um sarilho, arranjou. Ao convidar-me para botar palavra no seu blog, transformou-me isto num espaço tão pejado de maltinha que faz parecer o Web Summit o deserto do Atacama. Eu até podia falar aqui das inúmeras qualidades dela e dizer que é uma querida, uma rapariga com imenso talento e extraordinariamente inteligente, uma presença agradabilíssima na blogosfera, uma pessoa de uma sensibilidade extrema, dona de um coração de ouro e com valores e princípios humanos que põe a Madre Teresa de Calcutá a dar cambalhotas na tumba, mas... quer-se dizer... Com que margem fico eu para ousar tecer semelhantes elogios depois disto? Não sabias tu que a minha baiuca é um espaço exíguo, com uma porta tão estreita que temos de passar por ela à vez, de lado e com as unhas dos pés cortadas rente? E que faço eu a esta gente toda agora? Vá, diz-me lá! Arranja lá solução para o problema por ti criado!
Bom, tenho que ser eu, está visto. Rapazes e raparigas, acomodem-se como puderem, se fazem favor. As cadeiras são poucas, mas ao colo uns dos outros sentam-se três. Mãozinhas à vista, hã? Não quero por cá poucas-vergonhas! Peçam o que quiserem, mas vão adiantando o dinheiro. O palhaço só trabalha com fanfa à vista. Hã?! Não, não estou a falar do Trump! Tenham respeito pelo senhor Presidente! Respeito e medo, não vá ele lembrar-se de fazer aqui um bonito fogo-de-artifício à base de ogivas nucleares.
Vá, bem comportadinhos, sim? No que tu me meteste, rapariga... A propósito de tudo isto, sabiam que a castanha-da-Índia é muito boa para quem sofre de hemorroidas?

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

... mas vi-me na obrigação de escrever isto na tarde de hoje

O sistema eleitoral americano é tão anedótico que não constituiria nenhum escândalo a introdução da opção do "rebenta a bolha" sempre que se confirmasse a escolha de um candidato chalupa para ocupar a Casa Branca. Era deste género: o candidato vencido invocava o uso do "rebenta a bolha", dizia com toda a pompa e circunstância as frases «ah, esta não valeu! Ainda não era a sério!» e voltava tudo ao início da votação. Nessa altura, só seria permitido o acesso às urnas aos eleitores que tivessem em mãos a declaração de sanidade mental passada pelo médico de família. Era a forma de evitar tragédias mundiais. da dimensão daquela que se verificou na última noite.
Há quem esteja chocado com o facto de se ter possibilitado a um xenófobo, racista, sexista e psicótico maníaco a entrada na Casa Branca. Já a mim, o que me deixa perplexo é a falta de sentido estético dos americanos. Como é que se deixa um indivíduo com um cabelo daqueles chegar à presidência da maior potência mundial? O que raio é aquilo, pá?

Ingenuamente acreditando na existência de uma réstia de inteligência nos cérebros americanos, escrevi isto na noite de ontem...

Vendo nave espacial novinha em folha. 0 quilómetros. Cor branca, Em titânio, capaz de chegar aos 10.000 kms/hora e de ir dos 0 aos 300 em 0,5 segundos. Espaçosa, bagageira suficientemente grande para construir um T4 no seu interior e albergar o clã Aveiro, comandos em couro, estofos de pele de cobra em padrão tigresa, acesso ao cockpit por reconhecimento facial. Ar condicionado, vidros quádruplos, tecto panorâmico, full extras. Espelhos retrovisores em dourado e sensores anti-meteoritos e anti-buracos negros. Classe 1 nas portagens da Estação Espacial Europeia. Consumo: 500 barris de creolina ao milhão de quilómetros. Possibilidade de aterragem no parque de estacionamento lunar a qualquer hora (está pago até 2020). Preço a discutir.
Motivo da venda: tencionava mudar-me para Marte, mas já não tenho essa necessidade. Donald Trump perdeu as eleições americanas.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Mais burro que aquele que não corre é aquele que não quer estudar

