O Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, anunciou ontem que está em vigor, desde as 00:00 horas, um cessar-fogo entre as forças leais a Bashar al-Assad e a oposição armada ao regime, naquilo que pode ser o início do fim da guerra na Síria. Quase 6 anos após o seu início, mais de 250 mil mortos e milhões de refugiados depois, surge agora uma nova esperança para pôr termo ao conflito.
Sim, senhora, tudo muito bonito. Já não era sem tempo. No entanto, não consigo deixar de olhar para tudo isto como uma grande tramoia para nos lixar. Como assim, Lápis? Estás mais doido ainda que o costume? Não, não! Estou tão certinho dos miolos como o Zé Maria do "Big Brother". Ora acompanhem o meu raciocínio, mas só de patins. A velocidade é alta.
Quem é que começa a exercer funções como secretário-geral da ONU já a partir de Domingo? Certo, o nosso António Guterres. E o que é que o nosso Toni definiu como prioridade no seu mandato? Pois foi, pois foi. O fim da guerra na Síria. O que é que isto significa! Não, caraças! Não quer dizer que ele já pode apanhar uma valente piela para festejar e telefonar depois à Angelina Jolie a dizer-lhe que gostava de aPittar toda a noite. Significa, isso sim, que o homem não tem nada para fazer já no início do mandato! Ora bem, o Guterres vai andar bastante desocupado nos próximos tempos, vai poder pôr os pés em cima da secretária enquanto faz ceninhas com as fotos no Snapchat e coçar o cu por esquinas com bastante afinco. Daí até dizerem que ele é um calantrão de primeira, que não faz nada e não sei quê, vai um pequeno passo. Já a ligação que farão da sua vida desocupada à vida de todos os portugueses no geral será mais rápida que o atear de um fogo florestal por um pirómano.
O que é que sucede depois? Isto chega aos ouvidos da Merkel, começa outra vez aquela conversa que temos é de trabalhar e que temos demasiados licenciados, a schwein larga a correr para Bruxelas para contar tudo ao Jumcker e no ano que está prestes a começar lá vêm mais recomendações de medidas de austeridade e o camandro! Eu já estou a ver o filme todo, pá! Ainda nem começou e 2017 já está a moer-nos o juízo!
Por isso, a mim não me enganam! Seis anos para terminar uma guerra e vão fazê-lo mesmo nas vésperas de um tuga começar a mostrar serviço? Pfff! Vão lá conspirar para a Putin que os pariu!
Cavalos aos tiros, homens aos coices, anões pernaltas e gigantes atarracados. Sem filtro, sem juízo, muita parvoíce e pouca graça. Aqui ninguém vem ao engano!
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Eu me confesso desconfiado
Inspirado no jogo para telemóvel mais descarregado do ano que está prestes a findar, um padre espanhol desenvolveu uma aplicação que permite aos seus utilizadores localizarem através de GPS o confessionário mais próximo e assim poderem confessar os seus pecados a um sacerdote católico, sempre predisposto a ouvir os pecadores arrependidos. A aplicação chama-se Confessor Go! e está disponível nas plataformas habituais.
Se os jogadores de Pokémon Go! são desafiados a abrir e a atirar pokébolas virtuais para apanhar pokémons, os utilizadores do Confessor Go! podem muito bem ser apanhados e abrir o que não querem no confessionário.
Se os jogadores de Pokémon Go! são desafiados a abrir e a atirar pokébolas virtuais para apanhar pokémons, os utilizadores do Confessor Go! podem muito bem ser apanhados e abrir o que não querem no confessionário.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Deixa alguns para o ano, pá!
O ano de 2016 continua a ser nefasto para as grandes estrelas da música internacional. À já longa lista de malogrados cantores durante este ano junta-se agora George Michael, de 53 anos. Não deixa de ser tristemente irónico o facto do autor de "Last Christmas" ter falecido exactamente no dia de Natal.
Como ainda não se conhecem as causas da morte do artista inglês de origem grega, abre-se uma janela de oportunidade para malta armada em engraçadinha dizer que tudo isto pode dever-se à constatação do mal que a canção natalícia por si criada fez aos tímpanos de milhões de pessoas ao longo dos anos e que, por conseguinte, o desgosto tenha sido fatal para George Michael.
Como ainda não se conhecem as causas da morte do artista inglês de origem grega, abre-se uma janela de oportunidade para malta armada em engraçadinha dizer que tudo isto pode dever-se à constatação do mal que a canção natalícia por si criada fez aos tímpanos de milhões de pessoas ao longo dos anos e que, por conseguinte, o desgosto tenha sido fatal para George Michael.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
O Lápis de Natal
Bom, meus amigos, leitores e fãs do Tony Carreira, quero dizer-vos que este post só vê a luz do dia (ou do ecrã do computador) devido á pressão insuportável que se sente nesta altura do ano. É que as alusões à quadra são tantas, tantas, tantas que uma pessoa sente-se quase um extraterrestre (ainda mais?? Como assim, pá?!) se não escrever duas linhas sobre o Natal. É o que dá viver numa sociedade sob influência dos princípios cristãos. Bem, há coisas piores. Podia viver numa sociedade sob influência de princípios de outra religião e sujeitava-me a ver entrar uma bomba de hidrogénio pela marquise dentro, o que era chato. De certeza que nesta altura do ano não haveria ninguém disponível para concertar o estrago.
A véspera de Natal é amanhã, mas eu sinto que é Natal para aí há mês e meio. Ele é as campanhas das lojas, ele é os anúncios na televisão, rádio, Internet e código Morse, ele é os jantares, ele é os calendários do Advento, ele é os presépios... E isto desde o início de Novembro, caraças! Tenho a impressão que, mais ano, menos ano, a expressão "Natal é quando um homem quiser" vai ser levada ao extremo e o nascimento de Jesus vai começar a ser comemorado por alturas do Santo António. E até nem será assim tão descabido, já que o santo com o penteado mais estranho da caderneta católica aparece representado com o menino ao colo. Ah, ó Lápis, mas aquele não é o menino Jesus! Ai, não? Ah, quer dizer, o Natal pode ser quando a malta muito bem entender, mas o menino Jesus não pode ser quem eu quiser! Ide-vos estampar contra um boneco de neve!
