terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O futebol em Almada joga-se com qualquer bola

A actualidade é um cavalo de corrida e os temas sobrepõem-se uns aos outros como sacos de ração necessários para alimentar esse animal. É por esta razão que só hoje escrevo sobre o que se passou em Almada com aquele entusiasmado grupo de jovens. Por isso e por causa de um derrame na vista provocado pelas imagens do caso passadas em loop até há coisa de 7 minutos atrás.
Eu penso que se exagerou nas considerações tecidas a respeito da coisa. Para mim, foi tudo demasiado empolado quando se percebe nitidamente que aquilo não foi mais que um terrível engano. É quase criminoso que se diga que se tratou de um espancamento cobarde e vil quando estamos a falar, isso sim, de uma peladinha entre amigos. O problema ali foi o grupo de rapazes, que só queria divertir-se um bocadito, ter confundido a cabeça de um desgraçado com uma bola. Acho que é o único motivo plausível para a quantidade de petardões de força aplicada na cachimona do puto. É que eu já vi derbies entre Benfica e Sporting nos quais houve menos empenho dos jogadores em lances de bola dividida. Mais convencido da teoria da confusão entre a cabeça e a bola fiquei quando ouvi os comentários durante a reprodução do vídeo. Só podia ser futebol quando alguns dos assistentes do desafio tecem as seguintes considerações: «dá mais, dá mais, dá mais!»; «vai lá, vai lá» (incitando os jogadores a aplicarem-se a fundo) e «olha aí!» (na tentativa de alertar um dos intervenientes para o facto de estar a deixar escapar a bola). Estou em crer que estas vozes eram dos treinadores da equipa, que, apesar de ser a feijões, queriam a vitória no jogo. Não é futebol? Como assim, não é futebol? Então eu até ouvi um dos suplentes, mal contendo a vontade de participar no jogo, gritar «eu também quero dar um bico»! Em que outra ocasião se aplica esta expressão que não seja numa futebolada entre amigos? Excluindo a produção de filmes pornográficos em Alfornelos, nenhuma. Há quem diga que o futuro daqueles rapazes não será bonito, mas eu tenho de discordar novamente. Qualquer olheiro de um grande clube percebe que existe ali talento e, desconfio, podemos ter assistido a um momento histórico: a primeira exibição de um novo Eusébio.
Falando um bocadinho mais a sério (mas não muito), aquela escumalhazinha (E aplica-se o diminutivo porque os putos nem idade têm para ser escumalha a sério) devia ter vergonha do que fez. No entanto, não só cometem actos repugnantes como ainda se orgulham deles, ao ponto de colocá-los a circular na Internet. Antigamente, quando eu era criança, uma coisa destas era quase como soltar gás metano pelo ânus (leia-se, dar uma bufa). O cheiro ficava no ar e o infractor pedia a todos os santinhos que ninguém percebesse que tinha sido ele a abrir-se. Agora? Agora é diferente. O artista caga-se com estrondo, sorri, levanta o braço em sinal de orgulho e,se necessário for, ainda exibe as cuecas borradas para que não restem dúvidas sobre a autoria do "feito". Continuem, pá! A polícia agradece essas manifestações de alegria. Fica mais fácil deitar-lhes a unha.

15 comentários:

  1. A brincar se dizem coisas sérias.
    Só não percebi a última parte, sobre a polícia...
    Que importa deitar-lhes a unha, se eles chegam a casa mais depressa do que o agente que ficou a preencher papelada?!...
    Para ser franco, vejo o telejornal de costas e nem me dei ao trabalho de me virar. Já se sabe que é mais do mesmo e estou convencido que até a justiça vai achar que não vale a pena perder tempo. Afinal é a mesma justiça que julga os pais que cometerem o crime de afinfar umas lambadas nos filhos, não vão os "meninos" ficar traumatizados. :/

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    1. A vantagem é que, com a estupidez de colocarem o vídeo na net, a polícia nem precisa de correr atrás deles. Basta olhar com mais atenção e identificar os meninos. Depois é só tocar à porta da casa dos pais que, lá está, não souberam dar umas lambadas nestes campeões em tempo útil. É pena que a descrença na justiça seja tão grande, mas é compreensível. O cheiro da impunidade anda no ar e infesta tudo ao longo de 900 quilómetros.

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  2. Sou sincera...já nada me espanta! O que não quer dizer que não me indigne!

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    1. E acho muito bem que te indignes. Acho que no dia em que não nos indignarmos com isto já não andamos a fazer nada de útil neste mundo.

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  3. Eu nem sei muito bem o que dizer. Sei que começei a ver as imagens e não consegui ver até ao fim! A crueldade, a violência, o pensar que era uma atitude normal, tal e qual um jogo de futebol! Que sejam julgados, sim, como adultos que são.... Não são crianças!
    Beijinhos

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    1. King, o que é feito de ti?! Saudades...

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    2. Querida, o "King" teve problemas técnicos que só muito recentemente conseguiu resolver. Mi aguardji =P Beijinhos

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  4. este mundo vai de mal a pior... joguinhos de futebol pois claro..

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    1. São fraquitos a escolher o esférico, temos de reconhecer...

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  5. Apesar de ser contra as filmagens porque é por exibição, eu digo: ainda bem. Porque assim se apanha!

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    1. e, neste caso em particular, o exibicionismo deu um jeito do caraças!

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  6. Confundir uma cabeça com uma bola é algo muito típico... Isto vai de mal a pior.

    r: Não tentes disfarçar, bem sei que pintas as unhas todos os dias ahahahah

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    1. Oh, até parece que isto é novidade para ti... O que fizeram o Bruno Alves e o Jorge Costa durante anos? =P

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  7. Não conhecia o teu blogue e só pelo nome já fiquei fã.

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    1. Foi fruto de um brainstorming longuíssimo enttre mim, eu e eu próprio =P Sê bem-vinda então =)

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Se vêm para contestar, fiquem quietinhos e caladinhos. Isto não é minimamente democrático e quem manda aqui sou eu! Por isso, só são permitidos afagamentos de ego, mas com jeitinho! Demasiada fricção deixa-me o pelo eriçado, tipo gato assanhado. Não é bonito!