Imaginem a seguinte situação: vão pela rua, distraídos com a vossa vida chata e rotineira, e avistam alguém ao longe que vos parece familiar a atravessar uma rua perpendicular àquela em que vocês caminham. Estugam o passo na tentativa de interceptar a pessoa e, à medida que se aproximam, vão aumentando o vosso grau de certeza quanto à identidade dela. Jão têm dúvidas. É mesmo aquele amigo de infância cujo pai foi condenado a três anos de prisão por andar a gamar auto-rádios a Vespas e Casal Boss e, por essa razão, a mãe, não aguentando a vergonha, viu-se obrigada a ir viver com os sete filhos, três cães e um dragão de Komodo (pioneiros na adopção de animais exóticos) para um destino desconhecido da malta do vosso bairro.
Chamam pelo seu nome, ele roda o pescoço na vossa direcção, a meio caminho entre a surpresa por ser reconhecido e a alegria por vos ver também. Cumprimentam-se efusivamente, começam a falar sobre os vossos percursos de vida, conversa puxa conversa, a boca seca e o estômago já a roncar, até vocês formularem o convite:
- Epá, não queres almoçar?
Algo constrangido, o vosso amigo inicia uma manobra evasiva de quem esfarrapa tanto uma desculpa como os fabricantes de vestuário esfarrapam os jeans da moda. Percebendo a raíz do problema, vocês oferecem-se prontamente para pagar a conta do almoço. O vosso amigo abana uma vez a cabeça, recusa uma segunda oferta com os braços erguidos, mas vocês insistem. Que diabo, estão tão felizes por estarem de novo juntos que não se importam de pagar o almoço na totalidade. A muito custo, lá conseguem convencê-lo e conduzem-no a um restaurante simpático, onde se come bem e não se paga pior.
Lá chegados, a conversa volta a atear-se, chegam as entradas, vem o tinto alentejano reserva de 85 (um ano de boa colheita, sem dúvida), pedem o prato e começam a encher o dito bandulho. Vocês, como são cuidadosos com a linha, ficam satisfeitos com o que comeram. Acontece que o vosso amigo, que até nem queria de maneira nenhuma aceitar o vosso convite, não se contenta com o dito normal para aconchegar a pança. Não só repete, como ainda faz uma incursão por mais três pratos (número escolhido de forma perfeitamente aleatória, é claro) do cardápio e ainda faz menção de se atirar às sobremesas, ao café e ao digestivo final.
Portanto, o que parecia ser um memorável reencontro entre dois velhos amigos tornou-se num pesadelo interminável, com vocês a assegurarem a enorme factura do convívio já muito desagradável.
Imaginaram tudo isto? Muito bem. Agora troquem o vosso amigo pela chuva. Quantos de vocês é que já tiveram vontade de se levantar, sair do restaurante a correr e deixar a conta por pagar?
Cavalos aos tiros, homens aos coices, anões pernaltas e gigantes atarracados. Sem filtro, sem juízo, muita parvoíce e pouca graça. Aqui ninguém vem ao engano!
ahahah só tu
ResponderEliminarXO, https://diamonds-inthe-sky.blogspot.pt
O lápis roído no seu melhor.
ResponderEliminarAdorei o texto Irónico e muito imaginativo
ResponderEliminar.
* LACTOFILIA: Um desvio sexual OU excitação sensual? *
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Beijinhos mélicos
Feliz fim de semana
Opah, muito bom!! =)
ResponderEliminarBeijinhos,
http://chicana.blogs.sapo.pt/
Olha, sabes que mais? Tenho saudades tuas, tenho saudades de acompanhar aqui os teus posts que tanto me divertem logo pela manhã.. portanto... hoje é dia 23, não publicas há 9 dias? Mas que pouca vergonha é esta?!!? =)
ResponderEliminarBeijinhos,
http://chicana.blogs.sapo.pt/
Na mouche, Ana!
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