Só por causa das tosses, a Consoada para mim é já daqui a uma hora! E mais: a seguir, vou pôr-me a desembrulhar as prendas todas que encontrar pelo caminho, sejam para mim ou não! Depois espero pelo Pai Natal, que ele ficou de vir aqui beber um Grant's antes de começar a distribuição que diz que vai fazer, mas que fica sempre a meio.
Quanto a vocês, as minhas recomendações são as seguintes: não comam muitas porcarias. Senão, vão amargar de boca daqui até ao Carnaval com o vosso novo look "mamute". Não façam aquele sorriso amarelo quando receberem as peúgas da tia que tem aquele casaco a cheirar a naftalina. Deitem-nas logo para a lareira para ela perceber que vocês não gostaram e não repetir a gracinha para o ano. E não entupam o ecoponto com papel de embrulho. Se forem aproveitadinhos, têm aí papel higiénico até ao Natal do ano que vem, ou seja, até Junho. Feliz Natal ou lá o que é! Vou ver o "Sozinho em Casa"!
A véspera de Natal é amanhã, mas eu sinto que é Natal para aí há mês e meio. Ele é as campanhas das lojas, ele é os anúncios na televisão, rádio, Internet e código Morse, ele é os jantares, ele é os calendários do Advento, ele é os presépios... E isto desde o início de Novembro, caraças! Tenho a impressão que, mais ano, menos ano, a expressão "Natal é quando um homem quiser" vai ser levada ao extremo e o nascimento de Jesus vai começar a ser comemorado por alturas do Santo António. E até nem será assim tão descabido, já que o santo com o penteado mais estranho da caderneta católica aparece representado com o menino ao colo. Ah, ó Lápis, mas aquele não é o menino Jesus! Ai, não? Ah, quer dizer, o Natal pode ser quando a malta muito bem entender, mas o menino Jesus não pode ser quem eu quiser! Ide-vos estampar contra um boneco de neve!
Só por causa das tosses, a Consoada para mim é já daqui a uma hora! E mais: a seguir, vou pôr-me a desembrulhar as prendas todas que encontrar pelo caminho, sejam para mim ou não! Depois espero pelo Pai Natal, que ele ficou de vir aqui beber um Grant's antes de começar a distribuição que diz que vai fazer, mas que fica sempre a meio.
Quanto a vocês, as minhas recomendações são as seguintes: não comam muitas porcarias. Senão, vão amargar de boca daqui até ao Carnaval com o vosso novo look "mamute". Não façam aquele sorriso amarelo quando receberem as peúgas da tia que tem aquele casaco a cheirar a naftalina. Deitem-nas logo para a lareira para ela perceber que vocês não gostaram e não repetir a gracinha para o ano. E não entupam o ecoponto com papel de embrulho. Se forem aproveitadinhos, têm aí papel higiénico até ao Natal do ano que vem, ou seja, até Junho. Feliz Natal ou lá o que é! Vou ver o "Sozinho em Casa"!
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Vozes materializadas
Preciso da vossa ajuda. Não é a melhor forma de começar um post, mas a urgência justifica toda e qualquer acção que possa ser interpretada como má educação. Oiçam isto, se fazem favor. Não voltem aqui sem tirarem as vossas conclusões imediatas do que compõe a parte audível do anúncio. Demorem o tempo que for necessário para elaborar a vossa análise concisa e bem fundamentada porque ela poderá ser de grande importância num futuro próximo. Vá, vão lá. Eu espero.
Já está? Muito bem. Digam-me lá então: fui só eu que senti o cu fortemente apalpado pela voz deste jagunço? Fui só eu que vi uma grande mão a dirigir-se a mim quando o meu cérebro assimilou este tom de voz insinuante e extremamente porcalhão? Fui só eu que achei que este taradão estava capaz de pôr a marchar tudo o que lhe aparecesse à frente, incluindo idosas desdentadas, homens entravados e preguiças da Amazónia com displasia de anca?
Se estiverem de acordo, estou em condições de avançar para a fundação de uma associação que defenda os direitos das pessoas lesadas por este tipo de anúncios badalhocos. Chamar-lhe-emos AVESPA, a Associação dos Violentados, Estrafegados e Sodomizados pela Publicidade Abusadora! Temos de nos defender deste perigo para a sociedade que representam os voz-off que se esticam mais que o metro e AVESPA é a solução. Quem estiver de acordo que enrole o punho e saque um cavalo!
Já está? Muito bem. Digam-me lá então: fui só eu que senti o cu fortemente apalpado pela voz deste jagunço? Fui só eu que vi uma grande mão a dirigir-se a mim quando o meu cérebro assimilou este tom de voz insinuante e extremamente porcalhão? Fui só eu que achei que este taradão estava capaz de pôr a marchar tudo o que lhe aparecesse à frente, incluindo idosas desdentadas, homens entravados e preguiças da Amazónia com displasia de anca?
Se estiverem de acordo, estou em condições de avançar para a fundação de uma associação que defenda os direitos das pessoas lesadas por este tipo de anúncios badalhocos. Chamar-lhe-emos AVESPA, a Associação dos Violentados, Estrafegados e Sodomizados pela Publicidade Abusadora! Temos de nos defender deste perigo para a sociedade que representam os voz-off que se esticam mais que o metro e AVESPA é a solução. Quem estiver de acordo que enrole o punho e saque um cavalo!
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
A mania de levar tudo à letra
Viver no meio rural pode ser absolutamente fantástico. É respirar o ar puro proveniente do arvoredo, é sentir o perfume das flores campestres, é escutar o pipilar dos passarinhos e o coaxar das rãs, é cagar um pé todo em merda de cavalo, ovelha ou porco, na eventualidade de andar distraído a apreciar as maravilhas do campo. Ah, vale mesmo a pena, acreditem.
Contudo, também existem pontos menos positivos. Por estarem mais longe dos locais onde se podem abastecer de bens de primeira necessidade, os habitantes destes meios acabam por ter maior dificuldade em adquiri-los. É neste contexto que surgem os vendedores ambulantes, vendo aqui a sua oportunidade de negócio. Padeiros, fruteiros, traficantes de droga e ar... ah, desculpem, too much information... Uh... Onde é que eu ia? Ah, sim... Todos acorrem às pequenas aldeias e lugarejos para suprir as necessidades que a população apresenta.
