quinta-feira, 23 de junho de 2016

O discurso deve ser proporcional ao jeito para dançar

Então, dance lovers? Esses pezinhos? Essas performances? Muita sola de sapato esfarrapada? Bolhas nos chispes do tamanho de bolas de Berlim? E essa paciência para ler perguntas parvas umas atrás das outras, em filinha pirilau? Em alta, não é? Pois é, pois é. Vocês fazem furor por essas pistas de dança fora, estilo Dirty Dancing, mas a realidade campónia é outra... Querem ouvir?
O "baile das velhas" é um fenómeno de popularidade na minha área de residência. Pronto, assim ficam a saber que não vivo em Paris, mas num autêntico porta-aviões cultural... só que em modo labrego.
Pois bem, os bailes atraem para as danceterias aqueles homens com idade superior aos 50 que não têm dois olhos na cara para verem que já não têm idade nem estado civil para andar no engate como os gatos em Janeiro. Tenho a certeza que muitos deles já nem "içam o mastro" e vão para lá com aquele ar fanfarrão de quem quer dizer "se soubesses que tenho um pilão que até vara azeitonas nem precisavas de dançar comigo para me caíres no colo, ó jóia". Já elas, divorciadas, viúvas, desdentadas e ginguistas vão lá ao engano. Acham que as teias de aranha vão levar uma vassourada (com cabo incluído, claro) e no final do roçanço ficam a lamentar terem gasto todas as economias no bilhete de entrada e não ter sobrado nada para investir em Viagra para ajudar os "pichas de aço... retorcido".
Ora esta breve introdução serve para vos contar um episódio a que assisti, aqui há uns anos, entre um casal de cinquentões. Falava-se do tema "bailes das velhas" e o homem sai-se com a seguinte exclamação:
- Ora, a gente não vai lá fazer nada de mal... a gente só vai dançar!
A mulher olha para ele, com aquele ar de "vais levar nos cornos quando chegarmos a casa", e diz:
- Ah, tu também lá vais?!
Se há altura em que um homem (ou um parvo) perde uma belíssima oportunidade para enfiar um sapato na boca e assim impedir de se queimar, esta foi, sem sombra de dúvida, uma delas. Não sei que desfecho teve o caso, mas cheira-me que o "engatatão das tardes de Domingo" não voltou a pôr os cotos do lado de fora da porta ao "dia de namoro"...

7 comentários:

  1. Além de ficarmos a saber que, surpreendentemente, não moras em paris, também que: os gatos em janeiro gostam de procurar namorico e que sabes que as azeitonas se varam (se é que o verbo existe) ;)
    Visão engraçada do que se passa por lá, mas não deixa de ser meio triste, depois do investimento e expectativa... é o que se chama de publicidade enganosa :p

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    1. Oh, ia agora morar em Paris... Toda a gente sabe que a elite procura a frugalidade do campo, onde é tudo é simples e... e... parvo, para mostrar a sua superioridade cultural-intelectual-mental e mais coisas acabadas em "al" que deixo ao teu critério. Conselho: exclui fio dental! :P
      Os gatos andam malucos em Janeiro, sim, e há alguns deles que não compraram o calendário deste ano, porque continuam malucos durante mais tempo que deviam e varar existe mesmo. Ora experimenta lá a escrever a ver se dá erro. :P Menina da cidade, tens de ver o progresso da província! :P
      Quanto à promessa não cumprida dos supostos engatatões do Domingo à tarde, a Pfizer podia muito bem aproveitar estes eventos para lançar uma acção promocional. Era ver os promotores a distribuir comprimidinhos azuis à borla, tipo amostra promocional. E os lucros voltavam a disparar, ias ver. Não achas que estou na área certa, a do marketing? :P

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    2. Então não sabia que varar existe? Sabia sim!! E até já o fiz umas vezes (2, talvez!) só para que saibas que existe uma menina do campo nesta menina da cidade, ou será o inverso?!
      Depois de jornalista, viras marketeer ou vais acumular as duas profissões? Só para dizer que a ideia é excelente, mas tem que se mascarar a ação e o produto senão os engatatões não põem lá os pés com vergonha de assumirem o que todos já sabem :p

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    3. Impressionante essa tua veia campestre! Duas vezes a varar azeitonas é deveras surpreendente. Julgava-te uma fidalga de primeira, daquelas que desfilam a sua pochete e sapato de salto alto pela calçada portuguesa, ficam com o pé preso e dão um trambolhão digno de entrar nos apanhados :P
      No caso de me tornar marketeer, não é grande esforço. É a minha área de formação :P Jornalista já é esticar um bocadinho a corda. Mas, se o Nuno Luz consegue, porque é que eu tenho de castrar os meus sonhos? :P
      A abordagem dos promotores do Viagra seria muito discreta, tipo "dealers" do Bairro Alto. Seria algo do género: «Tenho ali uma coisinha para si que é capaz de lhe interessar. Vai fazer com que volte aos 25 anos! Hã? Vamos?» Esquece os grandes objectos publi-promocionais e aposta na discrição. Ideia vencedora, não achas? :P

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Se vêm para contestar, fiquem quietinhos e caladinhos. Isto não é minimamente democrático e quem manda aqui sou eu! Por isso, só são permitidos afagamentos de ego, mas com jeitinho! Demasiada fricção deixa-me o pelo eriçado, tipo gato assanhado. Não é bonito!