segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Salvar o país: primeira tentativa

Se há coisa que agradeço diariamente a todos os santos, anjos e arcanjos, essa coisa é o avanço tecnológico. Podia falar-vos de milhares de exemplos de benefícios que a tecnologia nos tem trazido, mas prefiro focar-me num daqueles mais básicos e que, com toda a probabilidade, poucos lhe reconhecem o real valor. Falo do corrector ortográfico e gramatical dos softwares computacionais.
Que maravilha que é ter uma ferramenta destas quando queremos escrever um texto cuidado, ordenado e livre de erros. Não fosse a sua existência e quantos de nós não teríamos posto a pata na poça de forma vergonhosa? Quantos de nós não teríamos levado um valente raspanete do patrão por termos dado aquele terrível pontapé na gramática na elaboração de um e-mail importante, ainda que tenha sido motivado pelo decote acentuado da mamalhuda da contabilidade? Pois é, os sublinhados vermelhos do Word e dos browsers dão um jeito do camandro!
Ora se é um facto que este instrumento é de uma utilidade extrema na procura da escrita perfeita, não é menos verdade que existe uma lacuna na correcção da oralidade. Que bom seria haver algo que desse ao autor da calinada a indicação que estava a agredir à pantufada de força a pobre da língua portuguesa, obrigando-o a reflectir sobre o acto e, automaticamente, pondo-o a falar como um mago da retórica.
Se fosse algo idêntico ao corrector ortográfico e gramatical dos programas de computador, teríamos os analfabrutos com os lábios pintados de vermelho e orelhas de burro verdes em substituição das ditas normais (as suas não contam para o conceito de normalidade ao nível dos talos, Luís Filipe vieira) a cada espalhanço na arte de bem falar. No entanto, estou em crer que esta não seria a melhor solução. O prevaricador não veria o estado em que se apresentava aos seus interlocutores, afastando a função pedagógica desta ideia de correcção. Quando muito, serviria para acicatar a vontade de rir de quem o estivesse a ouvir. Teria, então, de ser algo que indicasse a falha de forma sonora, de modo a que não restassem quaisquer dúvidas ao infractor acerca do seu disparate linguístico.
Sempre empenhado na busca de soluções que constituam um progresso para a Humanidade, este que vos escreve, após três quartos de hora e meio garrafão de água-pé velha já voltado, conseguiu encontrar a salvação dos escoiceadores do português. Preparem-se para mais uma demonstração cabal da minha prodigiosa capacidade intelectual. Isto pode ser um upper-cut mental e recomendo que vos protegeis. Aí vai ele: de cada vez que se verificasse uma biqueirada na expressão oral, vinha a amiga Olga e o gajo do gongo dourado sinalizar o atropelo do português. Ela gritava "uauuu!" e o artista dava logo uma martelada no gongo. Em seguida, aparecia o Diogo Infante, dizia «cuidado com a língua!» e emendava o que estava errado. Uma ideia vencedora, não?
Suspeito que as conferências de imprensa de Jorge Jesus e as conversas entre os concorrentes do "Secret Story" e Teresa Guilherme nas noites de nomeações se transformassem numa conjugação perfeita (naquilo que pode haver de perfeito nisto...) entre o som ambiente de um filme pornográfico e um concerto de gongo, tornando-se o seu executante um exímio imitador de um pandeireta de tuna universitária. Já o pobre do Diogo poderia ficar com a boca seca de tanto corrigir em tão pouco tempo, pelo que se faria acompanhar de um garrafão de água do Lidl. Devias pensar que a água-pé era para ti... Pffff!