O PSD cancelou a corrida entre um burro e um Ferrari que estava marcada para a última sexta-feira em Lisboa. A iniciativa, que servia para enfatizar os problemas de trânsito e mobilidade na capital, estava a causar grande celeuma entre os defensores dos direitos dos animais, que acusavam os sociais-democratas de ridicularizarem o animal ao mesmo tempo que o submetiam a esforço físico e stress psicológico desnecessários. O PSD acabou por dar a corrida como cancelada após a recepção de uma notificação da Câmara Municipal de Lisboa, na qual constava a recomendação de cancelamento por parte da Provedora Municipal dos Animais de Lisboa, que classificava os argumentos dos animalistas como válidos e pertinentes.
Eu concordo plenamente. Acho muito bem que se tenha retirado o pobre burro desta bizarra corrida. No entanto, não estou de acordo quanto ao seu cancelamento. Poderiam muito bem ter tirado Miguel Relvas do estábulo, escovado o seu pêlo, assentar-lhe uma albarda no lombo e pô-lo a competir com o bólide de Maranello. Não era preciso muito para fazê-lo ganhar e assim provar que um jerico é mais útil que um carro com um motor de largas centenas de cavalos no caótico trânsito de Lisboa. Em vez de uma cenoura, bastava pendurar um diploma de uma licenciatura em Ciência Política num anzol de uma cana de pesca. Ao estabelecer contacto visual com o canudo, o Miguelito até  levantava o asfalto com a força dos cascos!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Herr(o)era

Existem pessoas a quem reconheço uma inteligência e uma sensatez fora do comum. Rui Vitória é uma dessas pessoas. O treinador do Benfica faz muito bem ao não se queixar de ausências de jogadores fulcrais para a equipa.
Realmente, quem é que precisa de um Grimaldo a conquistar cantos quando se tem um Herrera a cedê-los de forma gratuita?

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Temos de deixar de decidir estas coisas depois de almoços bem regados...

Quando se fizer um resumo do ano de 2016, nele constará a surpreendente atribuição de um Nobel da Literatura a Bob Dylan e a não menos inaudita distinção de Bono como "Mulher do Ano" pela revista Glamour.
Não deixa de ser curioso que Carlos Costa tenha feito tanto para merecer este prémio e que ele acabe por ser entregue a um rapaz que até tem um ar bem másculo. Se a tendência de louvores absurdos se mantiver em 2017, podemos pensar num "Bravo, Bravíssimo" disputado tête-a-tête entre Leonard Cohen e Charles Aznavour, imaginar um Sakharov nas mãos de Kim Jong-Un ou iniciar diligências que culminem na entrega do Prémio ILGA a Marinho e Pinto. Um Óscar para Paula Rego? Porque não? A senhora pinta tão bem...

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

És tu! Infinitos, pronto!

O trajecto de uma pequena criança pelo caminho das palavras e da correcta construção frásica pode ser, como já vos dei conta, muito tortuoso. Se a isso estiver associada uma cadeia de pensamentos maliciosa, imaginem o caos a instalar-se lenta e progressivamente, mas de forma assertiva e imparável.
A minha sobrinha-pirralha estava, num destes dias, muito entretida a brincar com coisas de gente graúda, como é, inequivocamente, o caso dos Pokémon, quando decide fazer algo mais apropriado para a sua idade. Pega num livro da Anita, volta-o de pernas para o ar para assim poder lê-lo melhor, senta-se numa cadeira e inicia a narrativa daquela que lhe parece ser a história perfeita:
- "Eia" uma vez... o avô foi pa' horta... a avó foi "acher Limpecha"... a mana foi pa' "escoia"... e o tio tá' a "acher" xixi!
Para quem não é entendeu, passo a traduzir: o avô está dedicado à lavoura, a avó às lides domésticas, a irmã aos estudos e o tio, para além de ser calão, é um mijão, quiçá um incontinente urinário!
Curiosidade das curiosidades, nesse mesmo dia o diabrete tinha bebido tanta água que a fralda descartável, que ainda usa, não conseguiu suster todo o líquido que a sua pequena bexiga despejou subitamente. E quem a tinha ao colo nesse preciso momento? E quem é que ficou com as calças ensopadinhas em xixi? Pois é, pois é. Resposta demasiado óbvia: foi aqui o mijão!
Por isso, minha menina, tenho uma coisa para te dizer face to face, de miúdo para miúda: quem diz é quem faz!
Haja paciência. Paciência e fraldas Lindor!