Um dos negociantes mais apreciados da aldeia onde vivo é o peixeiro. Rapaz educado, bem falante e despachado, o vendedor é acarinhado não só pela sua personalidade, mas também pelo que tem para oferecer aos seus clientes. Peixe fresquinho, que ele próprio escolhe na lota de Peniche, capaz de fazer os encantos até do mais guloso dos fãs de peixe-picanha e peixe-courato. Como se já não bastassem estes factos, tem ainda uma característica especial: é extremamente solícito. Tão solícito que não é capaz de se negar a parar a sua viatura fora dos locais habituais de venda quando se encontra em deslocação entre eles. Se um qualquer cliente lhe faz sinal para abrandar a marcha, pois claro está que o nosso amigo pára de imediato.
Eu próprio já tive oportunidade de testemunhar um desses exemplos de prestabilidade do senhor. Um destes dias, um dos fregueses do costume faltou à chamada do sonoro apito da carrinha numa das suas paragens habituais e já só conseguiu apanhá-lo numa outra rua mais afastada, sendo obrigado a correr a distância que os separava em modo Usain Bolt coxo. Ao ver a carrinha do vendedor, levantou o braço, dando a indicação que pretendia que este parasse. Como era expectável, o pedido foi prontamente aceite. A carrinha afrouxou até se imobilizar. Do seu interior, salta o sorridente peixeiro e exclama:
- Hoje atrasou-se, vizinho! Quase que não me apanhava!
O cliente prontificou-se a responder:
- Pois foi! Desculpe lá fazê-lo parar aqui.
- Não tem mal - respondeu o peixeiro - Estou com um bocadinho de pressa, mas tudo se arranja!
Deve ter sido essa mesma urgência que o impediu de desligar o motor da carrinha. Dirigindo-se à traseira desta, abriu as portas e mostrou ao cliente o que estava para lá delas.
Sabendo exactamente o que queria, nem hesitou no pedido.
- Olhe, arranje-me aí umas três postas de salmão. É fresquinho, não é?
- Fresquinho? Mais fresco só o Pólo Norte, homem! - disse o peixeiro, não querendo deixar margem para dúvidas - arranja-se já aqui.
Acto contínuo, agarra num exemplar da espécie com uma mão e a outra procura o cutelo para começar a retalhá-lo. Três golpes certeiros e igual número de postas ficaram ao dispor do freguês, que olhava o processo, maravilhado. Olhava e cheirava, porque o tubo de escape nunca deixou de emitir gases poluentes durante toda a manobra.
Nunca o salmão fumado o foi de forma tão evidente.
Contudo, também existem pontos menos positivos. Por estarem mais longe dos locais onde se podem abastecer de bens de primeira necessidade, os habitantes destes meios acabam por ter maior dificuldade em adquiri-los. É neste contexto que surgem os vendedores ambulantes, vendo aqui a sua oportunidade de negócio. Padeiros, fruteiros, traficantes de droga e ar... ah, desculpem, too much information... Uh... Onde é que eu ia? Ah, sim... Todos acorrem às pequenas aldeias e lugarejos para suprir as necessidades que a população apresenta.
Um dos negociantes mais apreciados da aldeia onde vivo é o peixeiro. Rapaz educado, bem falante e despachado, o vendedor é acarinhado não só pela sua personalidade, mas também pelo que tem para oferecer aos seus clientes. Peixe fresquinho, que ele próprio escolhe na lota de Peniche, capaz de fazer os encantos até do mais guloso dos fãs de peixe-picanha e peixe-courato. Como se já não bastassem estes factos, tem ainda uma característica especial: é extremamente solícito. Tão solícito que não é capaz de se negar a parar a sua viatura fora dos locais habituais de venda quando se encontra em deslocação entre eles. Se um qualquer cliente lhe faz sinal para abrandar a marcha, pois claro está que o nosso amigo pára de imediato.
Eu próprio já tive oportunidade de testemunhar um desses exemplos de prestabilidade do senhor. Um destes dias, um dos fregueses do costume faltou à chamada do sonoro apito da carrinha numa das suas paragens habituais e já só conseguiu apanhá-lo numa outra rua mais afastada, sendo obrigado a correr a distância que os separava em modo Usain Bolt coxo. Ao ver a carrinha do vendedor, levantou o braço, dando a indicação que pretendia que este parasse. Como era expectável, o pedido foi prontamente aceite. A carrinha afrouxou até se imobilizar. Do seu interior, salta o sorridente peixeiro e exclama:
- Hoje atrasou-se, vizinho! Quase que não me apanhava!
O cliente prontificou-se a responder:
- Pois foi! Desculpe lá fazê-lo parar aqui.
- Não tem mal - respondeu o peixeiro - Estou com um bocadinho de pressa, mas tudo se arranja!
Deve ter sido essa mesma urgência que o impediu de desligar o motor da carrinha. Dirigindo-se à traseira desta, abriu as portas e mostrou ao cliente o que estava para lá delas.
Sabendo exactamente o que queria, nem hesitou no pedido.
- Olhe, arranje-me aí umas três postas de salmão. É fresquinho, não é?
- Fresquinho? Mais fresco só o Pólo Norte, homem! - disse o peixeiro, não querendo deixar margem para dúvidas - arranja-se já aqui.
Acto contínuo, agarra num exemplar da espécie com uma mão e a outra procura o cutelo para começar a retalhá-lo. Três golpes certeiros e igual número de postas ficaram ao dispor do freguês, que olhava o processo, maravilhado. Olhava e cheirava, porque o tubo de escape nunca deixou de emitir gases poluentes durante toda a manobra.
Nunca o salmão fumado o foi de forma tão evidente.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Jornalismo forjado em tripa canina
Lá está ele outra vez. Está quieto, Óscar! Já te disse que o papel não é para comer!
Ainda cagas para aí uma edição do Correio da Manhã e eu não quero porcaria dessa cá em casa!
Ainda cagas para aí uma edição do Correio da Manhã e eu não quero porcaria dessa cá em casa!
