terça-feira, 29 de novembro de 2016

Ensaios sobre bolsa, carteira e porta-moedas

O Governo completou, no último Sábado, um ano. Para assinalar a efeméride, foi levada a cabo uma iniciativa original, na reitoria da Universidade de Lisboa. Basicamente, esta consistiu numa entrevista feita ao elenco governativo por parte de cidadãos comuns, escolhidos pelo Instituto de Ciências Sociais segundo critérios económicos, geográficos e etários. Foram sessenta representantes da sociedade civil que tiveram a oportunidade de questionar os governantes acerca dos mais variados temas durante cerca de hora e meia.
A dada altura, Lara Ribeiro, de Almada, lembrou-se de sacar esta pertinente questão: «Sou acionista do Banif. Será que posso reaver o dinheiro que investi?» António Costa, num misto de "what the fuck?!" com a simpatia que lhe é característica, replicou a pergunta: «Como acionista?!» A repetição deixava no ar a insinuação de que o primeiro-ministro tinha achado a questão bastante estúpida, mas Costa não quis que restassem dúvidas. Colocou no rosto uma expressão de quem quer perguntar "há quanto tempo tiveste um traumatismo craniano grave?" e exclamou, no tom mais complacente que se pode ter numa situação destas: «Não».
Eu penso que, depois deste episódio, uma das grandes medidas deste Governo nos próximos tempos seria a introdução de um programa na grelha da RTP, a passar em horário nobre, que tivesse o único e exclusivo objectivo de explicar aos portugueses como funciona uma sociedade anónima cotada em Bolsa, que desse a clara noção do que podem ser os benefícios e, sobretudo, os riscos de um investimento. Dava um certo jeito ao pessoal perceber por que carga d'água as acções valorizam e desvalorizam ou, numa linguagem simples de perceber para lobotomizados, porque é que a setinha ora é verde e está para cima, ora é vermelha e está virada para baixo. Evitavam-se estes momentos que fazem lembrar um diálogo entre um dromedário e uma chinchila.
Como foi tida como bem sucedida, a iniciativa tem já prometida uma reedição na comemoração do segundo ano desta legislatura. Epá... Como é que eu hei-de dizer isto? Uh... É assim... Isto foi giro, sim senhor, muito engraçado aproximar a sociedade dos governantes, mas... não se metam nisso, pelo amor de Deus! Não dá para juntar essa malta toda, cantar os parabéns, soprar as velas enquanto são disparados canhões de confetti? Não é isso que têm as festas dos meninos de dois anos? Bem mais apropriado. "... para o menino Governo, uma salva de palmas! Eeeeeeh!" Hã? Não pode ser? É que eu estou capaz de apostar uma falangeta em como, no próximo ano, vai aparecer um indivíduo com esta questão: «Sou traficante de droga. Como não descontei toda a vida para a Segurança Social por ter uma actividade profissional não reconhecida, tenho direito a reforma?» Melhor, melhor! Aposto o badalo de uma orelha em como vai aparecer um artista a colocar esta questão: «Sou autarca, um corrupto de primeira que empochou 2,5 milhões de euros por conta de uns favorecimentos a uns rapazes endinheirados. Posso construir uma mansão com treze quartos, duas salas para baptizados e uma piscina olímpica sem medo de ser apanhado pela PJ?» Espera, espera! Bem orientadinho, ainda lá vai aparecer um rapaz assim para o gordito a elaborar o seguinte dilema: «Sou o Taraabt. Devo ser considerado jogador de futebol?»
Senhor primeiro-ministro, reveja lá a sua posição. Evite mais momentos constrangedores para este país. Olhe que Bruxelas não tira os olhos de nós e ainda nos manda para a primária aprender o nome dos rios e das serras.

10 comentários:

  1. Lool, só tu :-)

    http://prazeresecarinhossexuais.blogspot.pt/

    Bjocas :)

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  2. Estamos entregue á bicharada é o que é e contamos com um Lápis para os colocar na ordem! =)
    Beijinhos

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    1. Ai, não contes, não! Eu não me ponho em ordem quanto mais pôr a bicharada na ordem =P Beijinhos

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    2. hahah, tens de tentar essa é boa! =)
      Beijinhos

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    3. É o que eu mais faço: tentar. Mas não sai nada =P Beijinhos

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  3. Isto é iliteracia económica. lol

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  4. Acho que acabei de ler um romance. Ou será um drama? Só não te igualo a (um) John Green ou a (um) Shakespeare porque a culpa não é das estrelas e as peças de teatro já estão enferrujadas. É caso mesmo para se dizer: contra (piiiiiiiiiiiii) não há argumentos, pressupondo que entendes que não quis ofender ninguém e que voto a favor da ideia de os pores na ordem. Sugiro primeiro uma ida ao programa do Goucha, porque logo que ele tenha conhecimento desse teu parlapié já não te larga mais.

    Um beijinho
    Thebrunettetofu.blogspot.com

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    1. Eu acho que acabaste mesmo de ler parvoíce pura =P Oh, uma pessoa assim até fica a modos que envergonhada com tal comparação! :$ Claro que aqui ninguém se ofende, ainda para mais com uma base elogiosa dessas. =)
      No entanto, tenho também de deixar aqui uma nota de desagrado: no Goucha? E não me auguras nada melhor num futuro próximo? =P E a expressão "ele nunca mais te larga" foi um bocadinho creepy =P Brincadeira, menina. Muito obrigado pelo teu comentário ;) Beijinhos

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Se vêm para contestar, fiquem quietinhos e caladinhos. Isto não é minimamente democrático e quem manda aqui sou eu! Por isso, só são permitidos afagamentos de ego, mas com jeitinho! Demasiada fricção deixa-me o pelo eriçado, tipo gato assanhado. Não é bonito!