21 comentários:

  1. Parece-me muito bem! Só iria sugerir uma coisinha: em vez de o artista dar uma martelada no gongo, podia dar a martelada no prevaricador ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Epá, depois da martelada não sei se o asno teria cabeça para ouvir a correcção do Diogo Infante. Não fazes isso por menos? :P

      Eliminar
  2. "A gente semos pagos para treinar, não semos pagos pela quilo que dizemos". lol

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E a gente não semos pagos para o ouvir dizer tanta parvoíce junta, mas devíamos :P

      Eliminar
  3. Um choquezinho de cada vez que as pessoas não têm cuidado com o português parece-me o mais indicado ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Para que tal fosse possível, já era necessária a intervenção de um electricista. Simplifica, rapariga, simplifica :P

      Eliminar
  4. Oh pa,lembras-te de cada uma!

    ResponderEliminar
  5. Fogo, até parece que corri uma maratona para devorar este belíssimo momento de inspiração :P Que tal umas alfinetadas por cada erro dado, eheheh

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tem a liberdade de te dirigires à mesa. Tens lá barras energéticas para poderes repor as energias. Só passaram de prazo há dois meses :P
      Voodoo? Sugeres voodoo? É, a minha suspeita de há uns tempos atrás está confirmada: andas montada numa vassoura voadora :P

      Eliminar
  6. Olá.
    Por aqui não se corre o risco de ouvir o gongo da Amiga Olga, nem sequer um raspanete da Edite Estrela por não se saber "Falar Português"...:)
    Quanto à escrita, não creio que tenha havido qualquer intervenção do corrector ortográfico.
    É muito bom vir aqui ler-te!
    Até mais.

    Maria

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá! Correctíssima na expressão escrita, calculo que igualmente competente na expressão oral. Não se ouviu o gongo e a doutora Edite (bem lembrada, sim senhora) continuou silenciosa. Aqui temos a prova que queríamos obter: nem todas as Marias Antonietas ficaram sem cabeça :P Bom ter-te por cá ;) Beijinhos

      Eliminar
    2. Olá, bom dia!
      Acho que não me soube explicar. :)
      Não me referia a mim, mas sim à tua escrita, mais concretamente a este texto! Deveria ter iniciado o comentário assim: "Por aqui - neste espaço - ..."
      Acontece-me muitas vezes 'engolir' palavras e depois é no que dá...
      Beijinhos! :)

      Maria

      Eliminar
    3. Boa tarde, Maria! Ah, certo. Não terás sido tu a expressar-te mal, mas sim eu a entender mal. É o que dá ser humilde e ter um ego dentro das dimensões ditas normais :P Muito obrigado. Esforço-me bastante para não ser atropelado pelo rapaz do gongo :P No entanto, mantenho o que disse sobre ti: irrepreensível na expressão escrita, condição que deve ser replicada na expressão oral. Obrigado pelo esclarecimento :) Beijinhos

      Eliminar
  7. Tens noção que ficaríamos com o cérebro impregnado desses sons, certo?! Entre a nossa discussão de músicas infantis e o gongo, venham as músicas infantis! =)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Seria bem pior se o rapaz do gongo nos desse com o martelo na tola e a amiga Olga nos puxasse as orelhas :P Hum, não sei. A tortura será grande em ambas as situações. Venha o Diabo e escolha :P Beijinhos

      Eliminar
  8. eu cá por mim apostava em algo mais eficaz, como um um pontapé nas virilhas, porque com algumas pessoas, não há gongo que as salve...
    beijinhos, Noelle :) http://supergirlinconverse.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Epá, isso ainda aleijavas alguém... Ainda se fosse um tirinho na nuca... :P
      Para além disso, a eficácia da medida descia consideravelmente se fosse aplicada a algum elemento do género feminino :P Beijinho

      Eliminar
  9. Só tenho a dizer que era "colada" em ver a Amiga Olga :p

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Uauuu! Eu também gostava muito... de mudar de canal sempre que ela aparecia! :P

      Eliminar

Se vêm para contestar, fiquem quietinhos e caladinhos. Isto não é minimamente democrático e quem manda aqui sou eu! Por isso, só são permitidos afagamentos de ego, mas com jeitinho! Demasiada fricção deixa-me o pelo eriçado, tipo gato assanhado. Não é bonito!