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Português traiçoeiro
As pessoas insistem em levar os termos populares à letra, com todas as consequências que daí podem advir. Por exemplo, a expressão "levar as coisas a peito" pode ser muito perigosa se interpretada no seu sentido literal. Que o diga a Ana Guiomar.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
O bando dos cinco
O Football Leaks está a pôr o mundo do pontapé no cautchú num alvoroço. Então não se puseram a dizer que o Cristiano Ronaldo andou a fugir ao fisco espanhol? Pior! Disseram que não foi só o Ronaldo, esse rapaz cuja conduta está acima de qualquer suspeita! Caluniaram também o Ricardo Carvalho, o Fábio Coentrão, o Pepe e até, imaginem só, o José Mourinho. Todos eles a pirarem-se para bem longe das garras da Autoridade Tributária espanhola! Que infâmia!
Mais escabrosa ainda é a piadola que inventaram sobre este escândalo montado por uma cambada de invejosos. Então não anda para aí um rapaz, cujo pseudónimo se relaciona com um bocado de madeira que serve para escrever, a dizer que aquilo foi um vírus que atacou o balneário do Real Madrid há umas épocas atrás? Diz esse parvalhão que aquilo é uma variante do vírus HPV, que só ataca malta tuga e que assim levou a uma nova interpretação da sigla? Vejam bem até onde chegou o disparate: para ele, HPV é agora "Heita, o Português é Vigarista!
Eu, que até sou um rapaz pacífico, tenho as entranhas voltadas do avesso com isto! Por mim, era dar um tiro nessa corja de difamadores e oportunistas do humor! Adeus! Vou ali acalmar a cólera com uma injecção de 20 milhões de euros numa off-shore das Ilhas Virgens Britânicas.
Mais escabrosa ainda é a piadola que inventaram sobre este escândalo montado por uma cambada de invejosos. Então não anda para aí um rapaz, cujo pseudónimo se relaciona com um bocado de madeira que serve para escrever, a dizer que aquilo foi um vírus que atacou o balneário do Real Madrid há umas épocas atrás? Diz esse parvalhão que aquilo é uma variante do vírus HPV, que só ataca malta tuga e que assim levou a uma nova interpretação da sigla? Vejam bem até onde chegou o disparate: para ele, HPV é agora "Heita, o Português é Vigarista!
Eu, que até sou um rapaz pacífico, tenho as entranhas voltadas do avesso com isto! Por mim, era dar um tiro nessa corja de difamadores e oportunistas do humor! Adeus! Vou ali acalmar a cólera com uma injecção de 20 milhões de euros numa off-shore das Ilhas Virgens Britânicas.
sábado, 10 de dezembro de 2016
Não me toca, mas aleija na mesma
Anselmo Ralph está numa fase fulgurante da sua carreira. O cantor angolano deu um concerto no Campo Pequeno na última noite para uma plateia de sete mil espectadores, assinalando desta forma o lançamento do seu novo disco. Intitulado "Amor é Cego", o álbum saltou para a primeira posição do top nacional de vendas.
Entusiasmado com os últimos feitos alcançados, Ralph está já a trabalhar no sucessor de "Amor é Cego", não havendo ainda uma data prevista para a sua edição. O nome, esse, já está escolhido: "Fã é Surdo".
Entusiasmado com os últimos feitos alcançados, Ralph está já a trabalhar no sucessor de "Amor é Cego", não havendo ainda uma data prevista para a sua edição. O nome, esse, já está escolhido: "Fã é Surdo".
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Mudam-se os termos, mudam-se as vontades
Cúmulo da contradição: um daltónico com uma amiga colorida.
Resolução de problemas: incluir código de cores numa das nádegas... ou numa das omoplatas... ou na testa, para o caso do daltónico não passar da fase dos beijinhos!
Resolução de problemas: incluir código de cores numa das nádegas... ou numa das omoplatas... ou na testa, para o caso do daltónico não passar da fase dos beijinhos!
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Novidades velhinhas da Soeiro Pereira Gomes
Teve lugar em Almada, neste fim-de-semana, o congresso do mais antigo partido político nacional, o Partido Comunista Português. Este serviu para reconduzir Jerónimo de Sousa no cargo de secretário-geral, ratificar a constituição do Comité Central e definir a linha de acção comunista nos próximos quatro anos.
O momento dos congressos do PCP que maior polémica cria é aquele em que jornalistas e convidados são... uh... convidados a sair para que o Comité Central seja votado e, por conseguinte, se proceda à eleição do secretário-geral. Longe de olhares e ouvidos indiscretos, não vá o Diabo tecê-las. Passos Coelho anuncio a chegada do "Cornudo" para Setembro e, como estamos quase no Natal e do Belzebu nem o cheiro a enxofre se nota, os dirigentes comunistas estão com a "pulga atrás da orelha", preferindo jogar pelo seguro, fechando-lhe todas as portas, janelas, alçapões e escotilhas.
É evidente que esta é uma justificação completamente absurda e descabida. Se faz algum sentido estarem a inventar coisas destas... Pfff! Querem ocultar o verdadeiro motivo, mas a mim não me enganam. Eu sei muito bem o que se passou depois de terem posto toda a gente na rua e vou partilhar essa informação top secret convosco.
Depois de ter sido reeleito, Jerónimo de Sousa certificou-se que estava tudo fechado a sete chaves e, após essa confirmação, fez sinal a Alexandra Solnado para que começasse a desenvolver o seu trabalho. A medium iniciou os procedimentos necessários para chamar à sala os espíritos que auxiliaram o secretário-geral a definir as directrizes futuras. Chegou o primeiro.
- Camarada, "petanto", Lenine! - saudou Jerónimo - Bem-vindo! Então? Que recomendações tens a fazer?
Uma voz gutural fez-se ouvir na sala:
- Devem matar os czares! Só assim teremos o triunfo final da revolução bolchevique!
- Ó, "petanto", camarada Lenine, nós não temos aqui czares... - lembrou-lhe Jerónimo.
- Não têm? - espantou-se Lenine - Então o que é que têm por cá, para além de pastéis de nata e cocó de cão nos passeios?
- Uh... Temos o D. Duarte Pio, que é o mais aproximado ao czar...
- Quem? Não conheço! Olha, não sei como ajudar. Adeus em russo!
- Mas... "petanto"... Camarada Lenine! - tentou ainda o líder dos comunistas portugueses - Mas...
Foi Alexandra Solnado a interromper:
- Não vale a pena. Perdemo-lo.
Suspirando, Jerónimo fez um gesto agastado na direcção da mulher:
- Chama, "petanto", o camarada Josef, por favor.
Alexandra acedeu prontamente ao pedido e não tardou a ouvir-se nova voz cavernosa:
- Camarada Jerónimo! - exclamou o espírito de Estaline - Em que te posso ser útil, meu amigo? Se for vodka, é só pedir. Lá no Inferno temos muito disso. É para regar as fogueiras que se estão a extinguir. - A voz deu lugar a uma gargalhada sinistra para reaparecer ao fim de alguns segundos - Nem imaginas o espectáculo que é!
- Faço ideia, camarada Josef - replicou Jerónimo, um sorriso amarelo a nascer-lhe no rosto - Mas não, não é nada disso. Queria mesmo era pedir-te uns conselhos para o futuro aqui do PCP para que a coisa alavancasse. Temos eleições autárquicas para o ano e dava-nos jeito ter um resultado que se visse, estás a perceber?
Um silêncio pesado instalou-se durante uns segundos, insinuando que Estaline estava a meditar sobre o assunto. Como o período já se mostrava demasiado longo, Jerónimo decidiu certificar-se que estava tudo em ordem:
- Camarada Estaline?! Estás a pensar?
- Uh... não! Por acaso, adormeci... - reconheceu o espírito de Estaline - Uh... um conselho? Olha, dá caça ao Trotsky!
- Ao Trotsky? - perguntou Jerónimo, num misto de perplexidade com impaciência - Mas esse já foi caçado! E foi por ti!
- Epá, pois foi! - apressou-se o russo a confirmar - Já não me lembrava. Tenho quase 200 anos, que queres tu?! Que te diga o nome da capital da Rússia, não? - Nova pausa - Olha, mata os filhos do Trotsky!
Desta vez foi Jerónimo a deixar o silêncio tomar lugar, dando a entender o desconforto que o que tinha para dizer lhe causava:
- Uh... "petanto"... - gaguejou - Uh... isso... isso não vai poder ser, camarada. - Respirou fundo e retomou a oratória intermitente - É que... é que nós estamos ao lado deles a apoiar um governo que é... "petanto"... é socialista.
- Vocês o quê?! - vociferou Estaline - Cambada de... de... traidores! Rastapaukanovs do caravelhots!
- Mas... mas, camarada - tentou acalmá-lo Jerónimo - Nós... nós...
Foi novamente Alexandra a alertá-lo:
- Já foi. É tempo perdido tentar fazê-lo regressar. Aquele bigode retorcido não deixa margem para dúvidas.
Jerónimo tornou a suspirar, vendo a sua tarefa cada vez mais complicada. Coçou o queixo, meditativo. Depois de uns segundos, exclamou:
- Alexandra, o primo Fidel! Chama-o, "petanto", por favor!
A medium torceu o nariz, em sinal de reprovação:
- Jerónimo, esse morreu no Sábado passado e andou a semana toda em tournée lá por Cuba. Não sei se teve tempo de chegar ao mundo dos mortos.
- É uma questão de extrema importância para a nossa vida - ripostou Jerónimo - "Petanto", chama lá o defunto, se fazes favor! Se ele já estiver disponível, vem de certeza!
Contrariada, Alexandra Solnado lá começou a ensaiar o contacto paranormal. Uma voz arrastada ecoou:
- "Hasta la victoria, sempre!" - gritou Fidel, num castelhano enrolado - Que passa, camarada Jerónimo? Mal me deixaste aqui chegar, hã? Só tive tempo de acender um dos meus habanos ali num archote!
- Desculpa lá, Fidel, mas estou mesmo enrascado! - admitiu o secretário-geral - Preciso de um conselho teu para levar o capitalismo selvagem de vencida e continuar a mostrar que a ideologia comunista tem lugar no mundo contemporâneo.
- Um conselho, caray?! - interrogou o ex-líder cubano - Olha, experimenta calar o pio a esses reaccionários todos que por aí andam! É agarrar neles, encaminhá-los para o alto da Torre de Belém e incitá-los a praticar bungee-jumping, mas sem elástico! Hã? Que tal?
Jerónimo titubeou, pensando na sugestão e confrontando-a com a realidade nacional. Por fim, murmurou:
- Pois... "petanto"... é uma ideia. Mais alguma?
- Outra - empertigou-se Fidel - E não faço mais nada que não seja dar ideias? Deves pensar que não foi isso que fiz até ao último dia... Vai-se a ver e ainda pensas que era o meu irmão que mandava em Cuba, não? Ai, estes portugueses... Mira, quiero quedar-me ahora descansado. Adiós!
Desta feita, Jerónimo não tentou deter o seu interlocutor. Estava resignado à sua sorte. Encolheu os ombros e, acto contínuo, sacou de um velho bloco de notas que trazia no bolso interior do casaco, começando de imediato a ler o que ele continha.
- "Petanto", protestar. "Petanto", a ditadura do proletariado. "Petanto", não à exploração dos trabalhadores. "Petanto"... "petanto"... avante, camaradas!
O momento dos congressos do PCP que maior polémica cria é aquele em que jornalistas e convidados são... uh... convidados a sair para que o Comité Central seja votado e, por conseguinte, se proceda à eleição do secretário-geral. Longe de olhares e ouvidos indiscretos, não vá o Diabo tecê-las. Passos Coelho anuncio a chegada do "Cornudo" para Setembro e, como estamos quase no Natal e do Belzebu nem o cheiro a enxofre se nota, os dirigentes comunistas estão com a "pulga atrás da orelha", preferindo jogar pelo seguro, fechando-lhe todas as portas, janelas, alçapões e escotilhas.
É evidente que esta é uma justificação completamente absurda e descabida. Se faz algum sentido estarem a inventar coisas destas... Pfff! Querem ocultar o verdadeiro motivo, mas a mim não me enganam. Eu sei muito bem o que se passou depois de terem posto toda a gente na rua e vou partilhar essa informação top secret convosco.
Depois de ter sido reeleito, Jerónimo de Sousa certificou-se que estava tudo fechado a sete chaves e, após essa confirmação, fez sinal a Alexandra Solnado para que começasse a desenvolver o seu trabalho. A medium iniciou os procedimentos necessários para chamar à sala os espíritos que auxiliaram o secretário-geral a definir as directrizes futuras. Chegou o primeiro.
- Camarada, "petanto", Lenine! - saudou Jerónimo - Bem-vindo! Então? Que recomendações tens a fazer?
Uma voz gutural fez-se ouvir na sala:
- Devem matar os czares! Só assim teremos o triunfo final da revolução bolchevique!
- Ó, "petanto", camarada Lenine, nós não temos aqui czares... - lembrou-lhe Jerónimo.
- Não têm? - espantou-se Lenine - Então o que é que têm por cá, para além de pastéis de nata e cocó de cão nos passeios?
- Uh... Temos o D. Duarte Pio, que é o mais aproximado ao czar...
- Quem? Não conheço! Olha, não sei como ajudar. Adeus em russo!
- Mas... "petanto"... Camarada Lenine! - tentou ainda o líder dos comunistas portugueses - Mas...
Foi Alexandra Solnado a interromper:
- Não vale a pena. Perdemo-lo.
Suspirando, Jerónimo fez um gesto agastado na direcção da mulher:
- Chama, "petanto", o camarada Josef, por favor.
Alexandra acedeu prontamente ao pedido e não tardou a ouvir-se nova voz cavernosa:
- Camarada Jerónimo! - exclamou o espírito de Estaline - Em que te posso ser útil, meu amigo? Se for vodka, é só pedir. Lá no Inferno temos muito disso. É para regar as fogueiras que se estão a extinguir. - A voz deu lugar a uma gargalhada sinistra para reaparecer ao fim de alguns segundos - Nem imaginas o espectáculo que é!
- Faço ideia, camarada Josef - replicou Jerónimo, um sorriso amarelo a nascer-lhe no rosto - Mas não, não é nada disso. Queria mesmo era pedir-te uns conselhos para o futuro aqui do PCP para que a coisa alavancasse. Temos eleições autárquicas para o ano e dava-nos jeito ter um resultado que se visse, estás a perceber?
Um silêncio pesado instalou-se durante uns segundos, insinuando que Estaline estava a meditar sobre o assunto. Como o período já se mostrava demasiado longo, Jerónimo decidiu certificar-se que estava tudo em ordem:
- Camarada Estaline?! Estás a pensar?
- Uh... não! Por acaso, adormeci... - reconheceu o espírito de Estaline - Uh... um conselho? Olha, dá caça ao Trotsky!
- Ao Trotsky? - perguntou Jerónimo, num misto de perplexidade com impaciência - Mas esse já foi caçado! E foi por ti!
- Epá, pois foi! - apressou-se o russo a confirmar - Já não me lembrava. Tenho quase 200 anos, que queres tu?! Que te diga o nome da capital da Rússia, não? - Nova pausa - Olha, mata os filhos do Trotsky!
Desta vez foi Jerónimo a deixar o silêncio tomar lugar, dando a entender o desconforto que o que tinha para dizer lhe causava:
- Uh... "petanto"... - gaguejou - Uh... isso... isso não vai poder ser, camarada. - Respirou fundo e retomou a oratória intermitente - É que... é que nós estamos ao lado deles a apoiar um governo que é... "petanto"... é socialista.
- Vocês o quê?! - vociferou Estaline - Cambada de... de... traidores! Rastapaukanovs do caravelhots!
- Mas... mas, camarada - tentou acalmá-lo Jerónimo - Nós... nós...
Foi novamente Alexandra a alertá-lo:
- Já foi. É tempo perdido tentar fazê-lo regressar. Aquele bigode retorcido não deixa margem para dúvidas.
Jerónimo tornou a suspirar, vendo a sua tarefa cada vez mais complicada. Coçou o queixo, meditativo. Depois de uns segundos, exclamou:
- Alexandra, o primo Fidel! Chama-o, "petanto", por favor!
A medium torceu o nariz, em sinal de reprovação:
- Jerónimo, esse morreu no Sábado passado e andou a semana toda em tournée lá por Cuba. Não sei se teve tempo de chegar ao mundo dos mortos.
- É uma questão de extrema importância para a nossa vida - ripostou Jerónimo - "Petanto", chama lá o defunto, se fazes favor! Se ele já estiver disponível, vem de certeza!
Contrariada, Alexandra Solnado lá começou a ensaiar o contacto paranormal. Uma voz arrastada ecoou:
- "Hasta la victoria, sempre!" - gritou Fidel, num castelhano enrolado - Que passa, camarada Jerónimo? Mal me deixaste aqui chegar, hã? Só tive tempo de acender um dos meus habanos ali num archote!
- Desculpa lá, Fidel, mas estou mesmo enrascado! - admitiu o secretário-geral - Preciso de um conselho teu para levar o capitalismo selvagem de vencida e continuar a mostrar que a ideologia comunista tem lugar no mundo contemporâneo.
- Um conselho, caray?! - interrogou o ex-líder cubano - Olha, experimenta calar o pio a esses reaccionários todos que por aí andam! É agarrar neles, encaminhá-los para o alto da Torre de Belém e incitá-los a praticar bungee-jumping, mas sem elástico! Hã? Que tal?
Jerónimo titubeou, pensando na sugestão e confrontando-a com a realidade nacional. Por fim, murmurou:
- Pois... "petanto"... é uma ideia. Mais alguma?
- Outra - empertigou-se Fidel - E não faço mais nada que não seja dar ideias? Deves pensar que não foi isso que fiz até ao último dia... Vai-se a ver e ainda pensas que era o meu irmão que mandava em Cuba, não? Ai, estes portugueses... Mira, quiero quedar-me ahora descansado. Adiós!
Desta feita, Jerónimo não tentou deter o seu interlocutor. Estava resignado à sua sorte. Encolheu os ombros e, acto contínuo, sacou de um velho bloco de notas que trazia no bolso interior do casaco, começando de imediato a ler o que ele continha.
- "Petanto", protestar. "Petanto", a ditadura do proletariado. "Petanto", não à exploração dos trabalhadores. "Petanto"... "petanto"... avante, camaradas!
sábado, 3 de dezembro de 2016
Cuidado com a sensação de vitória antes do final da partida
Os serões em família passados em frente à televisão têm o condão de trazer paz e calma ao final de um dia stressante, mas também podem potenciar um tão acalorado debate de ideias que faz parecer o "Prós e Contras" uma troca de mimos azeitada entre um casal que iniciou uma relação amorosa há um quarto de hora. Por norma, em minha casa envereda-se pela segunda opção. Demasiada carne vermelha, dirão muitos. Eu apenas digo: o limite é o contacto físico que o árbitro possa sancionar com cartão vermelho. Até aí, vale tudo.
Ora se a pólvora anda danadinha para saltar fora do barril e entrar em auto-combustão, mais fácil fica ainda quando a discussão gira em torno de uma figura que não é consensual. A propósito do lançamento do seu novo livro, Ricardo Araújo Pereira concedeu uma entrevista a Vítor Gonçalves na RTP3, que considerei muito rica, dada a variedade de temas abordados e ao superior intelecto dos dois interlocutores. Acontece que sou o único fã de RAP aqui em casa e a manifestação de desagrado por vê-lo a ocupar espaço num canal público ganhou forma na voz da minha mãe. Podia ser na voz de Pavarotti, mas ele já morreu e tínhamos aqui um caso paranormal assustador que só poderia ser resolvido com recurso aos dons do professor Alexandrino. Assim foi melhor:
- Não gosto deste gajo. Nunca gostei.
Levantado que ficou o meu sobrolho com a observação, resolvi aprofundar a questão:
- Ah, não? Então porquê, mãe?
- Não sei... - respondeu ela com ar de desprezo, corrigindo a vagueza da primeira resposta com um peremptório... - Acho-o parvo!
- Hum... Então e qual é o humorista que aprecia? - quis eu saber.
- Olha, gosto daquele grandalhão...
Eu sabia a quem se referia, é claro, mas quis retaliar pela falta de respeito que tinha tido por um dos meus ídolos uns segundos antes:
- Quem? O Badaró? Esse já morreu, mãe...
- Não é nada o Badaró! É o... é o...
Ai quiseste achincalhar o grande RAP? Então agora vais ver como elas te trincam no lombo! Não dando margem para assomos repentinos de memória fresca que a salvassem, voltei a carregar:
- O Fernando Mendes? Esse não é grande, mãe. O cu dele é que é maior que a lua cheia, mas ele é baixito...
Já esbaforida, a minha progenitora deixa os olhos subirem para o tecto (não de uma forma literal, claro. Números de faquir não são compatíveis com senhoras habilidosas na confecção de arroz de marisco) e eu começo a esboçar aquele sorriso triunfal de quem se vê a vencer a contenda. Faltava dar a machadada final:
- Também não é esse, pois não? Ah, já sei! É de mim que gosta, não é?
A senhora dona minha mãe respira fundo e solta a revelação:
Não, filho. Também não é de ti...
Da próxima vez que se depararem com um acto que vos pareça tresloucado, perpetrado por alguém que vos pareça um genuíno psicopata, tentem não tecer juízos de valor mal amanhados. É que por detrás dessa loucura aparente pode existir um forte catalisador para a despoletar. Pode haver uma... Está quieto, Óscar! Desculpem lá, este cão anda impossível! Então não estava mesmo agora a lamber o gatilho da minha Kalashnikov? Bem... Onde é que nós íamos mesmo? Ah, sim! Malta que vocês acham parecidos com o Hannibal Lecter, não era?
Ora se a pólvora anda danadinha para saltar fora do barril e entrar em auto-combustão, mais fácil fica ainda quando a discussão gira em torno de uma figura que não é consensual. A propósito do lançamento do seu novo livro, Ricardo Araújo Pereira concedeu uma entrevista a Vítor Gonçalves na RTP3, que considerei muito rica, dada a variedade de temas abordados e ao superior intelecto dos dois interlocutores. Acontece que sou o único fã de RAP aqui em casa e a manifestação de desagrado por vê-lo a ocupar espaço num canal público ganhou forma na voz da minha mãe. Podia ser na voz de Pavarotti, mas ele já morreu e tínhamos aqui um caso paranormal assustador que só poderia ser resolvido com recurso aos dons do professor Alexandrino. Assim foi melhor:
- Não gosto deste gajo. Nunca gostei.
Levantado que ficou o meu sobrolho com a observação, resolvi aprofundar a questão:
- Ah, não? Então porquê, mãe?
- Não sei... - respondeu ela com ar de desprezo, corrigindo a vagueza da primeira resposta com um peremptório... - Acho-o parvo!
- Hum... Então e qual é o humorista que aprecia? - quis eu saber.
- Olha, gosto daquele grandalhão...
Eu sabia a quem se referia, é claro, mas quis retaliar pela falta de respeito que tinha tido por um dos meus ídolos uns segundos antes:
- Quem? O Badaró? Esse já morreu, mãe...
- Não é nada o Badaró! É o... é o...
Ai quiseste achincalhar o grande RAP? Então agora vais ver como elas te trincam no lombo! Não dando margem para assomos repentinos de memória fresca que a salvassem, voltei a carregar:
- O Fernando Mendes? Esse não é grande, mãe. O cu dele é que é maior que a lua cheia, mas ele é baixito...
Já esbaforida, a minha progenitora deixa os olhos subirem para o tecto (não de uma forma literal, claro. Números de faquir não são compatíveis com senhoras habilidosas na confecção de arroz de marisco) e eu começo a esboçar aquele sorriso triunfal de quem se vê a vencer a contenda. Faltava dar a machadada final:
- Também não é esse, pois não? Ah, já sei! É de mim que gosta, não é?
A senhora dona minha mãe respira fundo e solta a revelação:
Não, filho. Também não é de ti...
Da próxima vez que se depararem com um acto que vos pareça tresloucado, perpetrado por alguém que vos pareça um genuíno psicopata, tentem não tecer juízos de valor mal amanhados. É que por detrás dessa loucura aparente pode existir um forte catalisador para a despoletar. Pode haver uma... Está quieto, Óscar! Desculpem lá, este cão anda impossível! Então não estava mesmo agora a lamber o gatilho da minha Kalashnikov? Bem... Onde é que nós íamos mesmo? Ah, sim! Malta que vocês acham parecidos com o Hannibal Lecter, não era?
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
Atenção, atenção! Muito obrigado pela atenção!
Senhoras e senhores, meninos e meninas, cabeçudos e anãs, tenho um importante comunicado a fazer à nação contra-chatesa. Este espaço perdeu o seu lado mais cabreiro. Sim, é verdade. Aqui o menino achou que a chegada às 10 mil visitas (muito obrigado a todos... e uma camisa de forças para cada um) representava o momento ideal para dar mais um passo rumo ao progresso. Não pensem, contudo, que não fui submetido a asfixiante pressão para o fazer, como exporei de seguida.
Antes, tenho a declarar a abertura da página oficial do "Contra chatos" no Facebook. Para quem procura uma justificação plausível para esta tomada de decisão, aviso que não a tenho. No entanto, possuo outra que é bem mais inopinada (que raio de palavra... decomposta, parece "hino à pinada"). É esta: Mark Zuckerberg não descansou enquanto não me teve do lado dos doidinhos facebookianos. Ele foi chamadas, e-mails, cartas registadas, mensagens via correio-pombo e até cegonhas, que não traziam bebés, mas sim compêndios das melhores algazarras da maior rede social da História. Admito: fui fraco e não resisti a esta operação de charme.
Não quer isto dizer que a página venha a possuir conteúdo exclusivo. Aqueles vídeos em Lloret del Mar comigo abraçado a um poste a declarar juras de amor eternas "a ti, Ágata, minha perdição" estão bem guardados e nunca serão divulgados. Todavia, porém, contudo e qualquer outra adversativa da qual não me lembro agora, poderei ser tentado a deixar por lá cair uma piadola que não seja merecedora de se exibir nesta baiuca. Hum? Sentiram-se tentadinhos? Não? E se eu vos oferecer um serviço de loiça chinesa produzido ali nas Caldas da Rainha? Não me fazem um likezito? Ah, seus marotos! Eu sabia que vocês não perdem uma oferta das boas. Melhores, melhores só aquelas da EHS e do Calcitrin, eu sei. Um passinho de cada vez. Hoje loiça chinesa das Caldas, amanhã, uma Simone ou um Malato para pôrem em cima do armário da casa-de-banho.
Como terão oportunidade de reparar, a página não tem foto de perfil. Estou a contar com as vossas propostas para lhe conferir uma imagem condizente com a reputação que o "Contra chatos" já criou, que é de badalhoca para baixo. Assim, peço-vos que façam chegar as vossas ideias via-email nos próximos quinze dias. É que depois mete-se o Natal e eu tenho de trinchar o perú... com dez dias de antecedência. Sim, é isso. Eu podia dizer-vos que isto é uma forma de vos mostrar o quão importantes vocês e as vossas sugestões são para mim, mas não é de nada disso que se trata. Só não me apetece andar por aí feito maluco à procura de uma boa imagem e então deixo-vos essa tarefa.
Este concurso está autorizado pelo Governo Civil da Minha Barraca e atribuirá como prémio um penico com a imagem de Donald Trump no fundo. Será a melhor oportunidade que terão durante toda a vida de cagar no futuro Presidente dos... ai, que me vai saltar o baço pela boca ao escrever isto... dos... dos... oh, vocês sabem de onde é e assim evitam-se espectáculos bizarros. O júri que escolherá a imagem vencedora reunirá grandes vultos da análise semiótica, sendo constituído por mim, pelo Lápis Roído e pelo "King".
Sem outro assunto, despeço-me com amizade e um António Vitorino entre os dedos do pé esquerdo.
Antes, tenho a declarar a abertura da página oficial do "Contra chatos" no Facebook. Para quem procura uma justificação plausível para esta tomada de decisão, aviso que não a tenho. No entanto, possuo outra que é bem mais inopinada (que raio de palavra... decomposta, parece "hino à pinada"). É esta: Mark Zuckerberg não descansou enquanto não me teve do lado dos doidinhos facebookianos. Ele foi chamadas, e-mails, cartas registadas, mensagens via correio-pombo e até cegonhas, que não traziam bebés, mas sim compêndios das melhores algazarras da maior rede social da História. Admito: fui fraco e não resisti a esta operação de charme.
Não quer isto dizer que a página venha a possuir conteúdo exclusivo. Aqueles vídeos em Lloret del Mar comigo abraçado a um poste a declarar juras de amor eternas "a ti, Ágata, minha perdição" estão bem guardados e nunca serão divulgados. Todavia, porém, contudo e qualquer outra adversativa da qual não me lembro agora, poderei ser tentado a deixar por lá cair uma piadola que não seja merecedora de se exibir nesta baiuca. Hum? Sentiram-se tentadinhos? Não? E se eu vos oferecer um serviço de loiça chinesa produzido ali nas Caldas da Rainha? Não me fazem um likezito? Ah, seus marotos! Eu sabia que vocês não perdem uma oferta das boas. Melhores, melhores só aquelas da EHS e do Calcitrin, eu sei. Um passinho de cada vez. Hoje loiça chinesa das Caldas, amanhã, uma Simone ou um Malato para pôrem em cima do armário da casa-de-banho.
Como terão oportunidade de reparar, a página não tem foto de perfil. Estou a contar com as vossas propostas para lhe conferir uma imagem condizente com a reputação que o "Contra chatos" já criou, que é de badalhoca para baixo. Assim, peço-vos que façam chegar as vossas ideias via-email nos próximos quinze dias. É que depois mete-se o Natal e eu tenho de trinchar o perú... com dez dias de antecedência. Sim, é isso. Eu podia dizer-vos que isto é uma forma de vos mostrar o quão importantes vocês e as vossas sugestões são para mim, mas não é de nada disso que se trata. Só não me apetece andar por aí feito maluco à procura de uma boa imagem e então deixo-vos essa tarefa.
Este concurso está autorizado pelo Governo Civil da Minha Barraca e atribuirá como prémio um penico com a imagem de Donald Trump no fundo. Será a melhor oportunidade que terão durante toda a vida de cagar no futuro Presidente dos... ai, que me vai saltar o baço pela boca ao escrever isto... dos... dos... oh, vocês sabem de onde é e assim evitam-se espectáculos bizarros. O júri que escolherá a imagem vencedora reunirá grandes vultos da análise semiótica, sendo constituído por mim, pelo Lápis Roído e pelo "King".
Sem outro assunto, despeço-me com amizade e um António Vitorino entre os dedos do pé esquerdo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)